A RAPOSA, A UVA E OS DIVERSOS SONHADORES

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Quem nunca ouviu a fábula d’A raposa e as Uvas?
Nós tomamos a liberdade de fazer algumas adaptações.
Cada bago representa um sonho a ser alcançado.
No lugar da raposa temos nossos sonhadores.
PERSONAGENS SONHADORES:
VITORIOSO;
ALTIVO;
PRECIPITADO;
DERROTADO;

CENÁRIO: Vários balões de ar dispostos de tal forma que lembram um cacho de uvas. Esses balões devem estar fixados de tal forma que não dificulte o momento de serem retiradas do “cacho”. Cada um deles trará no seu interior uma palavra que representa um sonho ou uma frustração. Esses balões devem ter alguma marca que facilite o ator de retirar o balão correto.
ILUMINAÇÃO: Luz sobre o cacho de uvas. Uma luz acompanhará a entrada de cada ator.
NARRADOR: Quem nunca ouviu a fábula d’A raposa e as Uvas! Nós tomamos a liberdade de fazer algumas adaptações. Cada bago representa um sonho a ser alcançado. No lugar da raposa temos nossos sonhadores. E agora, sem perder mais tempo, aí vem o primeiro!
(Entra em cena o Sonhador Altivo. A característica mais marcante do personagem é a de ter literalmente o nariz empinado.)
SONHADOR ALTIVO: Eu sou o Sonhador Altivo. Nem sei por que fui escolhido para o papel… eu nem alto sou. (Nesse momento ele tropeça em algo e cai, mas mesmo assim matem o nariz apontado para o alto. Levanta-se.)
NARRADOR: Mas não foi pela sua estatura que você conquistou o papel. Digamos que foi por algo que está na cara.
SONHADOR ALTIVO: É tão evidente assim?
NARRADOR: Literalmente na cara…
(Sonhador Altivo apalpa o rosto e a testa a procura de algo.)
NARRADOR: …o nariz empinado.
(Sonhador Altivo coloca a mão no nariz. Tenta abaixá-lo, mas ele parece ter vida própria, voltando a apontar para o alto. Tenta mais algumas vezes. Depois desiste.)
NARRADOR: Sonhador Altivo, você gosta de uvas?
SONHADOR ALTIVO: Uvas?
NARRADOR: Sim, uvas.
SONHADOR ALTIVO: (Imaginando-se provando da fruta) Hum! Uva rosa, uva rubi, uva Itália. Eu adoro uvas!
NARRADOR: Viu aquele cacho de uvas no canto do palco?
SONHADOR ALTIVO: Aquele cacho verde, brilhoso, cheiroso, e que parece apetitoso?
NARRADOR: Sim, aquele.
SONHADOR ALTIVO: Não. Nem percebi.
NARRADOR: Engraçadinho!
SONHADOR ALTIVO: Aquele cachão? Não um caixão, mas um cacho imenso.
NARRADOR: Devia ser um desses que havia em Canaã.
SONHADOR ALTIVO: Um bago deve dar para a família toda. Vou apanhar alguns.
(Sonhador Altivo vai até o cacho. Faz um estudo sobre a posição da fruta. Dá um pulo, mas não alcança. Pula mais uma vez e nada. Dá um terceiro pulo e nem se quer toca a fruta.)
NARRADOR: E aí?
SONHADOR ALTIVO: Agora deu para ver… ela está verde. (Distancia-se dela.)
ILUMINAÇÃO: Off para o cacho de uvas.
NARRADOR: Já vai desistir?
SONHADOR ALTIVO: Eu nem gosto de uva.
NARRADOR: Vai desistir de provar a uva?
SONHADOR ALTIVO: Ela está completamente fora do ponto. Deve estar amarenta. Vou para casa.
NARRADOR: Vá… (noutro tom) raposa.
SONHADOR ALTIVO: (Ele se direcionava a saída. Ouvindo isso ele para) O que disse?
NARRADOR: A raposa da fábula. Bota defeito naquilo que não conseguiu alcançar.
SONHADOR ALTIVO: Nem vou discutir com um homem invisível.
(Sonhador Altivo sai de cena.)
