SAPOS OU ISAQUE?

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Alice, 15 anos, vivendo ansiosa, deprimida, decepcionada…
O seu príncipe encantado não apareceu.
Só tem sapo, até quando?
Terá a Alice que beijar muitos sapos?
E os pais desta adolescente, o que representam pra ela?
Não seria melhor sonhar com um Isaque como o de Raquel?

PERSONAGEM:
ALICE
CENÁRIO: Quarto de Alice. Nele há uma cama com muitos bichinhos de pelúcia. Alice está sentada com um imenso sapo de pelúcia no colo.
NARRADOR: Era uma vez uma princesa.
Mas essa princesa era diferente das outras, ela não sabia que era princesa.
Ela vivia uma vida de plebeia.
Seu nome era Alice.
Não a Alice do país das maravilhas. Era uma Alice que não sabia observar as maravilhas que o Senhor criou.
Alice já se achava uma mocinha, afinal, ela já tem quase quinze anos.
Ela sonha com um príncipe encantado.
Tem esperanças de que um dia ele chegue montado num cavalo branco.
Ele a libertaria da torre, no caso seu quarto que ficava no segundo piso.
A libertaria do dragão, ou melhor, o pai da mocinha.
Ele a apanharia nos braços e lhe daria um beijo de cinema, a colocaria na garupa do cavalo e a levaria para morar num castelo, numa terra bastante distante.
ALICE: Eu não quero que a terra seja muito distante.
Quero poder visitar minhas amigas.
Tenho que ter alguém para invejar minha coroa.
Se sobrar tempo venho visitar meus pais.
Também, se a terra for muito distante vai inviabilizar a viagem a cavalo. (Pequena pausa)
Tá decidido!
Não quero uma terra muito distante. Eu quero um castelo numa grande avenida e no centro da cidade.
Meu príncipe vai ter que pagar o preço para se casar comigo.
Um castelo no centro da cidade vai ser um belo começo para ele demonstrar seu amor.
E já vou avisando: comigo o príncipe vai ter que “calçar por número”. Eu vou ter sempre um rolo de macarrão às mãos. (Pensativa)
Hum! Será que princesa tem rolo de macarrão.
Puxa! Mas como será que uma princesa se vira quando tem uma discussão mais calorosa com o marido?
Será que rolo de macarrão não é coisa de pobre?
Não tem problema. Mando fazer o meu de ouro com brilhantes.
Para combinar com a minha coroa.
NARRADOR: Só que como uma adolescente que se preze ela tinha uma lista de possíveis príncipes.
Começava com o menino que ocupava o topo da lista.
Essa lista era bastante longa e terminava no nome que ela considerava o mais desprezível.
Esse nome pertencia a um menino que só numa emergência ela toparia casar com ele.
ALICE: (Pensativa) O Gilberto?
É… melhor com ele do que ficar solteirona. (Pega o sapo e abraça-o com força)
Eu preferiria o Celso.
Ele, sim, tem pinta de príncipe.
Amo aquele furinho no queixo.
O Clóvis tem corpão atlético. Joga basquete.
Talvez ele seja um pouquinho alto para um príncipe.
Agora, se é inteligência que estou procurando, boa pedida seria o Tomás.
Ter filhos com ele seria garantir uma descendência de gênios.
Poxa! Pena que nenhum deles sabe que eu existo.
Só o Nicanor. Mas quem é que quer o Nicanor? (Abraçando novamente o sapo)
Só você me entende, meu sapo.
Eu te amo! (Beija o bichinho de pelúcia na boca)
Bem que você poderia se transformar num príncipe. (Arremessando-o com violência no chão)
Mas você não passa de meu sapo cururu. (Indo apanhar o sapo) (Com meiguice)
Você se machucou?
Meu sapo, se transforme num príncipe, por favor! (Pensativa)
Hum! Se você é meu príncipe, preciso te dar um nome.
Que nome poderia ser? Celso?
De jeito nenhum. Ele vai se achar. (Para o sapo)
Não você, meu Celsinho! É-é, digo, meu sapinho.
