É SOMENTE O COMEÇO

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Jesus foi crucificado! Jesus foi sepultado! É sábado à noite, seus seguidores estão arrasados.
Joel(seguidor de Jesus, mas não famoso), estava com seu casamento encaminhado com Sara.
Sara e a mãe de Joel tinham esperança de que com a morte de Jesus, “as coisas voltassem ao normal” e Joel agilizasse os preparativos para o casamento.
Apreensão pela morte da esperança que Jesus representava, pela perseguição que os poderosos estavam impondo, dor pela perda de um mestre tão próximo, terno e …
Pedro, o discípulo também estava confuso.
O dia amanheceu…

Personagens: Mãe.  Sara( noiva de Joel),  Joel,  Pedro( o apóstolo.), Míriam( uma vizinha)

Narrador: (Com voz empostada e firme, dá a seguinte explicação): Para melhor compreensão do conteúdo desta dramatização devo dizer que ela dá uma ideia do desânimo e expectativa que reinavam nos corações dos seguidores de Cristo após sua morte e como a ressurreição tornou-se apenas o começo da grande obra que é a Igreja dele hoje.
Esta mensagem é um desafio também para nós que temos a mesma responsabilidade de seus primeiros seguidores.
Nós sabemos um pouco do que aconteceu naquele final de semana que envolveu a sexta feira santa e no domingo da ressurreição.
Na sexta feira os discípulos tinham visto o Mestre Jesus morto numa cruz e para eles o fim de tudo havia chegado: era o fim de seus sonhos e esperanças.
No domingo da ressurreição tudo se modificou: uma nova vida começou para eles e para os que os seguiram depois.
Agora, levemos nossa imaginação para aquele dia que ficou entre aqueles dois importantes acontecimentos no registro da religião cristã: a Crucificação e a Ressurreição.
Na vida, em todas as épocas, há um dia sobre o qual nada é escrito, um período de tempo desconhecido entre incidentes dramáticos que se relacionam.
Entre a criação, no primeiro capítulo de Gênesis e a escolha do bem ou o mal, no terceiro capítulo;
entre a conversão de Paulo e sua volta para Damasco;
entre o noivado e o casamento
Entre todos esses acontecimentos, alguma coisa se passa que fica desconhecido, pois o sentido profundo de dois acontecimentos se processa apensas no coração humano.
Deve ter sido assim entre a sexta feira santa e o domingo da ressurreição, embora o que aconteceu não tenha sido registrado para nós.
O drama que agora irá de desenrolar, leva-nos para aquele sábado melancólico e trágico quando a cruz tinha cumprido sua missão e a do túmulo ainda não tinha ainda sido realizada.
Em imaginação, nós estamos em Jerusalém naquele sábado.
Estamos numa pequena casa nos arredores da cidade, onde a mulher está pondo a mesa para a refeição da tarde.

CENA I (Abre-se a cortina mostrando a sala. A mãe está colocando tigelas na mesa. Batem à porta).
MÃE:   (Logo) Quem é?
SARA:   (De fora) Sou eu, Sara.
MÃE:   Ah! Sara. (Vai a porta e recebe Sara). Tenho estado receosa de abrir a porta hoje.
SARA:   O Joel está em casa?
MÃE:   Não. Não o vejo desde hoje pela manhã. Há alguma dificuldade?
SARA:   Ora, mãe Raquel, não há nada para se preocupar. Eu venho da cidade e está tudo calmo por lá.
MÃE:   (Devagar) Calmo … na cidade? E ontem eu pensei que a cidade nunca mais ficaria tranquila. Tanto barulho e gritaria, a multidão empurrando e chorando. Eu tive medo, Sara, medo não sei de que, e até agora, não sei.
SARA:   Também senti medo. Havia alguma coisa na voz do povo, na maneira como eles gritavam e riam …
MÃE:   Bem, tudo acabou, Sara.
SARA:   (Pensando) Acabou mesmo, mãe Raquel?
MÃE:   (Com vivacidade) Que quer dizer? O homem está morto.
SARA:   E nós o vimos crucificado. Mas Joel pensa que ele não está morto.
MÃE:   Bem, agora talvez ele possa esquecer esta tolice e voltar ao trabalho. Eu admito que este Jesus tinha alguma coisa que atraía. Ele pôs o nosso Joel a andar com a cabeças nas nuvens, mas, afinal, a gente tem que trabalhar e é tempo de vocês dois se casarem.
SARA:   Isto é Joel que resolve.
MÃE:   Talvez, mas você pode ajudá-lo a resolver.
SARA:   E a senhora acha que agora Joel esquecerá Jesus e voltará a velha vida?
MÃE:   Que há para lembrar? Uma fisionomia bondosa, uma voz atraente e algumas ideias estranhas… Depois de algum tempo estas coisas tornam-se meras e vagas lembranças…
SARA:   Antigamente eu diria que a senhora está com a razão, mas agora … Joel parece tão mudado!
MÃE:   Enfeitiçado, talvez, mas, cabe a você, Sara, fazê-lo esquecer esta tolice. Quando Joel estiver casado e tiver sua própria família com a qual se preocupar e para a qual trabalhar, ele não terá muito tempo para divagar sobre ideias estranhas. Agora, Sara, deixe de se preocupar. Está quase na hora de nosso jantar, você, quer comer conosco?
SARA:   Obrigada mãe Raquel. Aceitarei tanto o seu conselho quanto o seu convite.
MÃE:   Você será uma boa filha, Sara. Olhe a estrada. Você vê Joel?
SARA:   (Olha pela janela) Não vejo ninguém. Espere. Há alguém sim. É Joel, e ele vem bem devagar.
MÃE:   Acende a lâmpada, sara, para que ele saiba que estamos aqui. (Sara acende a lâmpada que está sobre a mesa). Eu tenho pão que fiz ontem. Você precisa vir aqui qualquer hora para aprender como faço este pão que é o preferido de Joel.
SARA:   Há muitas coisas que eu preciso aprender.