NARRADOR: A nossa história não poderia ficar sem a raposa. Vocês acabaram de conhecê-la. Agora vamos conhecer os nossos sonhadores. E aí vem ele: o Sonhador… ué? Deve estar havendo algum engano. Será que o nome dele é esse mesmo? Bom, pelo menos está aqui no script. Então vou chamá-lo. Lá vem o Sonhador Derrotado.
SONOPLASTIA: Voz do Hard, da dupla Lippy e Hard (Oh dia! Oh azar!)
(Entra Sonhador Derrotado. Na verdade não há uma entrada, o ator apenas coloca a cabeça para sondar a plateia. Ele tem uma voz desanimada.)
NARRADOR: Entra aí, Sonhador Derrotado.
(Sonhador Derrotado entra. Aproxima-se aos poucos. Ele é bastante desconfiado.)
SONHADOR DERROTADO: Algo de mau vai acontecer comigo. Eu estou sentindo.
NARRADOR: Como assim?
SONHADOR DERROTADO: Eu não sei. Mas estou com um mau pressentimento. Talvez um meteorito caia na minha cabeça; uma bala perdida me encontre; ou um terremoto. Não sei.
NARRADOR: Mas como é pessimista.
SONOPLASTIA: Voz do Hard.
SONHADOR DERROTADO: Essa voz… não sai da minha cabeça.
NARRADOR: São os efeitos sonoros.
SONHADOR DERROTADO: Acho que eu nem devia ter saído de casa hoje. (Pensativo) Mas e se de repente viesse uma tempestade e derrubasse uma árvore no meu telhado. Não foi tão má ideia sair de casa essa manhã.
NARRADOR: Tem árvores grandes próximo a tua casa?
SONHADOR DERROTADO: N-não. Mas eu sou tão azarado que era possível uma árvore ser arrancada com raiz e tudo e parar no meu telhado. Arrisquei-me e saí de casa. Mas estava com medo de tropeçar em uma pedra e cair de mau jeito. Quebrar um braço, uma perna, a coluna, ou o pescoço e acabar falecendo.
NARRADOR: Você não ora antes de sair de casa?
SONHADOR DERROTADO: Sempre. Peço que se eu tiver que me machucar eu não me machuque muito, sabe! Se eu cair, que não seja num poço muito fundo.
NARRADOR: E você não trabalha?
SONHADOR DERROTADO: Tentei. Mas eu não levo sorte na vida profissional.
NARRADOR: (Sarcástico) Só na vida profissional?
SONHADOR DERROTADO: A empresa em que comecei a trabalhar estava crescendo muito. Antes de eu entrar lá ela começava a exportar para a Europa.
NARRADOR: Que legal!
SONHADOR DERROTADO: Não muito. Não cheguei a trabalhar um mês.
NARRADOR: Que pena! Não se adaptou?
SONHADOR DERROTADO: Não, a empresa faliu.
NARRADOR: Que falta de sorte a sua!
SONHADOR DERROTADO: Acho que sou um tremendo “pé frio”.
NARRADOR: Você não tem sonhos?
SONHADOR DERROTADO: Se tenho! Passo a noite inteira sonhando.
NARRADOR: É? Como é bom sonhar!
SONHADOR DERROTADO: Eu não acho. Quase sempre caio da cama. É só pesadelo a noite inteira.
NARRADOR: Mas será que você não é um pouquinho pessimista demais?
SONHADOR DERROTADO: Eu não acho. O que eu sou é um indivíduo com pouca sorte.
SONOPLASTIA: Voz do Hard.
NARRADOR: Mas você não tem sonhos, aspirações? Quais são os teus planos para o futuro?
SONHADOR DERROTADO: Futuro? Eu não sei se vou viver até lá.
NARRADOR: Todo mundo tem um sonho. Qual é o seu?
SONHADOR DERROTADO: Eu não tenho.
NARRADOR: Todo mundo tem. Conte o seu. Não tem ninguém ouvindo.
SONHADOR DERROTADO: (Olhando para a plateia) Ninguém? Tem certeza?
NARRADOR: Vai ser segredo.
SONHADOR DERROTADO: Não vou contar.
NARRADOR: Por que?
SONHADOR DERROTADO: Tenho medo.
NARRADOR: Tem medo de não se concretizar?
