Sal e Luz – Teatro infanto-juvenil interativo.
Da serie “Confusões em Triplo” (Já publicamos “Deus Nunca Erra”).
PRA SALGAR E ILUMINAR traz o medo do desconhecido e o suspense.
Uma sociedade secreta que pretende “formar” pessoas para ser sal e luz do mundo – vide Mateus 5:14 – mas tornando as crianças policiais da vida alheia, coagindo e reprimindo…
De forma divertida e descontraída, as personagens questionam a violência e os desafios e mandamentos esdrúxulos do presidente do Clube de Sal e Luz.
Gildo acaba desmascarando o “fantasma”, na frente de seus amigos Zeca e Dora, perdão é o desafio final, depois do medo.
Personagens:
ZECA:
DORA:
GILDO:
CLEYTON:
01 – Trilha Sonora – Abertura – 3:07
LOCUÇÃO: Confusões em Triplo
LOCUÇÃO: Episódio de Hoje – Pra Salgar e Iluminar
SALA 01
Gildo está em cena, vestindo jaleco e óculos de mergulho, estudando com alguns cadernos no chão espalhados pelo tapete e mudas de plantas no sofá da sala. O ambiente é decorado com troféus, medalhas e desenhos de cientistas pelas paredes, assim como diversas traquitanas típicas de um cientista.
Trilha Sonora – Som de Campainha
GILDO: (impaciente) Ai, ai! Logo agora! Será que esse pessoal não sabe ler o aviso na porta, não?! Vou ter que colocar um cachorro pra passar o recado certinho! (a quem está na porta) Já vai! (abre a porta e vê Zeca e Dora). Ah, são vocês, é?
DORA: Bom dia pra tu também, Gildo!
ZECA: Oia, a gente veio te chamar pra ver um troço de outro mundo!
GILDO: (empolgado) Um disco voador?
ZECA: Não, nerd! É um clubinho!
GILDO: Hein? Clube? De quê?
Ambos: O Clube de Sal e Luz!
GILDO: Sal e Luz?! O que é isso?
ZECA: (irônico) Bom, dizem que sal é cloreto de sódio!
DORA: (irônica) E luz, radiação eletromagnética!
GILDO: E ainda dizem que o nerd sô eu! (pausa) Sim, mas eu tava falando do clube…
DORA: Ah, só vendo pra saber, amigóvsky!
ZECA: Ta a fim de ir com a gente?
GILDO: (voltando para seus papéis e plantas) Ah, só depois de eu testar a eficácia da Xurupita muscrata como aditivo pra diesel!
Zeca e Dora entreolham-se.
ZECA: Mais tarde ‘cê faz isso, fio!
DORA: Tu é meio doentinho, né?
GILDO: Alto lá! Doentinho, não! (pausa) HOMEM DA CIÊNCIA!
ZECA: Ah, claro! Um homem da ciência que ainda faz xixi na cama!
GILDO: Só foram três vezes! (pausa) E eu já to apagando a luz do abajur pra conseguir dormir!
DORA: Sim, mas tu vai com a gente ou não?
GILDO: Ta, ta. Mas dexa eu levar minha amostra de Ceratina sílica. (olhando pros dois, que o encaram com estranhamento) Que é? Nunca se sabe o doido que a gente via encontrar por aí, né?
Ambos: (entreolham-se, dando de ombros) É, né? (saem)
DORA: Minha gente, vocês também vem! Esse clube ta precisando de cada vez mais gente. Bora, borá! Rápido!
(conduzem as crianças à Sala 02, onde Cleyton já está esperando, com algumas crianças, ouvindo-o falar)
CORREDOR
ZECA: (andando) Olha, Gildo, num inventa de falar besteira na frente dele, não, visse?
GILDO: (andando) E quem disse que eu falo besteira?
DORA: (andando um pouco atrás) Num precisa ninguém dizer, não. Você faz isso sozinho, já!
GILDO: Cheia de graça você, né? Quando eu colocar um Metadon Comunic no seu refrigerante, num instante ‘cê se ajeita!
ZECA: Xxxiiiiuuuu! Querem parar, um instante? Esse sujeito é meio temperamental!
DORA: Meio o quê?
GILDO: Temperamental. Do latim…
DORA: Cala boca, Gildo!
