JESUS NASCEU NO BRASIL

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O Salvador foi enviado ao mundo para trazer a Salvação ao pecador. 
Jesus foi perseguido pelas autoridades e buscado pelos humildes. 
E Jesus cumpriu plenamente a sua missão. 
Nos deu pleno acesso ao Pai.
Aqui o autor reconta esta história.
Ambientada no Brasil, recheada de bom humor e crítica política.

(Versão em três atos)
PERSONAGENS
Narrador
Isaías, profeta
Maria, jovem virgem, mãe de Jesus.
Anjo, desajeitado.
José, noivo de Maria.
Isabel, parenta idosa de Maria.
Atendente de Telemarketing.
Recepcionista, da pensão em que José e Maria tentam hospedar-se.
Pastor I, amigo do Pastor II, mal cantor.
Pastor II, amigo do Pastor I, canta bem.
Apresentador de Telejornal.
Geraldina Goldshimith, repórter com sotaque nordestino.
Astrólogo I, sério e equilibrado emocionalmente.
Astrólogo II, crítico, porém desatento.
Astrólogo III.
Herodes, governador de Minas Gerais, pouco inteligente e franzino.
Empregado de Herodes.
Biblista.
Raquel.
Policial I
Figurantes: Câmera, Vaca, Legião, Jesus, Transeunte, Policial II, Empregado II.
ÉPOCA: Contemporâneo
LUGARES DO DRAMA: Belo Horizonte – MG – Brasil e Belém – PA – Brasil
 
ATO PRIMEIRO
NARRADOR: O Reino de Judá estava sob ameaça de seus inimigos, mas Deus aproveitou a ocasião para usar o profeta Isaías para falar daquele que seria o maior acontecimento da história.
(Abrem-se as cortinas. Cenário neutro. Isaías está de pé no centro do palco.)
CENA ÚNICA
(Narrador, Isaías)
ISAÍAS: (Declamando:) Escutem, descendentes do rei Davi! Será que não basta vocês abusarem da paciência das pessoas? Precisam abusar também da paciência do meu Deus? Pois o Senhor mesmo lhes dará um sinal: a virgem dará à luz um filho e porá nele o nome de Emanuel. Quando ele chegar à idade de saber escolher o bem e rejeitar o mal, o povo terá tudo o que precisar.
NARRADOR: O julgamento do povo do SENHOR era iminente e eles sofriam as consequências por se afastarem da Lei do seu Deus. Era um tempo de trevas e escuridão, sofrimento e angústia. Mas a Isaías Deus mostrou uma luz:
ISAÍAS: (Voltado à plateia:) O povo andará de um lugar para outro, sem rumo, desanimado e com fome. Por causa da fome, ficarão com raiva e amaldiçoarão o seu rei e o seu Deus. Olharão para o céu e depois para a terra e verão somente sofrimento e escuridão, trevas e angústia; porém não poderão escapar delas. Mas a aflição dos que estiverem sofrendo vai acabar; o povo que andava na escuridão viu uma grande luz; a luz brilhou sobre os que viviam nas trevas.
Pois já nasceu uma criança, Deus nos mandou um menino que será o nosso rei. Ele será chamado de “Conselheiro Maravilhoso”, “Deus Poderoso”, “Pai Eterno”, “Príncipe da Paz”. Ele será descendente do rei Davi; o seu poder como rei crescerá, e haverá paz em todo o seu reino. As bases do seu governo serão a justiça e o direito, desde o começo e para sempre. No seu grande amor, o SENHOR Todo-poderoso fará com que tudo isso aconteça.
(Fecham-se as cortinas)
 
ATO SEGUNDO
(Abrem-se as cortinas. O cenário de fundo é um painel representando uma grande cidade brasileira. Móveis e utensílios podem ser acrescentados no decorrer na peça, para representar mudanças de ambiente.)
 