SONHADOR DERROTADO: Não. É de que ocorra o contrário.
NARRADOR: Conta pra gente, vai!
SONHADOR DERROTADO: Gente? Nós não estávamos sozinhos? (Noutro tom) Você não vai zoar de mim?
NARRADOR: Confie em mim.
SONHADOR DERROTADO: Tá bom! (Em tom de cochicho) Eu queria me (dá uma tossida) casar.
NARRADOR: Você quer se cas…
SONHADOR DERROTADO: Psiu! Fala baixo!
NARRADOR: (Em tom de cochicho) Nada mais natural. Quase todo solteiro sonha com isso.
ILUMINAÇÃO: Luz sobre o cacho de uvas.
NARRADOR: Está vendo aquele cacho de uvas?
SONHADOR DERROTADO: Sim. Impossível não ver.
NARRADOR: Digamos que naquele cacho há um bago que representa o teu sonho. Está lá esperando para você alcançá-lo.
SONHADOR DERROTADO: Não posso!
NARRADOR: Lá vem você com derrota. Não vai conseguir.
SONHADOR DERROTADO: Não, não é isso. Se cada bago representa uma mulher, eu não conseguiria sustentá-las todas.
NARRADOR: De repente ficou engraçadinho. Vai até lá!
SONHADOR DERROTADO: Mas tá escuro. Será que eu não vou tropeçar?
NARRADOR: (Impaciente) Vai até lá!
(Sonhador Derrotado aproxima-se lentamente do cacho. ParPara embaixo dele.)
SONHADOR DERROTADO: (Resmungando) Do jeito que tenho sorte este cacho vai cair em cima de mim. Vou morrer e ser engarrafado com o suco. (Noutro tom) Está muito alto.
NARRADOR: Pule que você alcança.
SONHADOR DERROTADO: Pular?
(Sonhador Derrotado dá uns pulos bem fraquinhos. Não alcança.)
NARRADOR: Você tem que se esforçar mais.
SONHADOR DERROTADO: (Ainda pulando. Sem fôlego) Estou me esforçando.
NARRADOR: Mas você tem que desejar com mais intensidade esse sonho.
(Sonhador Derrotado para. Agora aparenta decidido. Prepara-se para um super salto. Pula. Chega a tocar num dos bagos, mas cai no chão todo atrapalhado.)
SONHADOR DERROTADO: Ai!
NARRADOR: Cuidado! Se machucou?
SONHADOR DERROTADO: Ai! Ai! (Levanta-se e dá alguns passos mancando) Isso não é para mim. Eu sou muito feio. Ninguém se interessa por mim. Ninguém gostaria de acordar de manhã e dar de cara com um espantalho. Eu sou feio.
NARRADOR: Não fala assim.
SONHADOR DERROTADO: Eu sou um derrotado.
ILUMINAÇÃO: Off para o cacho de uvas.
NARRADOR: Meu amigo, você precisa renovar suas esperanças. Você tem que se apegar com Jesus. Ler a Bíblia.
SONHADOR DERROTADO: Mas eu leio.
NARRADOR: Tem que tomar posse do que ela diz.
SONHADOR DERROTADO: Mas as promessas dela não são para mim.
NARRADOR: Experimente lê-la de forma diferente.
SONHADOR DERROTADO: Como? De cabeça para baixo?
NARRADOR: Quando você encontrar uma promessa assuma ela como se tivesse sido escrita especialmente para você.
SONHADOR DERROTADO: Pra mim?
NARRADOR: Sim. Muitas delas foram feitas sob medida pra você.
SONHADOR DERROTADO: Se o autor da Bíblia é Deus… você está querendo dizer que Ele se preocupa comigo.
NARRADOR: Claro!
SONHADOR DERROTADO: Acho que vou tentar.
NARRADOR: Não diga ”vou tentar”, mas “vou conseguir”. Mude de atitude.
SONHADOR DERROTADO: Não custa nada, né? (Indo em direção a saída)
NARRADOR: Aonde vai?
SONHADOR DERROTADO: Para casa. Cansei dessa vida. Vou procurar as promessas que Deus tem para mim. Acho que deixei-as esperando muito tempo. Vou ver se elas ainda estão lá. Tchau!
NARRADOR: Com certeza estarão.
