Um homem entra pela Igreja com suas mãos atadas por uma corrente, sendo guiado por uma figura mórbida, que representa o adversário, ao longo dos primeiros atos, este oferece ao homem vários artefatos pecaminosos para afastá-lo da visão da graça de Deus.
Alguns personagens aparecem representando as várias vertentes pecaminosas, tais como bebida, drogas, prostituição e dinheiro.
No entanto a cada aceitação a imagem diante do espelho se torna insuportável, uma vez que o espelho passa a condená-lo, por refletir a natureza de um pecador.
Quando o homem não suporta mais a sua imagem, ele começa a confessar sua natureza pecaminosa e clama para que o Senhor o aceite e o deixe servi-lo como é: falho e pecador.
Ao confessar a Cristo como senhor, o espelho passa a mostrar a figura de Cristo, que surge para perdoar todos os pecados e inundar todo o cenário com sua graça superabundante e revela ao homem que ele é a sua imagem e semelhança.
Baseada no fato de que o homem vive atormentado pelos seus pecados e suas manchas do passado, sendo essas estratégias do diabo para afastá-lo do amor e perdão de Deus.
Deus se compadece do homem apesar de suas máculas e por ter por este um amor imutável, enviou seu filho Jesus, o Cristo, para derramar seu sangue na cruz e redimir o homem, de todos os seus pecados.
Basta ao homem enxergar no espelho a face de um pecador que necessita de Deus e aceitar o sacrifício de Jesus, para quem não há pecado que não possa ser perdoado.
Lembrando-se de uma verdade incontestável, que é a causa do ódio do adversário por todos os humanos, eles são a imagem de Deus.
A peça visa demonstrar aos espectadores que onde abundou o pecado, superabundou a graça de Deus e que não há pecado que Jesus não perdoe.
PERSONAGENS
1 – O Homem (pecador), vive atormentado por seus atos, não conseguindo se ver como imagem de Deus.
2 -O adversário (satanás), não suporta a ideia de o homem ter sido criado a imagem e semelhança de Deus e ele não, o faz com que odeie ao homem e tenta sujá-lo com o pecado para zombar da “imagem de Deus”.
3- Os espelhos:
4 – O vício (álcool e drogas), afetam a mente, destruindo a noção de certo e errado, levam o homem a se enxergar distorcida-mente no espelho.
5 – A prostituição, busca sujar o corpo do homem, para afastar o espírito de Deus, que faz ali o seu templo.
6 – O dinheiro, afeta a moral do homem, que endurece o seu coração, guardando nele o seu tesouro.
7 – Os amigos, sempre querem se aproveitar das posses, mas na hora em que o homem precisa de socorro todos fogem e o deixam a mercê do adversário.
8- A mentira, distorção da realidade que embora aparentemente pequena, leva o homem a irritar a Deus, o qual não admite mentiras.
9- O anjo, mensageiro de Jesus
10 – Jesus, perdoa todos os pecados e ama o homem, tendo dado sua vida por ele.
PRIMEIRO ATO – ACORRENTADO
(O pecador entra arrastado pelo adversário que ri escandalosamente e debocha da situação. )
ADVERSÁRIO: Vejam! Vejam! a imagem de Deus, um pobre diabo, é gostei dessa expressão. Que belo exemplar, não?
Dirigindo-se então à plateia começa a difamar o homem, escrevendo seus pecados em um espelho.
O Adversário começa cantando uma fúnebre canção: (*1)
“ Não se te dá que morramos, podes assim dormir.
Toda essa dor vem das mãos de um pecador, condenai, condenai …
Mestre a minha alegria é saber que são a imagem de ti.
Convosco estou quando vós pecais, sim vai e pecais “….
PECADOR: Eu não fiz essas coisas, sou um filho de Deus, sou descendente de Adão e Eva.
ADVERSÁRIO: Ora! Mas vejam só, a mula fala.
Cala-se! (desfecha uma chibatada no homem) seu comedor de feijão, desde os primórdios eu tenho enganado os humanos por uma bagatela, primeiro foi com uma maçã, aliás maçã o diabo, quer dizer maçã eu mesmo né. Porque o que eu ofereci a mulher da costela foi o fruto da ciência do bem e do mal, não sei como é que tem néscio por aí falando que foi maçã. Se bem que com o preço das frutas hoje e com a gula das pessoas eles deveriam falar que foi uma pera, que essa sim tá “caro pra diabo”.
Agora me aparece esse energúmeno falando que é descendente de Adão e Eva, e daí são todos pecadores e merecem é ir comigo pro inferno.