CENA I
(Maria está varrendo o chão de sua casa, cantando, distraída, a música que toca no rádio. A música está bem alta. Entra, à direita, o anjo.)
ANJO: (Austero:) Que a paz esteja com você, Maria!
(Maria continua varrendo a casa, sem perceber a presença do anjo)
ANJO: Maria!
(Maria não responde. O anjo se impacienta:)
ANJO: (Gritando:) Maria!
(Maria vira-se enquanto fala:)
MARIA: (Alto:) Quê que foi!?
(Maria grita assustada ao ver o anjo)
ANJO: Não tenha medo, Maria!
MARIA: (Abaixa o som. Nervosa:) Como você quer que eu não tenha medo, entrando assim, sem bater? Desse jeito você me mata do coração! E aliás, quem é você?
ANJO: (Austero:) Eu sou o anjo Gabriel e venho trazer uma mensagem de Deus para você, (Irônico) posso?
MARIA: (Diminui o tom de voz. Admirada:) Ah! Você é um anjo? (Ajoelha-se) Nossa, me desculpa, seu anjo!
ANJO: (Austero:) Levante-se. Prostre-se apenas diante do seu Deus.
(Maria levanta-se e baixa a cabeça. Começa a música Maria, de Fernanda Brum)
MARIA: (Tímida:) O que Deus quer falar comigo?
ANJO: (Canta:) Você é uma mulher sensível
A Deus serva submissa
Viveu ao Senhor sempre rendida
Bendita entre as mulheres
Exemplo será pra sempre
Bendito é o fruto do seu ventre
Alcançou graça no Senhor
MÚSICOS: (Cantam:) Ela disse em seu coração
MARIA: (Canta:) Engrandece alma minha
Ah! meu Deus e meu Salvador
Pois sua graça e misericórdia
São de geração
Em geração
MÚSICOS: (Cantam:) O anjo de Deus lhe disse
ANJO: (Canta:) Não temas és escolhida
E a ti um favor foi concedido
Teu filho será investido
De glória e poder divino
Virá salvação desse menino
Alcançou graça no Senhor
MÚSICOS: (Cantam:) Ela disse em seu coração
MARIA: (Canta:) Engrandece alma minha
Ah! meu Deus e meu Salvador
Pois sua graça e misericórdia
São de geração
Em geração
Engrandece alma minha
Ah! meu Deus e meu Salvador
Pois sua graça e misericórdia
São de geração
Em geração
(Após o fim da música, ouve-se o som de um despertador. O anjo se assusta, tira um do bolso e o desliga)
ANJO: (Envergonhado:) Desculpa. Agora tenho que ir. Esse negócio de “nascimento do Messias” ‘tá dando um trabalho… (Caminha em direção à saída direita)
MARIA: (Alto:) Espera aí seu anjo! José ‘tá sabendo disso? E os meus pais? (Preocupada) Ah! Meu Deus, os meus pais vão me matar se me verem grávida!
ANJO: (Enquanto sai. Alto:) Não se preocupe, Maria, Deus está no controle!
(Sai o anjo)
MARIA: (Acenando. Hesitante:) Então ‘tá bem… Vai com Deus, seu anjo! (Pensativa:) Nossa, ele foi embora e eu nem ofereci um cafezinho… (O anjo entra de súbito, pela direita. Volta-se à plateia:)
ANJO: Um cafezinho até que seria bom!
(Sai o anjo)
MARIA: (Suspira:) E agora essa… eu, grávida…
(Passa a mão na barriga e sorri enquanto sai pela direita)
 
CENA II
(José, Anjo, Narrador)
(José entra pela esquerda e começa a andar de um lado para o outro.)
JOSÉ: (Pensativo:) Maria grávida… Aquela sirigaita… Vou terminar com ela… Não sou obrigado a carregar os chifres que ela me põe…
(José se senta e acaba caindo no sono. O anjo aparece em meio a uma fumaça leve.)
ANJO: (Voz suave, porém firme:) José não tenha medo de receber Maria como sua esposa, pois ela está grávida pelo Espírito Santo. Ela terá um menino, e você vai pôr nele o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos pecados deles.
NARRADOR: Quando José acordou, resolveu fazer o que o anjo do Senhor havia mandado e casar com Maria. Ela, alguns dias depois de receber a notícia de que ficaria grávida, foi à casa de Isabel.
 
CENA III
(Maria, Isabel)
(Isabel, grávida de seis meses, entra à esquerda trazendo uma cadeira, assenta-se e começa a tecer. Maria entra à direita e aproxima-se dela.)
MARIA: (Animada:) Ei Isabel, tudo bem?
(Maria está mastigando uma goma de mascar, enquanto Isabel fala)
ISABEL: (Alto:) Noss muié, mas cê é bençuada dimais, sô! E esse neném na sua barriga é muito bençuadu tamém, viu… Quem sou eu pra mãe do meu Sinhô vim me visitá?! Quando ocê falô comigo, a criança ficô toda ispivitada e chutô muito aqui dentru (Aponta para a própria barriga) ‘Tô até achando que vai ser jogadô de futibol, purquê né pussível um trem desse, gente! (Breve pausa. Olhar um pouco vago.) Eu tinha mais uma coisa pra falá, mas… Ah! Lembrei! É que ocê é uma bença, Maria, purquê cê cridita que Deus vai fazê o que ele te disse! Amém? Ô glória a Deus!
(Maria continua mascando e olhando atenta para Isabel, depois que esta acaba de falar. Isabel movimenta os lábios, sem voz, dizendo)
ISABEL: Cantar!
MARIA: (Franzindo a testa. Alto:) Quê? Andar? Dançar?
ISABEL: (Gesticulando caracteristicamente:) Cantar!
MARIA: (Franzindo a testa. Alto:) Hã? Limpar?
ISABEL: (Nervosa. Alto:) Cantar! Agora tá na hora docê cantar! Que coisa!
(A música A minh’alma engrandece ao Senhor, em ritmo de samba, começa)
MARIA: Ah! É mesmo!
MARIA: (Canta:) A minh’alma engrandece ao Senhor
Meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador
Pois com poder tem feito grandes coisas
E com misericórdia demonstrado amor
Santo,
Santo,
Santo és Senhor
Santo,
Santo,
Santo és Senhor.
 
