Luiz tenta afogar as mágoas num bar.
Um pastor de ovelhas(chama Luiz de ovelha) tenta levá-la ao rebanho.
Atriz, fantasiada de ovelha chega no bar, pois o carro quebrou, convida Luiz pra representar outra ovelha
O personagem fantasiado de Lobo vai ao bar beber e o convida para uma festa com emoções mais fortes…
Luiz pede socorro
TEXTO REGISTRADO no Escritório de Direito Autoral
Luiz está num balcão de bar bebendo.
LUIZ: Bota mais uma aí, Zé!
Um indivíduo vestido de “pastor de ovelhas”, com um cajado na mão, entra em cena.
“PASTOR”: Você é uma ovelha!
Luiz o ignora
“PASTOR”: Ei, não está me ouvindo?! Você é uma ovelha!
LUIZ: Mais um bêbado…
“PASTOR”: É, você mesmo! E não se faça de desentendido!
LUIZ: Tanto bicho para você me comparar. Logo uma ovelha… Se ainda fosse um bode, porque eu estou bebendo feito um…
“PASTOR”: Ahhh! E ainda por cima está ferida! Eu conheço esse modo de berrar!
LUIZ: E eu lá estou berrando, ô velhote? Dá um tempo e me deixa aqui afogar minhas mágoas nessa água que ovelha não bebe!
“PASTOR”: Mais um berro de ovelha não tão alto quanto um rugido de leão. Nem tão grave como um urro de um urso. Assim como esse seu berro. Poucos escutam. Talvez somente os pastores, como eu. Vem, vou levá-lo de novo para o seu rebanho…
LUIZ: Ô velho, agora você está passando dos limites. Me deixa aqui. Eu lá tenho cara de ser adepto à cultura de rebanho. Ainda mais de ovelha! Ô bichinho submisso! Adoram ficar com a cabecinha baixa, sem jamais endurecer a cerviz!
“PASTOR”: Ah, o seu jeito de falar te denuncia. Você sabe muito bem que você não é daqui e nem vai conseguir sobreviver muito tempo fora do seu rebanho e longe do seu pastor.
LUIZ: Pastor? Meu velho, eu lá preciso de alguém para me guiar. Homens que se prezam se viram sozinhos! Homens que se prezam estão mais para cobras do que para ovelhas. Você já viu que uma cobra não fica nem duas horas perto de sua progenitora ao nascer. Logo, logo, as cobrinhas se emancipam, se tornam independentes. Largam suas respectivas mães e vão à luta!
“PASTOR”: Mas nessa luta, você está mais com cara de derrotado do que com cara de quem sabe encarar a luta sozinho.
LUIZ: Ora, quer saber de uma coisa? Antes só do que mal acompanhado!
Luiz afasta o velho pastor caracterizado de sua companhia, o retirando do bar.
LUIZ: Dá licença, velho. Não estamos nem no carnaval para você ficar fantasiado assim pela rua. Quando chegar essa época, você se veste assim que vai fazer o maior sucesso!
Luiz volta para o balcão do bar.
LUIZ: É mole, Zé?! Se ainda não bastasse a perturbação do meu trabalho, ainda tenho que aturar maluco.
Luiz prossegue bebendo, quando entra uma jovem vestida de ovelha.
LUIZ: Opa! Agora sim eu quero ser ovelha. Mas ovelha macho! Olha só, rapaz. Será que está acontecendo um baile à fantasia aqui perto e ninguém me avisou? Zé! Segura as pontas aí que eu já volto!
LUIZ: (se aproximando) Bééééééé!
“OVELHA”: Que isso? Um bode?
LUIZ: Poxa, estou querendo estabelecer uma comunicação e é assim que você me trata?
“OVELHA”: Ah, moço! Me desculpe! Estou tão chateada! Sabe o que aconteceu. Eu faço teatro, sabe…
LUIZ: É… Acho que está dando para perceber.
“OVELHA”: Pois é. Então o nosso carro quebrou devido a uma batida forte. Mas o pior é que estávamos quase chegando no local da apresentação. O meu marido, sabe, é que iria fazer o papel da outra ovelha, pois se trata de um diálogo e…
A ovelha tem um insight.
