ONDE HÁ AMOR, DEUS AÍ ESTÁ (Teatro de Natal)

(Baseado no conto de Leo Tolstoi)
Um velho sapateiro russo , na véspera de Natal, ouve uma voz divina dizendo que amanhã iria visitá-lo…
Este velho havia imaginava… Se o Senhor nascesse aqui eu lhe daria o melhor sapato que já fiz.
Ansioso esperando a visita do Senhor foi solidário com um gari, uma mãe e sua filha…
Ao final do dia vai ler a Bíblia em Mateus 25:40 ‘Digo-lhes a verdade: o que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram’.

NARRADOR: Numa vila distante, na Rússia, por volta de 1850,vivia um velho sapateiro, muito querido e honrado por seus vizinhos, que o apelidaram de Pai Martinho. Uma vez, no rigoroso inverno, na véspera de Natal, Pai Martinho estava sentado em sua pequena oficina e lia na Bíblia a história do nascimento de Jesus.

MARTIM: Se amanhã fosse o primeiro Natal e Jesus nascesse aqui, eu sei o que lhe daria de presente. Eu lhe daria estes sapatinhos, os melhores que já fiz até hoje.

(Martim apaga a vela. Deita-se e logo pega no sono. De repente ouve uma voz:)

VOZ: Martim!

MARTIM: O que é??

(Vai até a porta, mas não vê ninguém. Deita-se e dorme novamente.)

VOZ: Martim! Martim! Amanhã passarei por sua porta. Se você me vir e me convidar, entrarei em sua casa e me hospedarei com você.

(Pai Martinho acorda espantado e se levanta cedo. Toma um lanche, veste o avental e começa a trabalhar, com os pensamentos voltados para o que lhe acontecera. Vai falando sozinho:)

MARTIM: Mas o que mesmo me aconteceu? Será que foi apenas um sonho qualquer? Ou será que realmente ouvi uma voz?

NARRADOR: Pela janela de sua oficina, Pai Martinho observa todos que passavam pela rua. Na verdade via somente os pés dos que passavam, mas reconhecia-os pelos calçados. Eram poucos os calçados da vizinhança que não tinham passado por suas mãos, uma ou duas vezes pelos menos, para que os consertasse.

De repente viu aproximar-se o varredor de rua, que parou diante da janela da sua oficina, esfregando as mãos para aquecê-las.

“É um velho que não tem mais forças; vejo que ele mal consegue ajuntar o lixo”- pensou Pai Martinho. “Vou oferecer-lhe um pouco de chá.”

(Martim para de costurar os calçados, levanta-se e bate nos vidros da janela e faz-lhe sinal para entrar. Dirige-se à porta e a abre.)

MARTIM: Entre, venha aquecer-se um pouco e tome uma xícara de chá bem quente. Sente-se. Aqui está o chá.

(Martim dá a xícara ao varredor, que a toma e agradece pela acolhida. Enquanto seu hóspede toma o seu chá, Pai Martinho lança, de vez em quando, um olhar para a rua.)

VARREDOR: Você está esperando alguém?

MARTIM: Bem, para dizer a verdade, sim. Quero dizer … estou e não estou. Não posso esquecer algumas palavras que ouvi esta noite, enquanto dormia. Talvez sonhei; talvez, não. Ouvi uma voz que me dizia: “Martim! Martim! Amanhã passarei por sua porta. Se você me vir e me convidar, entrarei em sua casa e me hospedarei com você.” Embora me pareça quase uma bobagem, a todo o momento estou esperando o Hóspede Divino.

NARRADOR: O homem ouviu aquelas palavras e seus olhos se encheram de lágrimas. Depois levantou-se, agradeceu pela hospitalidade e despediu-se:

VARREDOR: Muito Obrigado, Pai Martinho, por me ter convidado para entrar em sua casa e ter servido um chá. Agora me sinto aquecido e com novas forças.

MARTIM: Volte sempre. Será um prazer.

(Depois senta-se junto à janela para continuar o trabalho, mas sempre olha para fora)

NARRADOR: Uma hora depois, Pai Martinho viu uma mulher, miseravelmente vestida, com uma criancinha no colo. Ela parara para encontra-se à sua porta, a fim de proteger-se contra o vento e contra o frio. O coração do velho sapateiro moveu-se de compaixão. Apressadamente, abriu a porta.

MARTIM: Minha senhora! Minha senhora! Entre e aqueça-se, enquanto descansa. A senhora parece doente. Sente-se e tome uma sopa, enquanto seguro seu filho. Também já tive filhos e sei como cuidar deles.

( A mulher toma a sopa e começa a contar sua história:)

MULHER: Estou a caminho do hospital e espero que haja lugar para mim e para meu filho. Sou uma viúva e estou doente e sem dinheiro.

MARTIM: Pobre criança! Deixe-me dar-lhe uma xícara de leite. Que carinha inteligente e querida! Por que não lhe pôs um par de sapatinhos?

MULHER: Não tenho sapatinhos para lhe calçar.

MARTIM: Então ele vai ganhar este lindo par que terminei ontem. São os sapatinhos mais lindos que já consegui fazer. Veja como são macios. Iria calçá-los nos pés do menino Jesus, se hoje fosse o seu primeiro Natal e se tivesse nascido aqui.

MULHER: (emocionada) – Pai Martinho, eu lhe agradeço em nome de Jesus. Deus o recompensará por sua bondade! Foi certamente ele que me mandou aqui e que o levou a olhar pela janela.