MARIA: (Suspira. Alegre:) Isabel, vou ficar aqui por mais três meses.
(Isabel vira-se de costas para Maria, exprime, com a face, desgosto)
ISABEL:(Gritando enquanto sai pela esquerda:) Amor, pode pô mais água no fejão. Por mais trêis mês!
(Sai Maria pela esquerda)
 
CENA IV
(Narrador, José, Maria, Ura, Recepcionista, Vaca)
(Enquanto discorre a narração, ocorre a sua encenação. Maria e José entram juntos, pela direita)
NARRADOR: Naquele tempo o Presidente da República mandou uma ordem para todas as pessoas do país. Elas deviam se registrar a fim de ser feita uma contagem da população. Eu acho esse método um bocado velho, mas… fazer o quê? Se bobear ainda sai mais rápido que pela internet brasileira… Enfim, todos foram se registrar, cada um na sua própria cidade. José foi de Belo Horizonte para Belém do Pará. Levou consigo Maria com quem acabara de se casar. Ela estava grávida e quando eles chegaram em Belém:
MARIA: (Segurando a barriga. Afobada:) José, acho que chegou a hora.
JOSÉ: Ainda bem que você me lembrou, Maria: Eu já ia esquecendo de tomar os meus remédios! (Tira uns comprimidos do bolso)
MARIA: (Nervosa:) Não é hora do seu remédio, é a hora do bebê nascer, seu idiota!
(José começa a andar sem direção, passando as mãos pela cabeça, preocupado:)
JOSÉ: (Alto:) E agora, o quê que eu faço, o quê que eu faço?
MARIA: Chama um médico!
(José tira um celular do bolso e enquanto disca, fala o que está discando)
JOSÉ: Um, nove, oito. Não, é um, sete, dois. Não, não, é…
MARIA: (Grita:) Um nove dois! O telefone do médico é um, nove, dois!
JOSÉ: Ah! É mesmo! Um, nove, dois.
(Som de telefone tocando. Quando é atendido, ouve-se apenas a ura)
URA: (Sarcástica:) Bom dia, este é o atendimento eletrônico do SAMU, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Para “Eu estou um pouco mal”, digite um. Para “Eu estou mal”, digite dois. Para “Eu estou desesperado, pois o Messias está prestes a nascer”, digite três. Para “Eu estou morrendo”, digite quatro. Para “Eu morri”, ligue para a funerária Santa Luzia: sua tristeza, nossa alegria, no número zero operadora 31 2233- 4455. (José digita um número). Você escolheu: “Eu estou desesperado, pois o Messias está prestes a nascer”, aguarde, pois a ligação está sendo transferida para um de nossos atendentes… (Começa uma música baixa) Obrigado por utilizar o serviço do SAMU, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Nós estamos sempre prontos para te atender com rapidez e qualidade. Enquanto aguarda o atendimento, ouça depoimentos de pessoas que utilizam esse maravilhoso serviço do governo, premiado em vários países da América Latina: (Uma voz de terceiro entra no ar, dizendo:) “Eu odeio o SAMU. Liguei uma vez e…” É… eu apertei o botão errado, mas você pode confiar na qualidade desse serviço prestado sempre com amor e… (José desliga o telefone, nervoso. Ouve-se um choro de recém-nascido)
JOSÉ: (Encantado. Alto:) Nasceu!
MARIA: (Suavemente:) Nasceu a salvação da humanidade!
JOSÉ: Vamos achar uma pensão pra gente ficar, dar um banho nesse bebê…
(José e Maria saem em busca de uma pensão. Chegam a uma bem humilde (lado direito do palco) e dialogam com a recepcionista. Ela está lendo uma revista adolescente e mastigando goma de mascar)
JOSÉ: Moça, eu quero um quarto.
RECEPCIONISTA: (Desdenhosa:) Não tem nenhum quarto vago.
JOSÉ: Mas nós estamos com um recém-nascido aqui, precisamos de um quarto!
RECEPCIONISTA: (Nervosa. Alto:) Já falei que não tem quarto! Se quiserem, fiquem no curral, lá nos fundos!
(José e Maria (carregando o bebê), vão até o curral, do lado esquerdo, e colocam o bebê num cocho. Uma vaca se alimenta do feno que há no cocho)
MARIA: (Desalentada:) Vou colocá-lo aqui mesmo. Fazer o quê, né?
(José apenas faz um gesto de concordância. A vaca aproxima a boca do cocho)
MARIA: (Nervosa:) Sai daqui, (Irônica:) ô dona vaca! Você tá achando que vai ficar babando aqui em cima do meu filho?
(A vaca muge, levanta-se, fica sobre duas patas, e sai de cena pela direita, nervosa. Logo após, canta-se a música Noite de Paz, de Aline Barros, com o ritmo mais animado (apenas os músicos cantam))
MÚSICOS: (Cantam:) Noite de paz, noite de amor
Tudo dorme em redor
Entre os astros que espargem a luz
Proclamando o menino Jesus
Brilha a estrela da paz
Brilha a estrela da paz
 
