MONÓLOGO PERDÃO

O personagem está acorrentado.
Preso por mágoas.
Ele expõe sua história, mostrando que achou uma “zona de conforto” numa prisão voluntária aos fatos do passado.
Constantemente remoendo cada sofrimento.
A peça não mostra um “final feliz”, o espectador é convidado a abandoná-lo ali.

O que foi?
Porque vocês estão me olhando assim?
Parece que nunca viram alguém assim, todo amarrado…
Podem ter certeza: Não é fácil ficar aqui, deste jeito. Todo amarrado, um dia, outro dia e mais outro dia… sempre aqui, amarrado.
E você me olhando deste jeito aí não está me ajudando em nada.
Bem, eu sei o que vocês estão pensando. Estão pensando que eu não precisaria ficar nestas condições aqui.
Estão pensando que eu poderia agir de outa forma.
Bem, é verdade poderia ser diferente.
Mas eu não quero! Eu não quero que as coisas sejam diferentes!
Estou aqui amarrado, deste jeito e é assim que eu quero ficar.
Eu já estou acostumado.
Me deixa assim, aqui.
Tá, agora vocês estão achando que é loucura. Tá achando que eu fiquei maluco.
Bem, talvez vocês também sejam um pouco louco.
Eu quero dizer, já não aconteceu com vocês de se sentirem presos sem conseguir abrir mão de alguma coisa.
Incapaz de evitar que algo acontecesse?
Impotente preso na sua própria dor?
Preso por mágoas a pessoas do passado.
Então, por que eu iria tentar me libertar?
Pra vir alguém e me ferir novamente?
Pra dar a chance de ser ofendido? Pra sentir ainda mais dor?
Não, obrigado
Olha, pode até ser que eu esteja prendendo a mim mesmo, posso até ser considerado doido.
Mas assim me sinto seguro.
Estou protegido
Não estou mais vulnerável.
E quer saber?
Já me acostumei.
Acredite em mim. Eu aprendi do jeito mais difícil.
Eu costumava ser livre.
Livre para confiar.
Agora não!
Depois do que fizeram comigo, nunca mais.
Na história de vocês pode ter alguma diferença, mas só nos detalhes… No fundo sempre acontece a mesma coisa.
Um abandono, uma violência, uma indiferença… Coisas assim.
Minha esposa me abandonou. Eu confiava e amava ela. Foi muito cruel.
Meu padrasto era violento, quando bebia.
Minha mãe vivia tão bêbada que era improvável lembrar de qualquer coisa. Nem dos filhos ela lembrava.
Hoje eu preciso deles pra poder lembrar o porquê estou aqui.
Eu não posso permitir que eles esqueçam.
Eu não posso me permitir esquecer.
Por quê?
Porque eles me magoaram.
Eu amava eles.
Eles me magoaram.
Como alguém pode simplesmente deixar isso passar… Anh?
Você está entendendo agora?
Eu não posso confiar numa pessoa ou em qualquer coisa de novo!
Não. Eu não consigo me desamarrar.
Eu não consigo confiar.
Eu não vou.
Eu não quero!
Não agora.
Este lugar eu conheço bem. É como a minha casa.
Nas paredes minha mente tem registradas imagens de cada um, imagem de cada dor. Cada mágoa está esculpida aqui.
Não posso sair.
Quem poderia ficar remoendo as lembranças por mim?
Não.
É melhor pra mim permanecer aqui.
Vocês podem ir.
Não precisam se preocupar comigo, vou ficar bem.
É melhor pra mim ficar aqui.
Eu pertenço a este lugar
Me acostumei.
Podem ir.

FIM

Textos recomendados para fazer parte de um debate após a apresentação:

Portanto, como povo escolhido de Deus, santo e amado, revistam-se de profunda compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência.
Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem como o Senhor lhes perdoou.
Acima de tudo, porém, revistam-se do amor, que é o elo perfeito.
Colossenses 3:12-14

E quando estiverem orando, se tiverem alguma coisa contra alguém, perdoem-no, para que também o Pai celestial lhes perdoe os seus pecados”.
Mas se vocês não perdoarem, também o seu Pai que está no céu não perdoará os seus pecados.
Marcos 11:25,26

Tomem cuidado. “Se o seu irmão pecar, repreenda-o e, se ele se arrepender, perdoe-lhe.
Se pecar contra você sete vezes no dia, e sete vezes voltar a você e disser: ‘Estou arrependido’, perdoe-lhe”.
Lucas 17:3,4

Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça.
1 João 1:9

Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores.
Pois se perdoarem as ofensas uns dos outros, o Pai celestial também lhes perdoará.
Mas se não perdoarem uns aos outros, o Pai celestial não lhes perdoará as ofensas”.
Mateus 6:12, 14 e 15

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