ZECA: O cara é meio esquisitão. Pode gritar ou encucar com a gente sem motivo… Então, pensem bem antes de falar ou fazer qualquer coisa, ok?
Ambos: Ok.
ZECA: (para as crianças) Não ouvi vocês aí atrás. Todo mundo vai ficar quietinho?
(espera resposta das crianças)
ZECA: Muito bem. Borá entrar. (bate à porta)
CLEYTON: (de dentro da SALA 02) Quem fala?
DORA: É a gente.
CLEYTON: A gente quem?
DORA: Abre a porta que você descobre!
CLEYTON: Qual a senha?
Zeca e DORA: PRA SALGAR E ILUMINAR!
SALA 02
02 – Trilha Sonora – 3:19
Cleyton abre a porta. O ambiente fica numa penumbra, com TNTs pretos cobrindo as paredes e as luzes, lanternas acesas em alguns lugares. Alguns dos frequentadores usam máscaras, chapéus, óculos esquisitos e emitem sons meio absurdos quando pessoas se aproximam deles.
DORA: Ufa! Brigado, moço. Tava doidinha pra entrar aqui!
ZECA: (olhando ao redor) Oia, é bem melhor do que o pessoal dizia, minha gente!
GILDO: (desdenhando) Num parece grande coisa… Já vi um parecido lá em…
CLEYTON: (para chamar-lhes a atenção) Cof, cof! Muito bem, todos e todas. Mais uma vez por aqui. Bem-vindos ao Clube de Sal e Luz. Estou vendo muuuitas carinhas novas por aqui. Pelo que eu tenho visto, as notícias a respeito do nosso clube (fazendo sinal de aspas) “secreto” não estão sendo tão (fazendo sinal de aspas) “secretas” assim. (a alguma pessoa da plateia) Você, novata, pode me dizer o seu nome? (aguarda a pessoa dizer o nome) Hum, welcome! (a outra pessoa) E você, meu querido? (espera dizer o nome) Bienvenue! É… Espero que aguentem esse primeiro dia no nosso clube! Aqui não são permitidas gracinhas! Quem quiser entrar na linha, tem de ser agora! Entenderam? Nada de sorrisos, brincadeiras ou palhaçadas! Nesse ponto, não tem mais volta! E vocês… (com um gesto pede seus nomes)
ZECA: Zeca.
DORA: Dora.
GILDO: Gildo.
CLEYTON: Zero, Doca e Gilda, vocês vão precisar se policiar muito pra conseguir entrar, ok?
Gildo levanta a mão. Zeca e Dora entreolham-se, estranhando sua atitude.
GILDO: E pra quê serve esse clube?
ZECA: Ssshhhh!
DORA: Calado!
CLEYTON: Calma, calma! Deixem o rapaz! Boa pergunta! Esse clube, amigo, serve para formar crianças que possam ser sal e luz desse mundo. Ver aquilo que existe de errado e mudar essa situação. Ser sal é salgar comida insossa. Ser luz é iluminar quem tá no escuro.
GILDO: Ah, ta. Muito bem.
CLEYTON: Quem é que gosta de ver os outros fazendo coisa errada por aí? A gente é que tem que por aí punindo e castigando o pessoal que fica mentindo, brigando e desobedecendo a Deus!
GILDO: Peraí, peraí… Você ta preparando a gente pra ser o que? Polícia, é?
CLEYTON: Bom, os cacetetes que eu pedi ainda não chegaram, mas vocês podem se contentar com as pedras que encontrarem no chão. Já faz efeito!
GILDO: Tuas ideias de sal e luz são meio estranhas…
ZECA: Gildo, fica na tua! Senta, vai!
DORA: Errr… Por onde a gente começa, moço?
CLEYTON: Bem lembrado, mocinha! Prova Número UM! PROVA DO SAL!
Zeca, Dora e Gildo ficam meio nervosos, olhando uns pros outros, comentando com as crianças, que estão sentadas.
Cleyton pega um saco de sal e joga pra cima deles.
CLEYTON: Pronto! Engulam!
TRÊS: Hã?
CLEYTON: Engolir o sal, ué!
GILDO: Peraí! Cumé que isso vai ajudar a gente a ser sal do mundo? Quer dizer, tirando esse trocadilho infame?!