PECADOR: Como podes julgar-me, acaso és Juiz e carrasco concomitantes, quem afinal sois vós, oh espírito sem luz?
ADVERSÁRIO: Dissestes bem, todavia não podes ver a verdade, ainda que esteja diante de vós, sou Mefistófeles, Belzebu, Baal e tudo quanto me denominaram ao longo da história. No entanto fui querubim da guarda, o ungido do Deus altíssimo, O anjo de luz.
Ora não se assuste, é isso o que digo, sou um anjo, muito embora decaído e ninguém há de socorrê-lo do furor de minha ira.
PECADOR: Valei-me meu senhor!!! Envia alguém para me salvar.
SEGUNDO ATO – O ANJO
Eis que de súbito, surge um anjo de glória .
ANJO: “ O espírito de Deus está aqui, operando em nossos corações,
Trazendo sua vida e perdão, ministrando sua graça e amor “…
Alma humana, formada de nenhuma cousa feita, mui preciosa, de corrupção separada, e esmaltada
naquela frágua perfeita, gloriosa!
Planta neste vale posta para dar celestes flores olorosas,
e para serdes tresposta em a alta costa,
onde se criam primores mais que rosas!
Planta sois e caminheira, que ainda que estais, vos is donde viestes.
Vossa pátria verdadeira é ser herdeiro da glória que conseguis:
andai prestes.
Alma bem-aventurada,do Senhor tanto querida,
não durmais!
Um ponto não estais parada, que a jornada muito em breve é fenecida,
se atentais para o Criador que já vem sem demora,
tendo dado por ti o cordeiro imaculado para
remi-lo de toda pecado.
PECADOR: Anjo que sois minha guarda,
olhai por minha fraqueza terreal!
de toda a parte haja resguarda, que não arda a minha preciosa riqueza principal.
Cercai-me sempre oh redor porque vou mui temeroso de contenda.
Ó precioso defensor, vês que o leão está ao meu derredor a ponto de tragar-me,
Venha em meu favor!
Vossa espada lumiosa me defenda!
Tende sempre mão em mim,
porque tenho medo de empeçar, e de cair nas garras do tentador.
“Mestre a minha tristeza eu peço-te vem banir …“(*1)
ANJO: Para isso sim e a isso vim;
mas enfim, cumpre-vos de me ajudar a resistir
Não vos ocupem vaidades, riquezas, nem seus debates.
Olhai por vós; que pompas, honras, herdades
e vaidades, são embates e combates
para vós.
Deu-vos o Criador livre entendimento,
e vontade libertada e a memória,
que tenhais em vosso tento fundamento,
que sois por Ele criado para a glória.
E vendo Deus que o metal
em que vos pôs a estilar, para merecer,
que era muito fraco e mortal, e, por tal,
me manda a vos ajudar
e defender.
Não creiais a Satanás,
vosso perigo!
Clamai pelo sangue do cordeiro,
Que ele sim, teu único intermediador, quem de fato podes te socorrer
Vejais que sois dele a própria imagem.
TERCEIRO ATO – OS VÍCIOS E OS ESPELHOS
O adversário decide cegar o pecador e passa para uma nova tática, que consiste em agradar com presentes que parecem ter um valor superior as palavras do Anjo.
ADVERSÁRIO: Que vaidades e que extremos tão supremos!
Para que é essa pressa tanta?
Olha vou soltá-lo, tende vida.
Vejam como está descalça, pobre, perdida, de remate:
não levais de vosso nada.
Amargurada, assim passais esta vida em disparate.
Vesti ora este vestido; metei o braço por aqui.
Ora esperai.
Vou apresentá-lo aos deleites da vida e verás que não sou tão mal.
Conhecei desde pronto os meus filhos, que entrem os vícios!
(Entram os vícios, uma figura patética com um cigarro na mão e uma mórbida criatura com uma garrafa de bebida e oferecem para o pecador.)
CIGARRO: Venha nobre senhor, traga desde meu cachimbo e sinta o ar de marijuana, perceba que é uma erva natural e sabeis que tudo que provém da natureza, provém de quem a criou.
Na verdade a verdadeira onda (mostrando o cigarro para a plateia) é que de um lado tem uma brasa e um trouxa na outra ponta.
(O pecador fuma, dá três ou quatro tossidas e começa a filosofar.)
PECADOR: (No estilo do RAP) “ Nossa como a fumaça batendo no coco faz um reboliço, pensando bem, se eu fumar maconha, ninguém tem nada com
Issoo, Dig, Dig,Dig,DIG, Planet Hempaaa…“!