Noite de paz, noite de amor
Nas campinas, ao pastor
Lindos anjos mandados por Deus
Anunciam a nova dos céus
Nasce o bom Salvador
Nasce o bom Salvador
 
Paz, paz, paz
A paz do Senhor
 
Paz, paz, paz
A paz do Senhor
 
Oh, Salvador
Nasce o bom Salvador
 
CENA V
(Narrador, Camponeses I e II, Anjo, Legião)
(Dois camponeses entram pela direita. Cuidam de suas ovelhas em campo aberto)
NARRADOR: Enquanto isso, nos campos, camponeses tomavam conta dos rebanhos de ovelhas. Então um anjo do Senhor apareceu (Entra à direita o anjo, correndo), e a luz gloriosa do Senhor brilhou por cima dos camponeses (Aumenta a luz. Os camponeses expressam medo)
ANJO: (Cansado. Alegre:) Não tenham medo! (Toma fôlego) Ah! Espera um pouquinho… (Voltado para a plateia:) Nossa, essa vida não tá fácil pra ninguém, viu! E essa aposentadoria que não sai!… (Voltado para os camponeses) Desculpa o susto, viu? Estou aqui a fim de trazer uma boa notícia para vocês! (Empolgado:) Hoje mesmo, em Belém, nasceu o Salvador de vocês – o Messias, o Senhor! Esta será a prova: vocês encontrarão uma criancinha enrolada em panos e deitada num cocho!
(Entram mais bastantes anjos. Começa a música Glória, do cantor cristão batista. Os anjos dançam animadamente enquanto cantam)
LEGIÃO: (Canta:) Glória, glória, aleluia!
Glória, glória, aleluia!
Glória, glória, aleluia!
Vencendo vem Jesus!
(Saem os anjos pela direita. Um deles vai para a esquerda, mas ao perceber que está só, volta correndo para o lado pelo qual foram os seus iguais.)
 
CENA VI
(Camponeses I e II, Maria, José e Jesus)
CAMPONÊS I: Vamos até Belém para ver o que aconteceu!
CAMPONÊS II: Vamos! (De ímpeto, breve pausa.) Mas, aqui, é Belém do Pará ou Belém da Judeia?
CAMPONÊS I: Acredito que seja Belém do Pará, se não o anjo tinha deixado as passagens… Ele não achou que a gente ia ter dinheiro pra ir lá pr’aquelas bandas de Israel, né?
CAMPONÊS II: Mas bem que eu precisava dar uma passadinha lá, pra ungir uns óleos… Fiquei sabendo que óleo ungido em Israel é tiro e queda!
CAMPONÊS I: Bem que eu queria também, mas, sem passagem… Vamos ter que ir pro Pará mesmo…
(Os camponeses vão para Belém do Pará, andando rapidamente. Chegam na estrebaria bem empolgados)
CAMPONÊS I: Estávamos tomando conta das nossas ovelhas, quando vieram anjos e nos disseram que o Messias havia nascido e que o sinal era que encontraríamos uma criancinha num cocho!
MARIA: José, põe esse neném no cocho de novo, que você tá atrapalhando a profecia!
JOSÉ: Ah! Mas ele é tão (Com voz alterada:) cuti cuti, niniteza de neném! Quem é o bebezinho do papai? Quem é? (Coloca-o de volta no cocho)
CAMPONÊS II: (Irônico:) Pois é, o anjo só não falou se era Belém do Pará ou Belém da Judeia…
MARIA: Nossa, mas foi a conta de chegarmos em Belém do Pará, o bebê nasceu! Se a gente fosse pra Judeia ele ia nascer em águas internacionais e a profecia não ia passar nem perto de se cumprir!
JOSÉ: Vocês falam como se tivessem dinheiro pra ir a Israel… Eu precisando de ungir um óleo lá, mas tive que ungir aqui mesmo… Agora é ver se o milagre vai acontecer…
CAMPONÊS II: É isso o que eu estava falando com o meu colega aqui (Dá tapinhas nas costas do Camponês I)…
CAMPONÊS I: Então… O papo ‘tá muito bom, mas a gente precisa voltar para cuidar das nossas ovelhas. Que o Senhor continue abençoando a vocês e esse bebê!
(Voltam-se para sair à direita. Começam a cantar, sem instrumental, a música Glória, do cantor cristão batista. O camponês I canta totalmente desafinado, já o camponês II canta afinado.
 