CENA II (Abre-se a porta e Joel entra).
MÃE:   Joel, meu filho, estávamos esperando por você.
JOEL:   (Com indiferença) Sinto ter chegado atrasado. A senhora não devia ter esperado. (Sara adianta-se). Sara, prazer em vê-la.
SARA:   Boa noite, Joel. Sua mãe convidou-me para jantar com vocês.
JOEL:   (Ainda com indiferença). Você é sempre bem-vinda, Sara.
MÃE:   Um dia desses será Sara quem servirá o jantar. (Joel atravessa a sala e senta-se no banco pondo as mãos no rosto).
SARA:   Quais são as novidades na cidade, Joel?
JOEL:   (Sacudindo a cabeça) Não há nada. Eu não posso compreender … Eu pensei que com certeza…
SARA:   Você preferiria o contrário?
JOEL:   (Olha com vivacidade; ouve-se um ‘quê’ de animação em sua voz) O contrário? Que quer dizer, Sara?
SARA:   Ontem havia barulho e confusão na cidade. Você deve estar satisfeito porque hoje não há dificuldades.
JOEL:   Sim. Estou contente porque não há confusão, mas eu não sei, parece que devia haver qualquer coisa. Um dia Jesus apareceu… Ele significava tanto para nós e agora ele partiu. Tudo acabou… mas não devia ter acabado.
MÃE:   Sara tem razão. Você deveria estar contente por nada ter acontecido como consequência de você ter seguido este Jesus.
JOEL:   (Pensativamente) Nada aconteceu??
MÃE:   Tempo perdido… quando você poderia estar trabalhando… pondo de lado algum dinheirinho para você e Sara…
SARA:   Por favor, mãe Raquel. MÃE:   Bem, tudo acabou. Venham, vamos comer.

CENA III (Batem à porta).
MÃE:   Quem será?
JOEL:   Eu abrirei a porta, mãe. (Abre a porta) Ah! Boa noite, Míriam.
MÍRIAM:  (Chega-se à porta). Boa noite, Joel. Estou contente por você já estar em casa. Boa noite para todos.
MÃE:   Boa noite, Míriam. Não quer entrar?
MÍRIAM:  Não. Não posso ficar. Sei que estão jantando, mas eu tinha que avisá-los.
MÃE:   Avisar-nos?
MÍRIAM:  Avisar Joel. Meu marido soube hoje que os soldados romanos estão procurando todos os que eram seguidores de Jesus.
MÃE:   Os soldados romanos? Porquê?
MÍRIAM:  Alguém disse ao meu marido que esses seguidores seriam presos. Porquê? Não sei.
MÃE:   Joel, que faremos?
JOEL:   Não há motivos para preocupações. Estive na cidade o dia todo e ninguém me notou.
MÍRIAM:  Esses romanos são assim. Eles esperam que a gente se despreocupe e depois lançam as garras.
MÃE:   Joel, o tio Miqueias poderia esconder você nas montanhas até o perigo passar.
JOEL:   Não tenho medo, mãe.
MÍRIAM:  Bem. Agora preciso voltar ao meu jantar. Mas tinha que avisá-los antes.
JOEL:   Muito obrigado, Míriam.
MÃE:   Venha cá, Míriam, vou dar um pão para você levar.
MÍRIAM:  Não posso recusar, Raquel. Espero que nada aconteça ao Joel. (Saem, Mãe e Míriam. Há um momento de silêncio. Joel vai até a janela. Sara o acompanha com os olhos e então fala com timidez).
SARA:   Há qualquer coisa que eu possa ajudar, Joel?
JOEL:   O que? Perdoe-me… Eu não estava escutando.
SARA:   Eu sei que você está preocupado. Eu pensei que talvez eu poderia…
JOEL:   Você é muito boa, Sara. Merece muita felicidade.
SARA:   Você é minha felicidade, Joel.
JOEL:   (Senta-se em desespero). Que farei? Que farei?
SARA:   Que pode fazer, Joel. O homem está morto.
JOEL:   Por favor.
SARA:   Mas você precisa se conformar, Joel. Eu sei que ele era muito importante para você e para muitos outros. Ele fez muitas coisas grandes e boas, mas agora ele partiu e a vida de vocês deve continuar.
JOEL:   Eu sei que o que você diz é verdade. Mas mesmo assim…
SARA:   O que mais pode haver?
JOEL:   Eu não sei, Sara, mas de qualquer jeito eu não posso acreditar que tudo o que ele ensinou, que tudo pelo qual ele lutava, deve terminar agora. Talvez ele tenha partido para sempre… mas, há aqueles que o ouviram e creram nele: nós podemos continuar.
SARA:   Mas talvez haja perigo. Você ouviu o que Míriam disse.
JOEL:   É! Há isso. Mas agora não parece importante.
SARA:   E eu, Joel?
JOEL:   Sara, eu não sei… eu não sei… (Joel põe as mãos no rosto. Sara pega as tigelas e torna a colocá-las na mesa. Entra a mãe).