(Sonhador Derrotado sai de cena.)
NARRADOR: Tem gente que parece que só atrai coisa ruim. (Pequena pausa) Mas aí vem um outro sonhador.
(Sonhador Precipitado entra em cena.)
ILUMINAÇÃO: Luz sobre o cacho de uvas.
SONHADOR PRECIPITADO: Uva! Hum! (Indo em direção ao cacho) Eu adoro uvas.
NARRADOR: Hei! Espere!
ILUMINAÇÃO: Off para o cacho de uvas.
SONHADOR PRECIPITADO: (Desapontado) Ah!
NARRADOR: Acabaram de conhecer o Sonhador Precipitado.
SONHADOR PRECIPITADO: Precipitado? Eu?
NARRADOR: Não se considera?
SONHADOR PRECIPITADO: De jeito nenhum. Eu sou, digamos assim, um sujeito de decisão rápida.
NARRADOR: Você é formado?
SONHADOR PRECIPITADO: Quase.
NARRADOR: É? Que legal! Em que ano você está?
SONHADOR PRECIPITADO: Em nenhum. Eu sou quase formado em direito, quase em artes plásticas, quase em medicina, quase em educação física.
NARRADOR: Você desistiu de todos?
SONHADOR PRECIPITADO: Quando tentava me tornar advogado pensei que seria um bom médico. Na medicina não me dei bem. Tenho pavor de sangue. Fui fazer Educação Física. Pensei que era só bater uma bolinha e sair com o canudo na mão. Desisti. Tranquei todos os cursos. Um dia quero terminar cada um deles.
NARRADOR: Você é casado?
SONHADOR PRECIPITADO: Hum! Quase.
NARRADOR: Então é noivo?
SONHADOR PRECIPITADO: (Insinuativo) Não exatamente. Na verdade nunca tive sorte no amor. Já tive alguns relacionamentos. Já estou no quarto casamento.
NARRADOR: Já casou quatro vezes?
SONHADOR PRECIPITADO: Acho que nenhuma delas era da vontade do Senhor. Nem sei se vou poder voltar para casa hoje.
NARRADOR: Como assim?
SONHADOR PRECIPITADO: Hoje de manhã saí fugido.
NARRADOR: Por que?
SONHADOR PRECIPITADO: (Em tom de cochicho) Meu amor me tirou a bala de dentro de casa.
SONOPLASTIA: Metralhadora.
NARRADOR: Se abaixa!
(Sonhador Precitado abaixa-se. Levanta-se somente quando a metralhadora se silencia.)
SONHADOR PRECIPITADO: Acho que só me meto com pessoas erradas.
NARRADOR: (Irônico) Você acha?
SONHADOR PRECIPITADO: Meu amor dorme com uma espingarda do lado da cama. A anterior era traficante. Com a primeira tive um filho. Só que eu não pago pensão.
NARRADOR: Isso é crime. Sabia que você pode ser preso?
SONHADOR PRECIPITADO: Eu tenho um pouco de dúvida quanto a paternidade da criança. Eu sou branco, a mãe da criança é alemã. Não é que meu filho nasceu bem escurinho. Meu ex-vizinho, que é afro-descendente, trata o moleque como um filho.
NARRADOR: Você tem razão. Você só se mete com pessoas erradas. Nunca orou por causa disso?
SONHADOR PRECIPITADO: Eu sempre orei, e sempre oro. Sempre peço sinal para Deus. E Ele sempre me dá.
NARRADOR: Sinal? Como assim?
SONHADOR PRECIPITADO: Eu peço o sinal de Gideão. A lã e o orvalho. Conhece a história?
NARRADOR: Eu leio a Bíblia. Mas você não acha errado ficar pedindo sinal para descobrir a vontade de Deus num assunto que você sabe ser errado?
SONHADOR PRECIPITADO: Não devo pedir sinal?
NARRADOR: Você deve ouvir a voz de Deus através da Palavra dEle. Mas você deve fazer isso com bastante oração.
SONHADOR PRECIPITADO: Será que o que fiz foi errado?
NARRADOR: Creio que você já sabe a resposta. (Noutro tom) Você tem sonhos?
SONHADOR PRECIPITADO: Tenho.
NARRADOR: Poderia contar para nós.