CLEYTON: Quem é o líder aqui, hein? Faça o que eu mando!
GILDO: Nada disso!
CLEYTON: (dá um tapa na cabeça de Gildo) Pede pra sair!
GILDO: Cumé, homi?
CLEYTON: (dá outro tapa na cabeça de Gildo) Pede pra sair, já falei!
GILDO: Que nada! Nem eu nem ninguém via fazer o que você manda. Né gente? (espera a resposta dos amigos, mas não ouve) Gente?
Ambos: (falando com a boca cheia de sal, cuspindo-o) É, é sim!
CLEYTON: Fazer o quê, né? (a todos) Devido aos protestos à primeira prova, anulamos essa questão, heheheh! Vamos agora para a… PROVA DA LUZ!
TRÊS: (entreolhando-se) Prova da Luz?
CLEYTON: É, sim! E vamos direto para a casa da dona Bruxonildes!
TRÊS: Bruxonildes?!
03 – Trilha Sonora – Trovão – 0:03
CLEYTON: Vocês são surdos, é? É, isso mesmo! (entregando-lhes um envelope) Peguem esse envelope! Aqui está a missão de vocês! E vão agora!
ZECA: Ta, tudo bem, capitão!
Conduzem as crianças para fora da sala.
CORREDOR
DORA: Bora lá, pessoal. A gente tem que terminar logo essa prova.
ZECA: Se não, Cleyton vai terminar expulsando a gente do clube antes da gente entrar.
GILDO: Sim, mas a pergunta que não quer calar… Onde fica a casa da Dona Bruxonildes?
DORA: Sei lá… O que é que tem nesse envelope, Zeca?
ZECA: Tem um mapa. Olha aqui! A gente tem que andar uns treze passos na direção do poente. (apontando para a direção da SALA 01)
GILDO: (apontando na direção oposta) O poente é pra lá, mula!
ZECA: (disfarçando) Eu tava só testando, hehehehe!
DORA: Borá lá!
Andam rapidamente até chegar à entrada da casa. Abre a porta devagar.
SALA 02
04 – Trilha Sonora – Ambiência de Casa Mal-Assombrada – 0:53
Todos vão entrando no ambiente completamente escuro da casa.
GILDO: Ai, minha gente. Eu num acredito que vocês aceitaram essa…
ZECA: Que é, Gildo? Deu pra ficar com medinho agora, foi?
DORA: Dêxa de ta bestando e lê a missão aí, Zeca!
ZECA: A gente tem que… entrar e acender o lampião do quarto dela.
GILDO: Sim, mas no escuro?
DORA: É pra gente aprender a ser luz onde quer que a gente for, Gildo! Será que tu não entendeu ainda? Afff!
05 – Trilha Sonora – Órgão e risada – 2:01
DORA: Ai, o que foi isso?
GILDO: Deve ter sido o vento…
FANTASMA: (escondido) Uuuhhhhhh!!!
ZECA e DORA: Ai, meu Deus! Aonde é que eu vim parar?
GILDO: Deve ser só uma porta rangendo, minha gente! Vocês, hein?
DORA: Ah, você fala isso, mas, daqui a pouco, vai fazer xixi na calça, seu mijão!
GILDO: Olha aqui, Dora….
ZECA: Calma, minha gente. A gente tem uma missão a cumprir, ta ligado? Depois, vocês se estapeiam à vontade!
DORA: Onde será que fica o quarto dela, hein?
GILDO: Deve ser lá em cima, né? Dãããããã!
ZECA: Ta, borá logo. Pode ser que apareça um…
Fantasma aparece, vestido com um lençol branco e com uma lanterna acesa abaixo do lençol, apontando para o rosto..
ZECA e DORA: FANTASMAAAAA!
FANTASMA: Bem-vindos-vindos-vindos…
GILDO: Hã?
FANTASMA: Eu sou o Fantasma da casa mal-assombrada-brada-brada…
GILDO: Que fantasma coisa nenhuma!
ZECA: Cala boca, Gildo! (para Fantasma) Ligue pra ele, não, viu, seu Fantasma?
FANTASMA: Já estou acostumado-mado-mado…
DORA: É! Gildo é assim mesmo, meio doentinho!