Glória, glória, aleluia!
Glória, glória, aleluia!
Glória, glória, aleluia!
Vencendo vem Jesus!
CAMPONÊS II: (Para. Volta-se a plateia. Grita:) Não, espera aí! Para tudo!
(Súbito silêncio até que o Camponês II volte a falar)
CAMPONÊS II: (Voltado ao Pastor I) Eu sei que você está feliz, mas, levante a mão, glorifique, sabe… mas ficar cantando desse jeito não vai dar! Qualquer coisa você vai pra intercessão, porque louvor não é o seu forte não…
CAMPONÊS I: (Choramingando:) Então ‘tá né… eu vou pra intercessão… (sussurrando:) recalcado!
(Saem, pela direita, os pastores)
 
CENA VII
(Apresentador de Telejornal, Repórter, Maria, Pastor I, Câmera)
(À direita entra o Apresentador de Telejornal, austero)
APRESENTADOR DE TELEJORNAL: (Com ar sensacionalista:) Boa noite, Brasil! Hoje nós vamos começar o programa com uma história impressionante! Ontem, nasceu uma criança. Essa criança nasceu em uma rua de Belém, aguardando o atendimento do SAMU. Mas a coisa não para por aí: os pais do bebê afirmam que ele é o Messias prometido por Deus. Isso mesmo, produção, aquele, das Sagradas Escrituras! A nossa repórter Geraldina Goldshmith está lá em Belém e vai nos contar detalhes dessa história.
(Entra a Repórter à esquerda. Em torno dela, estão o Camponês I e em sua frente o Câmera. Ela está com a cabeça baixa, atenta ao que falam no ponto que se encontra no seu ouvido. O Câmera lhe faz sinais, pedindo atenção.)
REPÓRTER: Eu quero um horário para hoje! (Breve pausa. Nervosa:) Como assim você não tem um horário? (Pega nos cabelos) Olha a situação do meu cabelo! Eu preciso de um horário hoje…
CÂMERA: (Interrompe a repórter gritando nervoso:) Já estamos no ar!
(A repórter assusta-se e recompõe-se)
REPÓRTER: (Austera:) Estamos aqui ao vivo com a mãe do menino. Ela afirma piamente que Jesus, seu filho, é o Messias. Maria, o que lhe faz pensar isso?
MARIA: Eu estava varrendo a casa um dia e chegou um anjo e…
(A Repórter interrompe Maria)
REPÓRTER: (Curiosa:) Um anjo? E o que ele falou?
MARIA: Ele falou que eu ia ficar grávida do Espírito…
(A Repórter interrompe Maria)
REPÓRTER: (Impressionada:) Vocês aí no estúdio ouviram isso?
(A Repórter vira-se para o Câmera)
REPÓRTER: (Austera:) Estamos aqui com Maria e uma nova descoberta científica. Nova esperança para as mulheres que não podem ter filhos: técnica para engravidar através do espírito. (Vira-se para Maria). Conte mais sobre isso.
MARIA: Na verdade o que eu ia dizer é que eu fiquei grávida pelo Espírito Santo de Deus, de uma forma sobrenatural, pois eu sou virgem.
REPÓRTER: (Desdenhosa:) Ah é? Você ‘tá me achando com cara de palhaça? Uma virgem grávida… é cada coisa que a gente tem que ouvir…
(O Câmera dá um sinal para a Repórter finalizar a reportagem)
REPÓRTER: Aqui fala Geraldina Goldshimith, de Belém do pará. Agora é com vocês aí no estúdio.
CAMPONÊS I: (Empolgado:) Eu vi o Messias, porque você não me deixou falar?
(A Repórter ignora a pergunta e chega perto de Maria)
REPÓRTER: (Perto do ouvido de Maria, com ar de interesse. Baixo:) Me explica bem isso: esse Jesus é mesmo aquele tal Messias que Deus prometeu?
MARIA: É, e ele vai perdoar os meus pecados e os seus e…
REPÓRTER: E porque você não me explicou isso melhor? Isso seria um furo extraordinário!
MARIA: Isso é o que eu estava tentando te falar o tempo todo, mas você não deixava.
REPÓRTER: Mas eu te perguntei, aí você veio falar sobre engravidar através do Espírito… Mas, enfim, cadê o bebê? (Com ar interesseiro) Ele pode mesmo me levar pro céu?
MARIA: Ele pode levar qualquer pessoa pro céu! Ele é o Salvador!
REPÓRTER: Eu posso vê-lo?
MARIA: Sim.
(As duas caminham rumo à direita, onde encontra-se o bebê no berço)
REPÓRTER: (Curvada ante ao berço:) Cuti cuti cuti, bebezinho lindo!
(O bebê urina no rosto da Repórter. Esta, extremamente séria, levanta-se, lentamente)
REPÓRTER: Como esse bebê pode me levar pro céu?
MARIA: (Segurando o riso:) Me desculpe, dona Repórter, me desculpe! Toma esse lencinho… Nossa, que vergonha… (Tira do bolso um lenço e entrega-a. Ela limpa o rosto enquanto fala)
REPÓRTER: Não, tudo bem, tudo bem… Mas você ainda não me respondeu: como esse bebezinho pode me levar pro céu?
MARIA: É questão de fé… É só crer que ele vai te salvar…
(Silêncio. A Repórter fica pensativa por alguns segundos. Dá-se início à música Eu me rendo, do Renascer Praise)
REPÓRTER: (Ajoelha-se. Emocionada canta:) Eu me rendo aos teus pés
És tudo o que eu preciso pra viver
Eu me lanço aos teus braços
Onde encontro meu refúgio
Jesus, eis me aqui
Jesus, eis me aqui
(As duas saem juntas, abraçadas, pela direita)
 