SONHADOR PRECIPITADO: Eu queria ter um carrinho. Estou cansado de “lotação”.
NARRADOR: Já orou sobre isso?
SONHADOR PRECIPITADO: Hum!
ILUMINAÇÃO: Luz sobre o cacho de uvas.
NARRADOR: Está vendo aquele cacho de uvas?
SONHADOR PRECIPITADO: Eu não sou raposa.
NARRADOR: Não é. Ela já passou por aqui. Suponha que um daqueles bagos represente seu sonho. O que você fará para alcançá-lo?
SONHADOR PRECIPITADO: É fácil.
(No meio do palco é colocado um caixote. O Sonhador Precipitado apanha-o e vai até cacho. Sobe no caixote e apanha um bago sem dificuldade.)
NARRADOR: Conseguiu?
SONHADOR PRECIPITADO: Consegui. (Pulando do caixote) Eu sabia que conseguiria. Viu? E foi fácil.
NARRADOR: Estoure para ver o que você ganha.
SONHADOR PRECIPITADO: (Ansioso) Vamos ver.
(Sonhador Precipitado estoura o balão. Encontra um pedaço de papel enrolado. Fica desanimado ao lê-lo.)
SONHADOR PRECIPITADO: Eu não acredito.
NARRADOR: O que foi?
(Sonhador Precipitado mostra o papel para a plateia. Nele está escrito: “FUSQUINHA 72”.)
NARRADOR: Fusquinha 72.
SONHADOR PRECIPITADO: Isso é pesadelo. Eu queria um Ford Fusion. Depois dessa vou embora.
(Vai em direção da saída.)
SONOPLASTIA: Metralhadora, granada explodindo.
SONHADOR PRECIPITADO: Acho melhor ir para aquele lado.
NARRADOR: Tome cuidado.
(Sai de cena pelo lado oposto.)
ILUMINAÇÃO: Off para o cacho de uvas.
NARRADOR: Nunca seremos bem sucedidos se formos sonhadores precipitados. Nosso sonho se torna em pesadelos. Mas nossa história não poderia acabar assim.
(Entra em cena Sonhador Vitorioso.)
NARRADOR: E aí está ele: Sonhador Vitorioso.
SONOPLASTIA: Tema da vitória de Aírton Senna na F-1.
NARRADOR: Como é que vai?
SONHADOR VITORIOSO: Pela graça de Deus, cada dia melhor. Não tenho nada de que me queixar. Deus me agraciou com um excelente casamento. Tenho uma esposa adorável, meus filhos são bons alunos. Tenho um emprego que me fornece uma renda razoável.
NARRADOR: Então você já tem tudo na vida. Não tem mais com o que sonhar.
SONHADOR VITORIOSO: De forma alguma! Continuo tendo sonhos. Alguém sem sonhos não tem razão para existir. Alvos são o que me impulsionam viver a cada dia. Até mesmo Deus tem um alvo com as nossas vidas.
ILUMINAÇÃO: Luz sobre o cacho de uvas.
NARRADOR: Vê aquele cacho?
SONHADOR VITORIOSO: Sim.
(Aproxima-se do cacho. Agora não há mais o caixote.)
NARRADOR: Ele representa os sonhos que você ainda não alcançou.
SONHADOR VITORIOSO: (Estudando o cacho) Eles estão bem altos. E são difíceis de alcançar.
NARRADOR: Vai desistir?
SONHADOR VITORIOSO: De forma alguma! Nossos sonhos devem ser algo elevado. Devem ser difíceis de alcançar. O sabor da vitória será muito mais gostoso.
NARRADOR: Mas você não vai conseguir.
SONHADOR VITORIOSO: Se aquela bênção foi Deus que me reservou, não vou deixá-la esperando.
(Sonhador Vitorioso sai de cena.)
NARRADOR: Ah não! Acho que ele desistiu. Não era como planejávamos, mas vamos ter que encerrar esse espetáculo. (Com desaponto) Eu pensava que esse personagem iria nos surpreender.
SONOPLASTIA: Serrote cortando uma madeira.
NARRADOR: O que está acontecendo?
SONHADOR VITORIOSO: (De fora) Espere e verás.
SONOPLASTIA: Algumas marteladas. Não precisa ser muitas.
