A PERSISTÊNCIA DO CRENTE NA SALVAÇÃO DE ALMAS

Alberto – moço rebelde, irritadiço, pessimista, dado a vícios e descrente em Deus
Carlos – jovem crente, ansioso por salvar almas a Cristo, disposto a arriscar a vida por isso
A história se desenrola de maneira agressiva e provocativa.

Peça de 1955, que até hoje 65 anos depois, adolescentes da época lembram dela, apresentada na Igreja Batista da Floresta em Porto Alegre/RS, do tiro, da falta do braço…

PERSONAGENS: Alberto – moço rebelde dado a vícios e descrente em Deus
Carlos – jovem crente ansioso por salvar almas a Cristo
Outro ator – Papel de policial e carcereiro

ATO I

Uma sala modestamente mobiliada em cujo o interior se encontra Alberto, monologando.
ALBERTO: Tudo na vida, me é adverso, todos meus empreendimentos têm sido derrotados, todas as minhas ilusões têm sido desfeitas, os entes mais queridos, tenho perdido. *(Lê o que diz no livro A Vida e Seus Problemas, pg 32) O que é a vida? É este eterno sofrer?
Batem na porta. Alberto levanta-se e abre-a. É Carlos, seu vizinho que o cumprimenta e pede licença para entrar.
CARLOS: Não sei se o senhor já sabe que sou o novo vizinho ao lado. Mudei-me a poucos dias, e, teria muito prazer em iniciar, com essa nossa vizinhança, uma sólida amizade.
ALBERTO: Eu, por mim não tenho nenhum interesse em aumentar ou diminuir minhas relações, seja com vizinhos, seja com estranhos, a vida tem se encarregado de tornar-me indiferente a sociabilidade.
CARLOS: Pelo que vejo o amigo tem algum problema a resolver?
ALBERTO: (Com ênfase) Problema? Problema é a própria vida com todas suas misérias…
CARLOS: (Com carinho) O amigo já pensou para onde irá após deixar esta vida de misérias no seu dizer? Que destino tens preparado para tua alma?
ALBERTO: (Gritando) Basta! Basta os meus problemas! Problemas bem íntimos para você vir com superstições tolas de Almas e Destinos, se soubesse que sois tão ignorante não teria permitido a vossa entrada em minha casa, e se é isto que vieste aqui fazer, a porta da minha casa está aberta.
CARLOS: (Com brandura) Mas permita-me amigo, que vos diga, que vossa atitude franca e desesperadora, tornou-me um seu amigo sincero e interessado em vossa salvação, ponho neste momento meus préstimos ao vosso favor.
ALBERTO: (Com raiva) O melhora favor que podes me prestar, é sair daqui, o mais depressa possível, antes que eu cometa um desatino.
CARLOS: (Levantando-se para sair) Respeito vosso sentimento, e reconheço vossa dor, mas prometo que hei de fazer de tudo para levá-lo aos pés de Cristo, nem que seja preciso eu arriscar a própria vida.
ALBERTO: Saia, saia!!!
CARLOS: (Saindo) Passe bem, amigo!
ALBERTO: Desapareça!

FECHA-SE O PANO

ATO II

Um balcão, imitando um bar, onde se vê um copo com aguardente (imaginária), em cujo local se vê Alberto procurando na bebida esquecer seu destino.
ALBERTO: (Monologando) A vida é um gemido que começa no bercinho de rendas e termina num túmulo florido. (continua bebendo)
CARLOS: (Entrando por acaso e diz a Alberto) Boa tarde amigo! Vi-o da rua e resolvia aproximar-me, para ver se posso ajudar em alguma cousa.
ALBERTO: Já lhes disse uma vez e agora repito, o melhor que você pode fazer é deixar-me em paz.
CARLOS: Deixá-lo em paz? Mas, que paz você goza? Se sei que você não é alcoólatra e no entanto está procurando na bebida uma paz falsa.
ALBERTO: (com raiva) Proíbo-o de dirigir-se a mim sob pena de tirá-lo a própria vida.
CARLOS: A ameaça não intimida um crente, a timidez é própria dos covardes e um crente nunca é um covarde.
ALBERTO: (Puxando um revolver e atirando diz:)Então toma importuno!
CARLOS: (Caindo e levando a mão no ombro) Ahhh…
Entra um guarda apitando e prendendo Alberto diz:
POLICIAL: Você está preso em nome da lei.