Já sei! Poderá ser Isaque.
O Isaque da Bíblia.
A história dele e Rebeca é linda.
Ele amou muito sua esposa.
Eu serei Rebeca. (Cobre-se com alguma coisa que encontra na cama, poderá ser um lençol)
Eu, toda coberta, a caminho do encontro com o meu Isaque. (Descobrindo-se)
Que bom seria se Deus me desse o meu Isaque.
Eu quero me casar.
Não quero aprontar nada.
Não quero ficar mal falada.
Só quero me casar. Será que é pedir demais?
NARRADOR: Nossa princesa está se sentindo só.
A solidão a deprime.
Na verdade havia alguma coisa escondida por trás de tudo isso.
ALICE: Senhor, minha vida é um inferno.
Meus pais brigam demais.
Brigam na minha frente.
Brigam na frente de minhas amigas.
Meu pai é violento comigo. Me agride com palavras que doem mais do que uma surra.
Eu não aguento mais essa vida.
Já pensei em até me matar.
NARRADOR: Alice, princesa, não fala assim.
Temos que orar mais pelos nossos pais.
Se a vida com eles está difícil, só Jesus pode nos ajudar.
ALICE: Eu quero me casar.
Quero viver longe de meus pais.
Eu sei que terei uma vida muito mais feliz.
Eu não aguento mais meus pais.
NARRADOR: Nossa princesa está confusa.
Quer se livrar de um mau relacionamento com os pais e entrar num outro que durará pelo resto de seus dias.
ALICE: Me caso. Se não der certo me separo.
NARRADOR: Não pensa assim, Alice.
Deus não planejou o casamento dessa forma.
E se você tiver filhos?
ALICE: E se eu tiver filhos?
Me separo e exijo pensão. (Desanimada)
Mas não é isso que eu quero da minha vida.
Nos contos de fadas príncipes e princesas não se separam.
NARRADOR: Não só nos contos de fadas, mas também nos casamentos no padrão bíblico.
ALICE: E meu Isaque?
Mas esperar em Deus parece tão difícil.
Ter um relacionamento segundo os padrões de Deus… eu pela fé me tornar uma Rebeca e esperar meu Isaque.
Isso parece ridículo.
Menos ridículo é eu beijar o meu sapo.
Mas fé em que fundamentos eu me agarro que beijando esse anfíbio me tornarei membro da realeza?
E a fé de que Deus providenciará o meu Isaque?
Pelo menos essa fé é baseada na palavra de Deus.
Acho que só essa fé é que me dará forças para esperar meu príncipe Isaque.
Quero me tornar uma Rebeca pura.
Não quero mais aqueles pensamentos de até me suicidar porque um garoto me deu um fora.
Mas antes deixar escrito uma carta indicando o nome do menino culpado pela minha morte.
Que pensamento besta!
NARRADOR: Não está na hora de abandonar os seus sapos?
ALICE: Acho que está na hora de abandonar meus sapos.
Não quero mais ser como aquelas garotas que beijam um, beijam outro e nenhum se transforma em príncipe.
Relacionamentos sem compromisso. O “ficar”.
NARRADOR: O “ficar” nunca foi plano de Deus.
ALICE: A lagoa está repleta de sapos que beijam e se deixam beijar.
Mas o Isaque com certeza não vai estar na lagoa.
Mas o que faço com minha família enquanto eu espero o Isaque me encontrar?
E se meus pais continuarem a me dizer desaforos?
Que tal se minha mãe envenena o chá de meu pai?
E se minha vida a cada dia piorar?
NARRADOR: Você tem que orar. Deus não a deixará carregar o fardo sozinha.
ALICE: Eu devo orar.
Com oração tudo tende a melhorar.
E se nesse tempo aparecer um príncipe oferecendo a garupa de seu cavalo… vou ter que rejeitar.
Meu príncipe poderá voltar a ser sapo.
Sei que daqui a pouco o meu Isaque vai chegar.
E nós dois juntos vamos cavalgar.
NARRADOR: Deus um dia vai enviar o Isaque. E os dois vão viver felizes para sempre.
(Cortina.)
FIM

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