BEBIDA: Ora! tendes a razão a seu favor, mas para que seus pés não toquem mais o chão, beba desse elixir e verás que a vida é bela e que não existe nada de feio, desde que beba a quantidade certa.
(Ao beber da garrafa, o pecador começa a cambalear e canta uma música impura.)
PECADOR: “ Não cheguei em casa e o que fazê, já me deram pinga pra mim beber, ali mesmo eu bebo, ali mesmo caio, ô ai, ô ai”…
O ADVERSÁRIO: Bom, muito bom, vejo que gostastes dos meus filhos.
Mas vejamos agora como ficou a imagem de Deus, tragam os espelhos!
Entram três espelhos com as seguintes palavras escritas sobre suas molduras:
O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA.
(O pecador corre para o espelho mas é impedido de ver sua imagem pelos vícios, que entram girando e dançando. Eles colam imagens de cigarros e bebidas na frente dos espelhos, o que entristece o pecador.)
QUARTO ATO – PROSTITUIÇÃO
ADVERSÁRIO: O que há contigo gentil alma, porque estás tão abatida.
PECADOR: Não consigo ver minha imagem no espelho, apenas vícios. Me sinto impuro e meu corpo aparece que não me pertence mais.
ADVERSÁRIO: Que coisa estranha, mas olha bem para minha filha que entrará majestosa e fará seu corpo se sentir melhor, Ei-la toda cheia de Glamour, a princesa da Babilônia (aponta para uma figura feminina e cheia de adereços que entra se insinuando).
PROSTITUIÇÃO: Ponde-vos à favor desta sorte
viva vosso corpo a favor dos deleites que tal nasceu.
O ouro para que é,
e as pedras preciosas, e brocados?
E as sedas para quê?
Tende por fé, que para as almas mais ditosas
foram dados. Vedes aqui um colar d’ouro,
mui bem esmaltado, e dez anéis.
Agora estais vós pronto casar e namorar
Neste espelho vos tereis, e sabereis
que não vos hei-de enganar.
E poreis estes pendentes, em cada orelha sua.
Isso sim!
Que as pessoas inteligentes são prudentes.
Agora vos digo eu que vou contente daqui.
Sinta meu perfume e se quiseres me possuir, negue seu espírito e satisfaça sua carne.
(Dirigindo-se ao espelho o pecador começa a se estremecer, pois a prostituição dançando a dança do ventre, tampa a frente do espelho com um lenço de seda e não o deixa se ver como está, imundo e antes de sair, pinta o rosto do pecador com sua maquiagem para difamá-lo e humilhar.)
PECADOR: Me sinto ainda pior, como hei de redimir, quem há de vir por mim?
QUINTO ATO – O DINHEIRO
ADVERSÁRIO: façamos o seguinte, lhe darei todas as minhas riquezas e em troca me entregarás sua alma, que já não tem mais valor e ainda está suja. Como sou seu amigo lhe pagarei um justo preço.
(Entra um engravatado político, com uma mala cheia de dinheiro e joias para negociar a alma do pecador)
DINHEIRO: Todas as cousas com razão são para terdes posse,
eu vos direi meu parecer:
Há tempo de folgar e idade de crescer;
e outra idade de manda e triunfa
e adquirir prosperidade a que puder.
Ainda é cedo pera a morte;
tempo há-de arrepender e ir ao Céu.
Mas desfrutes destes tesouros e toma o justo preço
Do que tens medo, de morrer?
Ora! seja rico nessa vida e deixe sua alma se ver embelezada
Prosperidade é o que realmente importa.
PECADOR: Se bem que eu realmente mereço ser rico
E no mais, do que vale o dinheiro, se dizem que ele não traz felicidade?
Mas eu sem ele vivo triste e desesperançado.
(De súbito olha no espelho e vê o aceno do Adversário, que sorri)
SEXTO ATO: OS AMIGOS
(Entram em cena os amigos. Dançando e sorrindo, abraçam o pecador.
Nas costas dos amigos estão as seguintes inscrições, em três partes:
AMIGOS -?
Eles conquistam a confiança do pecador, começam a dançar e sorrir com ele.
AMIGO 1: Tô aqui porque cheguei, não tem dinheiro, porque eu gastei.
AMIGO 2: Sóó! fraga véi, vamo depenar esse pato, pois ele pensa que a gente amigo.
AMIGO 1: peraí, mas a gente é amigo mermo, não?