CENA IV
MÃE:   Porque os dois estão tão sérios? Venham, vamos comer e depois poderemos conversar.
JOEL:   Sim, há muito que conversar.
MÃE:   Aquela Míriam e seus mexericos! O marido dela sempre conhece alguém que conhece alguém. Você acha que há alguma verdade no que ela diz, Joel? Agora que Jesus está morto, com certeza não haverá mais complicações.
JOEL:   Não nos preocupemos hoje, mãe. Temos o seu pão delicioso. Hum!!, que cheiro bom, e eu estou morrendo de fome.
MÃE:   Joel, aqui estou a conversar e você provavelmente não comeu nada durante todo o dia. Sente Sara, você também. (Todos sentam-se à mesa. A mãe parte o pão e dá um pecado para Joel e outro para Sara).
JOEL:   Ninguém é capaz de fazer um pão tão gostoso como a senhora, mãe. Qual é o seu segredo?
MÃE:   Segredo nenhum, Joel. (Batem à porta). Será que não poderemos ter uma refeição em paz? (Vai à janela e olha para fora e volta depressa para a mesa). Joel. É aquele homem que andava com Jesus. Aquele Pedro… Você acha …?
JOEL:   Eu falarei com ele mãe. A senhora e Sara terminem o seu jantar lá na cozinha. (A mãe e Sara pegam as tigelas e saem. Joel vai abrir a porta para Pedro).

CENA V
JOEL:   Que novidades há, Pedro?
PEDRO:  (Entrando) Que novidades poderia haver?
JOEL:   Eu não sei, Pedro, mas espero alguma coisa…
PEDRO:  Andei o dia todo pelas montanhas, dizendo comigo mesmo: ‘Não pode ser, não pode ser!’ – Mas a resposta era sempre a mesma: ‘Mas é, mas é!’.
JOEL:   eu sei, Pedro. O dia de ontem parece um sonho e continuo a esperar que eu acorde.
PEDRO:  Nunca pensei que aquilo aconteceria, Joel. Eu tinha a certeza de que ele se salvaria. (Com angústia). Porquê não fez? Porquê?
JOEL:   Não sei, Pedro.
PEDRO:  Ele era meu amigo e eu o deixei morrer. Sim, primeiro feri um dos soldados que o vinha prender, mas Jesus impediu-me que continuasse. E naquela noite, mais tarde (deixa cair a cabeça) cheguei a negar que eu o conhecia. (Levanta a cabeça). Porque fomos covardes? Ao menos poderia falar a seu favor. Eu te afirmo, Joel, não pensei que chegasse a acontecer.
JOEL:   Pedro, não se aflija tanto. Ainda há muito que fazer.
PEDRO:  O que fazer… Como podemos pensar em trabalho, se nada tem valor sem ele?
JOEL:   Mas você acha que ele gostaria que nós continuássemos?
PEDRO:  Eu não posso pensar em mais nada, a não ser em seus olhos… a maneira como ele olhou para mim quando saiu da casa do Sumo Sacerdote.
JOEL:   Você se lembra, Pedro, uma vez ele disse: ‘Eu voltarei’? Que quis ele dizer?
PEDRO:  (Com um pouco de alegria na voz). Ele disse isso mesmo. Você acha…? (Sacode a cabeça tristemente). Mas não… Porque nos deixou? Nós precisamos tanto dele… Ele chamou-me ‘sua rocha’ e na hora que mais precisou de mim, eu o neguei…
JOEL:   Todos nós o negamos, Pedro, mas eu tenho certeza de que sua obra não está terminada; ainda há muito para nós fazermos.
PEDRO:  Mas que mensagem podemos oferecer? Aquele que veio falar da vida está morto.
JOEL:   Você está cansado, Pedro. Vá para casa e descanse. Pela manhã as coisas parecerão melhores.
PEDRO:  Pela manhã… Haverá outra manhã?
JOEL:   Pela manhã resolveremos o que fazer.
PEDRO:  Você tem razão. Minha mente está confusa com tanta tristeza. Eu virei amanhã de manhã.
JOEL:   Até amanhã, meu amigo. (Joel abre a porta para Pedro e fica olhando-o sair. A mãe e Sara entram pela outra porta).