MARTIM: (sorrindo) – Não foi sem razão que olhei pela janela!

(Ele conta à mulher o sonho que tivera, repetindo as palavras acima.)

NARRADOR: Depois que a mulher se retirou, Pai Martinho recomeçou seu trabalho. Trabalhava sentado em seu banquinho, mas não se esquecia de olhar para fora da janela, logo que via uma sombra. Passava gente conhecida e gente desconhecida, mas ele não notou nada de especial.

(Fazer esta cena!) Pai Martinho viu então parar diante da sua janela uma velha vendedora ambulante. A mulher levava uma cesta de maçãs. Ela pôs a cesta na calçada para descansar. De repente, surgiu um garoto, meteu a mão na cesta, pegou uma maçã e tentou fugir. Mas a mulher voltou-se rapidamente e o agarrou pelo braço, segurando-o com as duas mãos. O garoto pôs-se a gritar e a velha começou a xingá-lo.

( Pai Martinho vai para fora. A mulher continua a puxar os cabelos do menino e a xingá-lo. Ela quer levá-lo até a polícia, mas ele resiste e tenta escapar.)

MENINO: (gritando) – Por que a senhora me bate? Eu não roubei. (Pai Martinho tenta separar os dois.)

MARTIM: Deixe-o, vovozinha, e perdoe-o em nome de Cristo.

VENDEDORA: O meu perdão será dar-lhe um castigo que lhe servirá de lição por toda a vida. Vou levar este maroto para a polícia.

MARTIM: (suplicando) – Deixe-o, vovozinha! Ele não fará mais isso. Por favor, deixe-o! ( A mulher o solta. O menino quer fugir, mas Pai Martinho o segura)

MARTIM: Você deve pedir perdão à vovozinha e prometer que não roubará mais. ( O menino, chorando, pede perdão a ela.)

MARTIM (pegando uma maçã): Bem, eis uma maçã para você.

(olhando para a mulher) – Eu lhe pagarei a maçã, vovozinha.

VENDEDORA: Por que o senhor vicia este moleque? É preciso castigá-lo, para que se lembre disso pelo menos por uma semana.

MARTIM: Ah, vovozinha. Do ponto de vista humano, talvez seja justo castigá-lo, mas esta não é a vontade do Senhor. Ele nos mandou perdoar aos culpados. ( A mulher pega a cesta, mas imediatamente o menino corre para ela e exclama:)

MENINO: Vovozinha, deixe-me ajudá-la a levar esta cesta até sua casa. Vou pelo mesmo caminho.

NARRADOR: A mulher comoveu-se e ambos se puseram a caminhar. A mulher se esquecera até mesmo de pedir ao Pai Martinho que ele lhe pagasse a maçã. O sapateiro ficou olhando os dois que se afastavam conversando.

Pai Martinho retornou para o seu posto de observação à janela e ficou espiando até à noitinha. Muitas pessoas passaram pela rua, e muitos necessitados receberam sua hospitalidade. Contudo, o esperado Hóspede Divino não apareceu. Ao anoitecer … .

MARTIM: É, o dia está chegando ao fim. Nada de especial aconteceu. Ainda preciso arrumar a oficina para amanhã. (Ele tira o avental, guarda as ferramentas e varre o chão.)

Já estou ficando com fome. (Prepara rapidamente um lanche.) (Tira a Bíblia da prateleira. Abre e começa a ler. Faz um ar de pensativo, enquanto relembra a visão que tivera na noite anterior.)

VOZ: Amanhã passarei por sua porta. Se você me vir e convidar, entrarei em sua casa e me hospedarei com você.

NARRADOR: Pai Martinho teve a impressão de notar um movimento atrás de si, como se alguém chegasse em sua direção. Ele olhou ao redor e viu, num canto, sombras que pareciam figuras … figuras de pessoas em pé. ( O Varredor, a senhora com o filho, a mulher e o menino ficam num canto, no escuro ou tapados com lençol)

VOZ: Pai Martinho! Pai Martinho! Você me conhece?

MARTIM: Quem é você?

VOZ: Eu mesmo. Eis-me aqui, sou eu …

(Aparece o VARREDOR de rua, sorrindo, mas logo desaparece .) (Pausa – Música clássica ao fundo)

VOZ: Eis-me aqui, sou eu … (Aparece a senhora com o filho no colo, ambos sorrindo e desaparecendo a seguir.) (Música ao fundo)

VOZ: Eis-me aqui, sou eu … (Aparece a mulher velha como menino. Este tem na mão uma maçã. Ambos sorriem para o sapateiro e desaparecem.) (Música ao fundo.)

NARRADOR: Pai Martinho sentiu uma grande alegria. Pôs os óculos e começou a ler a Bíblia na página que abrira. Era Mateus 25.35… onde o Senhor Jesus disse:

MARTIM (com voz pausada): Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram;
necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram’.
“Então os justos lhe responderão: ‘Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber?
Quando te vimos como estrangeiro e te acolhemos, ou necessitado de roupas e te vestimos?
Quando te vimos enfermo ou preso e fomos te visitar? ’
“O Rei responderá: ‘Digo-lhes a verdade: o que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram’.

Mateus 25:35-40

NARRADOR: Agora Pai Martinho teve certeza de que o sonho não o enganara: o Senhor realmente tinha estado em sua casa e ele o havia hospedado.

** FIM **

Fonte WEB – Teatros Católicos

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