CENA VIII
(Astrólogo I, Astrólogo II, Astrólogo III, Transeunte)
(Cenário: Rua de uma grande cidade brasileira. Entram, à direita, os três astrólogos. À esquerda o transeunte, apressado)
ASTRÓLOGO I: (Ansioso:) Onde está o menino que nasceu para salvar a humanidade? Nós vimos a estrela dele no Oriente e viemos adorá-lo.
TRANSEUNTE: Uai, passou um trem desse na tevê! Ele ‘tá lá pra Belém!
ASTRÓLOGO II: (Voltado para o Astrólogo I. Nervoso:) Eu falei pra você comprar uma televisão, mas não (Irônico:) “Televisão é cultura inútil”, “Televisão só serve pra manipular as pessoas”… Eu acho que a televisão agora teria sido útil pra gente não vir pro lugar errado!
ASTRÓLOGO III: (Irônico:) Você poderia parar de falar? Agora nós já estamos aqui e temos que ir pra Belém o mais rápido possível.
ASTRÓLOGO I: É verdade, vamos logo, talvez a gente consiga um avião ainda hoje.
ASTRÓLOGO II: (Irônico:) Avião? Quem aqui tem dinheiro pra uma passagem? Ah!, eu não! A gente vai é de ônibus mesmo!
ASTRÓLOGO III: A gente pode ir com o Camelo!
ASTRÓLOGO II: Nossa!, você ainda chama o seu fusca de Camelo?
ASTRÓLOGO III: E qual é o problema?
ASTRÓLOGO I: (Nervoso:) Ah! Daqui a pouco a gente perde o ônibus!
ASTRÓLOGO III: Mas a gente vai de carro!
ASTRÓLOGO I: Você ‘tá achando que eu vou arriscar a minha vida naquele fusca?
ASTRÓLOGO III: E quando o Camelo deixou a gente na mão?
ASTRÓLOGO II: Aquela vez que o motor fundiu no meio da estrada…
ASTRÓLOGO I: E aquela vez em que começou a pingar goteira dentro do carro!…
ASTRÓLOGO III: (Sem graça:) É… então vamos de ônibus mesmo…
(Saem pela direita, os Astrólogos)
 
CENA IX
(Narrador, Herodes, Empregado, Biblista)
(Entra o empregado, à esquerda e caminha até o centro do palco)
EMPREGADO: (Anuncia a entrada de Herodes. Austero:) Prostrem-se diante do forte, másculo, inteligente, magnânimo, o excelentíssimo senhor Governador do Estado de Minas Gerais, Herodes, o Grande.
(Herodes entra à direita, sorridente, acenando para a plateia. O Empregado se curva diante dele)
NARRADOR: Quando Herodes soube do nascimento de Jesus, ficou muito preocupado, e todo o povo de Belo Horizonte também ficou.
HERODES: (Andando de um lado para o outro, preocupado. Alto:) Mande chamar alguém que entende de Bíblia.
EMPREGADO: ‘Tá bem, excelência.
(O empregado sai pela esquerda e volta pouco tempo depois; permanece parado no canto. Entra, instantes depois, o Biblista)
BIBLISTA: (Afobado:) O que há excelência? Recebi o seu chamado e vim correndo!
HERODES: (Com olhar soberbo. Austero:) Onde nascer-se-á o Messias?
BIBLISTA: (Já mais calmo:) Na cidade de Belém do Pará.
HERODES: (Sarcástico:) Coitado! Acho que nem preciso me preocupar mais, porque o péssimo sistema de saúde pública de lá fazer-se-á o serviço por mim.
BIBLISTA: Eu se fosse você me preocuparia, porque vi ontem na tevê que ele já nasceu e está bem saudável. O senhor não assiste tevê?
HERODES: (Austero:) Tenho mais o que fazer.
BIBLISTA: Tipo o quê?
HERODES: (Austero:) Pensar novas formas de roubar os cofres públicos. Essas clássicas já me cansaram.
(O Biblista vira-se para a plateia, estupefato)
BIBLISTA: Era só isso o que Vossa Excelência queria?
HERODES: É, sim, pode ir…
BIBLISTA: Ah! Aproveitando a oportunidade: quando é que Vossa Excelência vai pagar os meus atrasados?
HERODES: Junto com os atrasados dos professores!
BIBLISTA: (Gargalha ironicamente) O senhor disse que nunca pagaria os atrasados dos professores! Agora, fala sério: quando receberei meus atrasados?
HERODES: (Austero:) Junto com o dos professores.
BIBLISTA: (Bravo:) Como assim “junto com o dos professores?” (Ameaça bater em Herodes) Eu quero meu ordenado!
HERODES: Subordinados! Joguem esse imundo na masmorra!
(Entra mais o Empregado II e, seguro pelos braços, os dois retiram de cena, pela esquerda, o Biblista)
BIBLISTA: (Debatendo-se enquanto é retirado:) Seu infeliz! Eu ainda me vingo de você!
HERODES: (Enquanto caminha rumo à saída da direita. Austero:) Enquanto dão ao imundo o que ele merece, ir-me-ei dar um passeio pelo jardim, dizer-me-eram que ficou muito bonito depois da poda.
 