AMIGO 2: Somos, mas só que amigos da onça. (eles se cumprimentam com um toque de rua).
Quando o pecador se distrai, eles o arremessam no chão, pisam na sua cabeça, roubam o seu dinheiro e saem debochando dele, sob os aplausos e assovios do adversário.
SÉTIMO ATO ATO: A MENTIRA
ADVERSÁRIO: olha quem vem lá e aponta a mentira no reflexo do espelho
(todos vem apenas a imagem no espelho).
O pecador começa a chorar e cai diante do espelho, enquanto a mentira começa a acusá-lo, dizendo o quanto ele é mau.
Mentira: Você é um verme, que as frias carnes de seu cadavérico corpo possam estremecer diante do seu enorme despudor, criatura má, você não vive sem mim, sou sua parceira e assemelhas cada dia mais ao meu pai, por não conseguir sequer pensar, quanto mais praticar o bem.
Há um instante de silêncio, o adversário, sai de cena e seus espelhos cercam o pecador, e este passa a ver sua real imagem, pois os espelhos o condenam. Prontamente e de joelhos o pecador começa a clamar com um hino de desabafo:
DERRADEIRO ATO: JESUS
O PECADOR:
O Espelho
Voz da Verdade
Composição: Carlos A Moyses
‘Quando tento fazer o bem,o mal já pratiquei
Quando penso fazer o bem,o mal já fiz
Deixa-me Senhor servir assim a ti
Falho e pecador, mas eu amo a ti Senhor
Pois minha vida tem o sopro da tua vida
Meu espelho me condena
Pois me vejo tão fraco
Reflete a natureza de um pecador
Mas quando o sangue desce
No espelho Jesus aparece
Dizendo filho eu te amo mesmo assim,
Dizendo filho eu te amo mesmo assim’,
Os espelhos começam a perder as placas de acusação e surgem três novas inscrições nos
espelhos: O caminho, a verdade e a vida.
Os espelhos cantam com o coração e a alma: “ Sou Jesus” …. (com ressonância, eclodindo em todo o salão do templo)
Os espelhos se viram para o fundo da Igreja e mostram a Imagem de Jesus
Jesus: ‘Não há pecado que eu não perdoe
Pois o meu sangue cobre tudo
Onde abundou o pecado
Superabundou minha graça
Te ofereço amor maior do mundo
Pois você, é a minha imagem’
Jesus levanta o pecador, veste-o com alvas vestes, tira seu coração do peito e o coloca no peito do pecador e diz a ele através da música:
‘Te ofereço amor maior do mundo
Pois você, pois você é a minha imagem’
O ato final se encerra com espelhos voltados para a Igreja para que ela se veja no espelho como a imagem de Deus.
(*1) Uma paródia deste hino
SOSSEGAI!
Harpa Cristã
Mestre! O mar se revolta:
As ondas nos dão pavor:
O céu se reveste de trevas:
Não temos um Salvador!
Não se te dá que morramos?
Podes assim dormir.
Se a cada momento nos vemos,
Sim, prestes a submergir?
“As ondas atendem ao meu mandar:
Sossegai!
Seja o encapelado mar
A ira dos homens, o gênio do mal:
Tais águas não podem a nau tragar,
Que leva o Senhor, Rei do Céu e mar,
Pois todos ouvem o meu mandar:
Sossegai! – sossegai!
Convosco estou para vos salvar:
Sim, sossegai!”
Mestre, na minha tristeza
estou quase a sucumbir:
A dor que perturba minha alma,
Oh, peço-te: vem banir
De ondas do mal que me encobrem,
Quem me fará sair?
Pereço sem Ti, Oh, meu Mestre
Vem logo, vem me acudir!
Mestre, chegou a bonança,
Em paz vejo o céu e o mar!
O meu coração goza calma
Que não poderá findar.
Fica comigo, ó meu Mestre,
Dono da Terra e Céu,
Eu assim chegarei bem seguro
Ao porto, destino meu.
(*2) O ESPÍRITO DE DEUS ESTÁ AQUI
O Espírito de Deus está aqui
Operando em nossos corações
Trazendo Sua vida e poder
Ministrando Sua graça e amor
Os feridos de alma são curados
Os cativos e oprimidos, livres são
Os enfermos e os doentes são sarados
Pois o Espírito de Deus está aqui
Eli Ferreira de Paula
I. B. A. VESPASIANO- MINISTÉRIO DE ARTES CÊNICAS
PEÇA TEATRAL ECLESIÁSTICA PARA O ANIVERSÁRIO DA IGREJA -2011