GILDO: Eu já disse que sou um HOMEM DA CIÊNCIA!
FANTASMA: E o que o Homem da Ciência vai fazer-zer-zer?
GILDO: Isso aqui! (puxa o lençol)
06 – Trilha Sonora – 0:56
Quem está debaixo do lençol é Cleyton, envergonhado.
ZECA e DORA: Era você?!
DORA: Pra que tu ta fazeno isso, hein?
CLEYTON: Pra vocês passarem no teste-teste-teste!
ZECA: Já acabou, mamão! Para de falar assim!
CLEYTON: Ah, é! Hihihih!
GILDO: Sim, mas tu não precisava fazer nada disso pra gente ser sal e luz, não!
TRÊS: Não?!
ZECA: Vai dizer que é pra tomar três injeções de Nilita Moisanus?!
DORA: Ou misturar cloroneto de bulgânio com dionano de miurásio?
GILDO: Não, minha gente. O que a gente precisa é de Deus no coração da gente! E isso a gente só consegue orando e lendo a Palavra de Deus! Nada de ficar bizoiando e policiando a vida dos outros, não!
CLEYTON: E é? E como a gente vai ajudar a consertar as coisas erradas que tem no mundo?
GILDO: A gente primeiro tem que consertar a gente mesmo. E depois pede orientação e sabedoria de Deus pra saber o que fazer e falar pras outras pessoas. Não tem nada de ficar fazendo esses absurdos de comer sal e andar no escuro, não!
TRÊS: Ah, que bom!
ZECA: Bem melhor do que você tava tramando, né, Capitão?!
DORA: Não tinha nada de ficar fazendo a gente ser sal e luz desse seu jeito!
CLEYTON: (constrangido) Ta, tudo bem! Eu sei que to errado. (sorrindo) Mas a gente pode consertar tudo se perdoando, né? É isso que sais e luzes fazem!
GILDO: Ta ok, amigo! Então, borá voltá lá pra casa, que eu to doido pra testar minha luz na fotossíntese da Alchemilla vulgaris!
ZECA e DORA: (sorrindo) Gildo!
CLEYTON: Ele é sempre assim, meio doentinho, é?
GILDO: Doentinho, não! Eu sou…
TRÊS: JÁ SEI! HOMEM DA CIÊNCIA!
Os quatro sorriem.
07 – Trilha Sonora – Abertura – 0:11
FIM
Grupo: Ministério Yeshua de Artes Cênicas
Blog: www.myeshua.blogspot.com
Youtube: www.youtube.com/user/myeshuape
Contato
Proposta do autor: Propondo um teatro infanto-juvenil interativo onde o público acompanha as personagens no tempo e no espaço onde as ações se desenrolam, a narrativa seriada de “Confusões em Triplo – Episódio 01 – Deus Nunca Erra” prossegue com novas facetas das personagens e continuando a abordar a temática do medo, do suspense, do desconhecido. Contudo, no enredo proposto, o trio de protagonistas deliberadamente se dirige a uma reunião de uma sociedade secreta que pretende “formar” pessoas para ser sal e luz do mundo – vide Mateus 5:14 – mas de um modo bastante peculiar: tornando as crianças policiais da vida alheia, coagindo e reprimindo seus semelhantes diante das infrações que eles cometem, ignorando as próprias falhas. De forma divertida e descontraída, as personagens questionam a violência e os desafios e mandamentos esdrúxulos e sem sentido do presidente do Clube de Sal e Luz, aprendendo a lidar com a aparente força e impenetrabilidade do outro, que ganharia poder e status se eles se deixassem ser controlados por ele. Através da figura cética de Gildo, seus amigos Zeca e Dora aprendem a lidar com o desconhecido, desmistificando e dialogando com a aparência rude e autoritária que Cleyton oferece diante das pessoas. Cada um de nós aprende a “sobreviver” em sociedade de uma forma – tímidos, céticos, aventureiros ou ameaçadores – que responde a “abusos” e “traumas” que um dia vivenciamos na nossa história. Entretanto, para superarmos estes infortúnios, o Senhor não enterra ou obscurece estas facetas, mas nos faz tomar consciência de cada uma destas nuances e empregá-las da maneira e no tempo certos, à luz da Sua Palavra.
2011