“OVELHA”: Espere aí. Acho que o senhor pode me ajudar.
LUIZ: Eu? Como assim?
“OVELHA”: Meu Deus, só pode ser coisa do Senhor. Olha só, o outro papel, como eu já disse, é de uma outra ovelha. Só que essa outra ovelha é uma ovelha ferida, que conversa com outra que não está ferida. E o senhor cabe muito bem no papel de ovelha ferida.
LUIZ: (constrangido) E por que você acha que eu caberia bem nesse papel de ovelha ferida.
“OVELHA”: Ora, porque o seu rosto está tão abatido que parece que o senhor estar decepcionado com tudo e com todos. Essa expressão encaixa perfeitamente nesse personagem. Ah, vai, por favor, meu Senhor! É por uma boa causa. E olha só o seu estado. Parece estar longe de casa há mais de uma semana. Está perfeito para o papel de ovelha ferida. Fora esse cheiro…
LUIZ: Olha aqui? Você está me chamando de gambá?
“OVELHA”: Não, mas… é quase isso…
LUIZ: Quase isso como assim?
“OVELHA”: É que quando uma ovelha se perde, geralmente ela fica perto de animais que têm um odor diferente do dela, e aí ela se incomoda de tal maneira que berra ainda mais.
LUIZ: E eu por acaso pareço estar incomodado com o local onde eu estou?
“OVELHA”: Bom, parece que sim…
LUIZ: Ah é? Pois veja bem. Eu vou te mostrar que eu não estou nem um pouco incomodado! Quer ver só!
Luiz vai até o balcão, enche seu copo com um traçado, se aproxima da “ovelha” e, num trago só, bebe tudo para afrontar a jovem.
LUIZ: E aí?! Eu me pareço incomodado?
Ambos permanecem uns instantes em silêncio.
“OVELHA”: Bom, se não está incomodado, por que essa lágrima acabou de sair dos seus olhos?
“Ovelha” sai de cena. Luiz permanece, voltando, agora entristecido, para o balcão, bebendo ainda mais..
“Lobo” entra em cena e se aproxima do balcão.
“LOBO”: Ô meu filho! Vê se traz logo a bebida mais forte que você tem aí que eu estou uivando de raiva!
LUIZ: Ai meu Deus. Mais um…
“LOBO”: (com raiva) Mais um o quê?
LUIZ: Bom… Não vai dizer que você também faz parte do elenco do grupo de teatro que vai fazer uma peça…
“LOBO”: Que peça?! Que peça, meu filho? Estava num baile à fantasia que está sendo realizado aqui perto. Muita comida, muita mulherzinha, mas só estavam servindo cerveja. Sabe como é, não gosto de bebida fraquinha…
LUIZ: Ah, eu também não. Olha só o que eu estou tomando. Cachaça da boa.
“LOBO”: Ah! Esse é dos meus! Isso aí, meu filho! Isso aí! Só que eu vou pedir uma mais forte ainda. O nome da bebida é PAU-PEREIRA. Conhece?
LUIZ: PAU-PEREIRA? Bom conheço, mais não aguento tomar não.
“LOBO”: Ah, que lobo é você, meu filho.
LUIZ: Ai, meu Deus. Hoje é dia de me confundirem com animal. Já me chamaram de tudo, de bode, de ovelha…
“LOBO”: Ovelha… Ovelha… Te comparar com um bicho tão efeminado como uma ovelha parece até uma ofensa. Olha pra você. Você tem cara de lobo. De lobo, meu filho!
LUIZ: É. Isso aí! Eu sou um lobo. Lobo parece mais viril.
“LOBO”: É isso aí, lobão. É para provar que tu é lobo mesmo, bebe junto comigo, valeu?!
LUIZ: E por acaso eu preciso beber para provar alguma coisa?
“LOBO”: Iiiiihhhhhhhhhh… Iiiiiiiihhhhhhh… O seu jeito de falar está te denunciando. Sabe o que você é mesmo. Ovelhinha! Ovelhinha! E ovelhinha com feridinha na consciência.