CENA VI
MÃE:   Então, que disse Pedro? Está resolvido a voltar à pesca? Ouvi dizer que ele é bom pescador.
JOEL:   O coração de Pedro está muito aflito. Ele ainda não sabe o que vai fazer.
MÃE:   E você, Joel? O que pretende fazer? Sara contou-me algumas coisas bem esquisitas. Será que você não pode assentar sua vida, Joel? Nós fomos muito pacientes quando você estava seguindo este homem, mas agora…
JOEL:   A senhora acha que está tudo acabado, e talvez tenha razão, mas alguma coisa dentro de mim diz: ‘Espere, espere’.
MÃE:   (Com impaciência). Esperar? Esperar pelo quê?
JOEL:   Isso eu não sei. Mas dê-me mais um dia. Se não tiver uma resposta amanhã, então virei para casa e viverei conforme a senhora deseja.
MÃE:   (Num tom mais bondoso). Eu não quero ser severa, filho, mas você é homem e deve fazer trabalho de homem. Agora está ficando tarde. Fique conosco esta noite, Sara. Pela manhã, bem, pela manhã nós veremos…
SARA:   Obrigada, Mãe Raquel. Boa noite, Joel. Espero pela manhã.
JOEL:   (Vai até Sara, toma-lhe pela mão). Boa noite, Sara. Perdoe-me. Boa noite mamãe. Eu ficarei aqui um pouco ainda. MÃE:   Está bem, Joel. (Saem, Raquel e Sara. Joel ajoelha-se perto da mesa).
JOEL:   Oh! Deus. Ele nos ensinou a chamar-te Pai e agora na hora de aflição eu venho a ti. Ajuda-me a resolver o que devo fazer.
(As luzes vão se apagando, ou a cortina é fechada por um minuto enquanto o piano ou o órgão toca uma música devocional. Depois as luzes se acendem mostrando que é dia. Joel está adormecido perto da cadeira. A mãe entra e vai até onde ele está).
MÃE:   Joel, Joel, acorde. É dia. Você dormiu aqui a noite toda.
JOEL:   Dia? É dia, mãe?
MÃE:   Sim. Uma linda manhã (Vai até a janela e abre-a) veja como o céu está azul O sol doura nas montanhas…
JOEL:   (Vai até a janela vagarosamente). É dia… (Com entusiasmo) Olhe quem é que vem pela estrada…
MÃE:   (Olhando pela janela). É Pedro. Ele está correndo. Ó Joel, espero que não haja perigo. Talvez Míriam falasse a verdade… Talvez sejam os soldados romanos…
JOEL:   Não. Não há perigo, mãe. Olhe o seu rosto.
(Pedro começa a gritar como que de muito longe
PEDRO:   ‘Joel! Ele ressuscitou! Ele ressuscitou!’ (Várias vezes).
JOEL:  Ele está rindo e gritando.
(Abre a porta e sai correndo a gritar)
JOEL:   O que é, Pedro? O que aconteceu?
SARA:   (Entrando) Alguém chamou, mãe Raquel?
MÃE:   Sara, é Pedro! Ele trouxe algumas notícias (Vão até a porta e olham para fora). Veja, ele e Joel estão falando ao mesmo tempo. Como estão entusiasmados. Repare seus rostos. ‘Ele ressuscitou! Ele ressuscitou!’ é o que gritam.
MÃE:  Ah! Sara, eu desejei tanto que tudo houvesse acabado…
SARA:   (Ainda olhando para fora com vagar). Não, não está acabado, mãe Raquel. É somente o começo…
(Leitura em Mc. 16.9-20, e em seguida toca-se ou canta-se um hino referente a ressurreição).

Texto encontrado na WEB, no blog  CANTINHO DA ALMA

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