(Entra o Sonhador Vitorioso. Agora traz consigo uma escada.)
NARRADOR: O que é isso? Uma escada?
SONHADOR VITORIOSO: Se a vida te dá um limão, faça uma limonada.
NARRADOR: Ela te deu madeira e pregos.
SONHADOR VITORIOSO: Fiz uma escada.
(Sonhador Vitorioso coloca a escada na parede, ao lado do cacho.)
NARRADOR: Ela está firme?
SONHADOR VITORIOSO: Ela só vai estar firme se eu estiver na vontade de Deus. E isso me dá segurança. Como diz a Bíblia: “Ensina-me a fazer a tua vontade, pois és o meu Deus; guia-me o teu bom Espírito por terra plana (Sl 143:10).” Se eu estiver na vontade do Senhor eu terei segurança. E só vou estar seguro se eu estiver na vontade de Deus.
NARRADOR: Gostei de sua reflexão.
SONHADOR VITORIOSO: Agora tem o primeiro degrau: a oração. (Começando a subir o primeiro degrau) Está escrito: “Por isso vos digo que tudo o que pedirdes em oração, crede que recebeste, e será vosso (Mc 11:24).” Se não tiver oração não dá para prosseguir. O inimigo está louquinho para me ver derrotado. Ele não vai querer deixar barato. Sei que não terei minha benção de “mãos beijadas”.
NARRADOR: Você tem razão. Deve ter sido isso que faltou nos nossos outros sonhadores. Mas qual é o outro degrau? Estamos ansiosos para saber.
SONHADOR VITORIOSO: (Avançando o próximo degrau) Persistência.
NARRADOR: Então, se eu estiver na vontade de Deus, se estou orando, só essas duas coisas não bastam? Tenho que persistir.
SONHADOR VITORIOSO: Sim. Se não tiver oração, não adianta persistir. E se eu souber que não estou na vontade de Deus nem adianta orar. Devo descer e buscar um outro sonho. Não adianta perder a vida toda atrás de um sonho que não é da vontade de Deus. O degrau da persistência é o mais árduo. Daniel teve uma oração persistente.
NARRADOR: Principalmente se Deus quiser te tratar nessa fase.
SONHADOR VITORIOSO: É tudo para que nós saibamos que chegaremos lá não pelos nossos méritos, mas pela misericórdia de Deus. Muitos se levantarão desacreditando de nós. Alguns falarão pelas nossas costas. Mas se eu estiver bem alicerçado mais cedo ou mais tarde passarei para o outro degrau.
NARRADOR: E qual é esse outro degrau?
SONHADOR VITORIOSO: É o melhor. O degrau da conquista.
(Sonhador Vitorioso apanha um balão e estoura-o. Nele há um papel escrito “BENÇÃO”. Ele mostra para a plateia.)
NARRADOR: Parabéns! Você alcançou o seu sonho.
SONHADOR VITORIOSO: Mas não acaba aqui.
NARRADOR: Não? Já sei! Você tem outro sonho.
SONHADOR VITORIOSO: Tem muita gente que esquece o próximo degrau.
NARRADOR: Tem mais uma ainda?
SONHADOR VITORIOSO: (Subindo o próximo degrau) O mais importante: Agradecimento. Muitos falham nesse estágio. Isso poderá ser empecilho para a conquista da nova bênção. Como terei coragem de pedir algo a Deus se fui tão ingrato da última vez. (Desce da escada.)
NARRADOR: Muitos se esquecem da parábola dos dez leprosos. Os dez foram curados, mas apenas um não foi ingrato.
SONHADOR VITORIOSO: Temos que aprender a não ser ingratos com Aquele que é tão bom para conosco. Gratidão devia ser um hábito nosso para com aqueles que nos cercam e principalmente com o Senhor. Como diz a Bíblia: “Comerás e te fartarás, bendizendo o Senhor teu Deus pela boa terra que te deu (Dt 8:10).”
NARRADOR: Sem dúvida daríamos muito mais valor as nossas conquistas.
SONHADOR VITORIOSO: Agora vou embora.
NARRADOR: Já vai?
SONHADOR VITORIOSO: Vou! Tá na hora de sonhar de novo.
(Cortina.)
FIM

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