LUIZ: Sou nada, rapaz! Eu sou é lobo.
“LOBO”: Ah, você é lobo, é? Então tá! Deixa para lá esse negócio de PAU-PEREIRA. Vou te dar outra prova, para ver se você é lobo mesmo.
LUIZ: Então fala.
“LOBO”: Olha só. Você vai comigo nessa festa à fantasia.
LUIZ: Vou sim!
“LOBO”: Então vamos!
LUIZ: Péra, péra, péra…
“LOBO”: O que foi agora?
LUIZ: Sabe o que é, seu lobo, eu queria saber o que rola nessa festa?
“LOBO”: Ah, meu irmão. Rola de tudo.
LUIZ: “Tudo” como?
“LOBO”: Ora, tudo, meu chapa! Não sabe o que é tudo?
LUIZ: Seja mais claro.
“LOBO”: Tudo, rapaz! Homem com homem, mulher com mulher, homem com homens, mulher com mulheres, homem com animal, mulher com animal, tudo…
LUIZ: (pensativo e decepcionado) Então é tudo mesmo, né…
“LOBO”: Bom, falta o tal do PAU-PEREIRA. Mas a gente leva daqui do bar! Vamos…
LUIZ: Bom, seu lobo. Não vou não. Tenho um compromisso com alguém. Na verdade eu sou um lobo em cima do muro…
“LOBO”: Meu chapa, não existe lobo em cima do muro. Você é ovelhinha. Ovelhinhaaaaaaaaaaaaaa!!!! Sempre foi uma ovelhinhaaaaaaaaaaaaaaa…
Lobo sai de cena. Luiz, entristecido, vai até o balcão, olhando para o seu copo de cachaça.
LUIZ: Lá não é meu lugar. Nem lá, nem aqui.
Luiz vai para o centro do palco e, de frente para o público, grita.
LUIZ: Meu pastor! Eu quero voltar para o Senhor! Meu pastor! Eu quero voltar para o Senhor! Meu pastor! Eu quero voltar para o Senhor!
O “pastor” com seu cajado entra em cena, derrama uma lata de óleo na cabeça de Luiz, que está em prantos.
Voz em off – Os pastores, antigamente, usavam óleo para curar as ovelhas feridas. Ovelhas estas que nunca deixaram de ser ovelhas por estarem feridas. E como paralelo, a unção de Deus, que permanece nos humanos, também funciona com óleo curativo para as enfermidades espirituais. Óleo que cura as ovelhas que sempre foram ovelhas e nunca deixarão de ser. Unção esta que permanece em nós para nos revelar o dia que voltaremos de vez e sinceramente para junto do nosso pastor Jesus Cristo!
“Pastor” levanta Luiz e ambos saem de cena, seguidos bem atrás pela “ovelha” e pelo “lobo”.
“LOBO”: Não falei que o Luiz não nos reconheceria assim disfarçados ao estar embriagado no bar.
“OVELHA”: (pedindo silêncio) Shhhhhhhhh!!!
fim
Glória a Deus
TEXTO REGISTRADO no Escritório de Direito Autoral
MARCOS ALEXANDRE DORNELLES DA SILVA
GRADUADO EM PRODUÇÃO CULTURAL PELA UFF
Dramaturgo do site “Teatro Cristão” Peças do Autor CURSO DE PREPARAÇÃO DO ATOR (DURAÇÃO: 1 DIA) – INTERPRETAÇÃO – IMPOSTAÇÃO DE VOZ, -DICÇÃO, – MARCAÇÃO DE PALCO -OFICINA DE DRAMATURGIA, – EXPRESSÃO DE SENTIMENTOS, – ENCENAÇÃO DE CENAS IMPACTANTES (QUE NÃO FUJAM DOS PADRÕES DA DECÊNCIA), – APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DE VÁRIOS TEATRÓLOGOS (como Brecht, Stanislavski, Grotowski, Augusto Boal, Meyerhold e Andre Antoine), retendo o que for bom, – APLICAÇÃO BÍBLICA AOS FUNDAMENTOS E TÉCNICAS DAS ARTES CÊNICAS, – ETC
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