FECHA-SE O PANO

ATO III

Uma sela e em seu interior vemos o presidiário 370, ou seja, Alberto deitado em um castro.
ALBERTO: (Sentando-se) Como é feliz quem goza a liberdade! Feliz? O que é felicidade? Se eu era livre e não gozava da felicidade? O que é a vida afinal? Tenho culpa de ter nascido? Vim ao mundo por livre e espontânea vontade? Ou terá aquele crente que eu feri, razão com sua paz verdadeira? Não! Não! Tudo é imaginação! (Senta-se com a cabeça entre as mãos)
CARCEREIRO: (Aparecendo) 370! 370! Visita para você! (dirigindo-se a visita) Tenha bondade!
CARLOS: Boa tarde amigo! Só agora pude vir visitar-te pois recebi alta do hospital ontem.
ALBERTO: (Com admiração) Você!!!
CARLOS: Sim amigo, não é a perda de um braço que vai afastar-me da salvação de uma alma. Cristo deu a própria vida para salvar-me. Eu era um perdido como você, Cristo ofereceu-me a sua vida pura e santa pela minha salvação. E eu hoje bendigo aquele tiro que obrigou-me a perda de um braço por sua salvação.
ALBERTO: (Com desespero) Guarda! Guarda! Leve este homem daqui antes que ele me enlouqueça!
Sai o guarda levando o Carlos
ALBERTO: Terá este razão? Existe mesmo este Deus salvador? (caindo de joelhos diz em voz alta) Oh Deus, se é que tu existes ajuda-me Senhor tem misericórdia de um pecador.

FECHA-SE O PANO

ATO IV

A mesma sala inicial do primeiro ato
ALBERTO: (Acha-se sentado com a bíblia na mão) Sim foi este o melhor presente que ganhei em toda a minha vida. A bíblia. (Lê João 3:16) Só hoje compreendo o que é a vida feliz e venturosa do crente, ele vive pelo que há de gozar no céu pela promessa de Jesus Cristo.
Batem na porta e Alberto paulando para ir abrir.
ALBERTO: Carlos, meu grande amigo! Graças a Deus você veio ver-me, sai ontem da cadeia e sou um novo homem!
CARLOS: (Admirando) Graças a Deus você disse? Terá Deus atendido minhas orações?
ALBERTO: Sim. Graças a Deus hoje sei o que é vida, ela pra mim não tem mais problemas, Jesus Cristo resolveu todos os meus problemas.
CARLOS: (Caindo de joelhos e elevando os olhos ao céu) Graças te dou meu Deus porque usaste este servo como instrumento para a salvação desta alma querida. (Levantando-se despede-se de Alberto) Bem, vou continuar munha jornada, amigo.
ALBERTO: (Admirado) Já vai? Que pressa é essa?
CARLOS: Sim, meu irmão, tu já estás salvo e eu tenho outros vizinhos que vivem na miséria do pecado e ainda tenho um braço para perder por amor de uma alma que queira aceitar Jesus Cristo.

FIM
*Nota: O livro citado não encontrei, mas seria esta uma frase do autor do mesmo “Sinto-me deveras otimista quanto ao futuro do pessimismo.”
Como sugestão para ser lido, é de Eclesiastes 1: 3 a 11, mas Alberto não sabe ser da Bíblia.
“Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol?
Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece.
Nasce o sol, e o sol se põe, e apressa-se e volta ao seu lugar de onde nasceu.
O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos.
Todos os rios vão para o mar, e contudo o mar não se enche; ao lugar para onde os rios vão, para ali tornam eles a correr.
Todas as coisas são trabalhosas; o homem não o pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir.
O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol.
Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Já foi nos séculos passados, que foram antes de nós.
Já não há lembrança das coisas que precederam, e das coisas que hão de ser também delas não haverá lembrança, entre os que hão de vir depois.”
Peça escrita e interpretada em 1955, pelo avô do autor(Davi Kindlein Romio) do site Teatro Cristão

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