CENA X
(Herodes, Empregado, Astrólogos I, II e III)
HERODES: (Pouco antes de deixar a cena:) Aliás… Você aí, (Apontando para o empregado) mande chamar os astrólogos do Oriente.
EMPREGADO: (Voz submissa:) Sim, excelência.
(Tempos depois chegam os Astrólogos. Entram pela direita. Herodes segura uma arma e limpa-a com uma flanela, enquanto fala ironicamente:)
HERODES: Quero informações bem certas sobre o menino. Cidade, bairro, rua, CPF, Código de DNA, tudo. E quando souberem isso me falem, porque eu estou ansioso para também ir adorá-lo.
ASTRÓLOGO II: A gente já sabe onde… (Sente um beliscão) Ai! Para de me beliscar!
(O Astrólogo III, arregala os olhos discretamente para ele)
HERODES: (De ímpeto:) Vocês sabem o quê?
ASTRÓLOGO III: Que o Senhor é uma pessoa muito religiosa e está muito desejosa de adorar o Salvador!
HERODES: (Irônico:) É. Eu vou aos cultos todos os domingos. Pra eu andar mais nos caminhos do Senhor, só com uma meia consagrada!
ASTRÓLOGO I: (Sorrindo:) Foi um prazer estar aqui, mas nós temos que ir.
ASTRÓLOGO II: É mesmo, daqui a pouco sai o ônibus pra Belém!
(O Astrólogo III finge que matou uma mosca e bate na cabeça do Astrólogo II)
ASTRÓLOGO II: (Com a mão na cabeça:) Ai!
ASTRÓLOGO III: Na mosca!
ASTRÓLOGO I: (Autoritariamente:) Vamos rápido!
(Os três astrólogos viram-se e saem pela direita. Herodes fica parado expressando desconfiança. O Empregado se aproxima de Herodes, observando-o.)
EMPREGADO: Que cara é essa, excelência?
HERODES: Estou desconfiado.
EMPREGADO: De quê?
HERODES: Sei lá. E mesmo que eu soubesse, porque é que te interessar-te-ia?
EMPREGADO: Por nada excelência; por nada.
(O empregado sai de cabeça baixa)
EMPREGADO: (Sussurrando:) Ninguém merece, ninguém merece!
HERODES: Eu estou ouvindo, ‘tá bom ô… subordinado, eu estou ouvindo!
(Sai o Herodes pela esquerda)
 
CENA XI
(Narrador, Astrólogos I, II e III, Maria e Jesus)
(Cenário: céu estrelado. A representação é feita segundo a narração.)
NARRADOR: Os Astrólogos saíram e foram à rodoviária. Chegando lá o ônibus estava partindo e eles tiveram que correr para alcançá-lo. Alcançaram-no. Em cada parada caminho afora, eles desciam e olhavam o céu, confirmando se a estrela de Jesus estava na mesma direção em que eles iam. Sucedeu-se que numa dessas paradas, a estrela mudou de lugar, pois José e Maria estavam voltando para casa em Belo Horizonte. Os astrólogos, sem dinheiro para voltar, resolveram pegar um pouquinho do dinheiro que guardavam para presentear o menino Jesus. Voltaram. Quando chegaram à casa de Maria, encontraram-na com o menino. Então se ajoelharam diante dele e o adoraram. Depois abriram os seus cofres e lhe ofereceram presentes: dinheiro, incenso e mirra.
ASTRÓLOGO II: ‘Tá faltando um pouquinho de dinheiro aqui, mas depois a gente te paga, é que tivemos que usar para voltar de Belém.
MARIA: O que vocês foram fazer em Belém?
ASTRÓLOGO II: A história é muito longa você não vai querer saber…
MARIA: (Empolgada:) Quero sim! Essa casa ‘tá um tédio só! José ‘tá trabalhando e só volta à noite; até ele chegar eu fico aqui sozinha conversando com as moscas!
ASTRÓLOGO II: (Saindo devagar, junto aos outros dois Astrólogos:) Você vai me desculpar dona Maria, mas hoje não vai dar não.
(Os três Astrólogos saem)
 
CENA XII
(José, Maria, Jesus, Anjo, Narrador)
(José está dormindo, ao lado de Maria. Entra à direita, o anjo, em meio a leve fumaça)
ANJO: Essa fumaça ainda me mata!
(Dá tapinhas na roupa, limpando-a)
ANJO: (Voz suave. Austero:) Levante-se, pegue a criança e a sua mãe e fuja para o Egito. Fiquem lá até eu avisar, pois Herodes está procurando a criança para matá-la.
(Sai o anjo e José se levanta)
NARRADOR: Então José se levantou no meio da noite, pegou a criança e a sua mãe e fugiu para o Egito.
(José olha para cima)
JOSÉ: Seu narrador, que negócio é esse de “José fugiu para o Egito”? Eu não tenho dinheiro nem pra ir pra Guarapari!
NARRADOR: Nem vem que eu também não tenho dinheiro. Fim de mês, você sabe como é né?
MARIA: José, a gente tem o dinheiro que aqueles Astrólogos trouxeram. Dá pelo menos pra passagem de ida.
JOSÉ: (Sarcástico:) Ida sem volta pro Egito? Se ainda fossem as Ilhas Cayman ou quem sabe Paris…
MARIA: (Nervosa:) Você também só sabe reclamar. Se ‘tá assim agora, imagina quando ficar velho! Não confia mais em Deus, não? Sem contar que é a vida do bebê que está em risco, não foi isso que anjo te falou?
JOSÉ: (Abaixa a cabeça de ímpeto. Envergonhado:) É… então vamos.
(Eles saem pela esquerda, carregando malas)
 
CENA XIII
(Herodes, Empregado)
(Herodes está andando de um lado para o outro)
HERODES: (Bravo:) Ah!, fui enganado!
EMPREGADO: (Irônico:) Grande descoberta, hein. Qual será a próxima? Um novo continente?
HERODES: (Gritando. Bravo:) Em vez de falar asneiras, subordinado: vá e mande que matem todos os meninos de menos de… (O Empregado interrompe Herodes)
EMPREGADO: Olha…Vossa excelência ‘tá sabendo que não pode mais matar criancinha, né?
HERODES: (Gritando:) Não me interrompa, subordinado! Eu te odeio, eu te odeio, seu pobre, miserável! Mande logo que matem todos os meninos de menos de dois anos, porque eu não vou permitir que esse tal de Jesus me tire do governo!
(Pela esquerda, o empregado sai correndo e tropeçando. Herodes sai nervoso pela extremidade oposta do palco.)
 
CENA XIV
(Narrador e Raquel)
RAQUEL: (Chorando, desesperada. Gritando:) Oh! Meu filho, morto!
NARRADOR: Ouve-se uma voz em Ramá,
lamentação e amargo choro;
é Raquel, que chora por seus filhos
e recusa ser consolada,
porque todos eles foram mortos.
 
ATO TERCEIRO
CENA I
(Policial I, Policial II, Empregado, Herodes)
(Entra pela direita Herodes, sorrateiro, na ponta do pés, atravessando o palco e olhando para os lados. Pela esquerda entram o Empregado e os Policiais I e II. Estes abordam Herodes)
POLICIAL I: (Mostra o distintivo:) Polícia.
HERODES: Polícia? Como assim, polícia? Veio aqui tomar café de graça? Aqui não é padaria, não!
POLICIAL I: Vossa excelência foi acusado por corrupção, assassinato e cárcere privado. E agora está desacatando funcionário público.
HERODES: (Em tom de discurso. Voltado para a plateia:) Mas como assim? Quem caluniar-me-ia dessa forma tão torpe e injusta? Logo eu: um homem que dá o sangue pelo povo!
EMPREGADO: Seu polícia, não esquece que ele maltrata empregados e não paga o nosso salário, também!
HERODES: (Nervoso. Lentamente:) Ah! É você, não é subordinado? Além de pobre é caluniador!…
EMPREGADO: Caluniador?
HERODES: (Gritando. Bravo:) É, caluniador, sim! Vá pra masmorra! Masmorra!
(Os Policiais I e II seguram cada um, um braço de Herodes e levantam-no)
POLICIAL I: Vossa excelência está preso.
HERODES: (Debatendo-se. Gritando:) Eu sou o Governador de Minas Gerais, não posso ser preso! Sou um homem do povo! (Voltado à plateia:) Eu investi milhões na Copa!
(Após saírem Herodes e os Policiais I e II, pela esquerda, o Empregado vai até o centro do palco e fala voltado à plateia:)
EMPREGADO: Eu avisei pra Excelência que não podia matar criancinha, mas ele não quis me ouvir…
(Sai o Empregado pela esquerda.)
 
CENA FINAL

(Inicia-se a adaptação em português da música Your Love is Beautiful, do grupo Hillsong United. Entra o elenco pela esquerda e pela direita o elenco, batendo palmas e cantando junto aos músicos.)
MÚSICOS E ELENCO: (Cantam:)
(Adaptação)
Cristo me cercou com canções de louvor
Me enviou pra este lugar
Onde amor e graça movem minha vida
Sua mensagem é minha luz.
 
Seu amor é lindo
Seu amor é lindo
É a razão do meu cantar
Que todos os povos comecem a louvar
Que todos os povos comecem a louvar.
 
Eu estou aqui bebendo de suas águas
E vivendo para o Rei
Encontrei minha paz na casa de Deus
Esse é o lugar onde viverei.
 
(Agradecimentos. Fecham-se as cortinas.)
 
 
 

O autor solicita ser informado quando a peça for montada por email
Algumas adaptações na peça por parte do grupo que for apresentar são autorizadas. 
Mais informações sobre quais pontos podem ser livremente alterados também pelo meu e-mail.
Estou sempre disposto a me comunicar com os leitores, atores, diretores etc que se interessarem pela peça.
Saudações em Cristo.
Breno Ricardo.
3ª edição
Juiz de Fora – Breno Henrique da Silva Ricardo – 2014

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