A FORMIGA, A CIGARRA E O CUPIM

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A fábula da Cigarra e a Formiga todos conhecem nesta versão ganhou um novo personagem.
E a lição é para o povo de Deus.

O formato é direcionado para o público infantil, mas o aprendizado serve pra todas as idades.
PERSONAGENS:
JOÃO-FORMIGA
LÉO-CIGARRA
SANDRO-CUPIM

ATO I

CENÁRIO: Praça pública: um banquinho ao centro, um poste, algumas plantas.
(Em cena Léo-Cigarra. O ator a interpretar esse papel deverá saber tocar violão. Ele é um jovem folgado, está sentado no banco da praça, ao som do violão canta uma alegre canção.)
(Entra João-Formiga. Este é trabalhador e dedicado na obra do Senhor. Traz consigo sua Bíblia e alguns folhetos na cor verde. Seria interessante se esses folhetos fossem em formato de folhas. A ideia a deixar no ar seria a de uma formiga carregando folhas. João-Formiga volta de um trabalho evangelístico.)
JOÃO-FORMIGA: Olha só quem eu encontro aqui.
LÉO-CIGARRA: (Desafina na música que estava cantando) O Formiga! (Tenta esconder o violão atrás das costas) Quanto tempo!
JOÃO-FORMIGA: O que você está escondendo?
LÉO-CIGARRA: (Sem jeito) E eu… hã? (Estende uma das mãos e com a outra segura o violão atrás das costas) Nada.
(João desconfiado tenta ver o que o amigo tem escondido. Este tenta se safar ao máximo possível. Quando não dá mais, se rende e mostra o violão escondido.)
LÉO-CIGARRA: Nossa! Um violão? Não sei como isso veio parar aqui.
JOÃO-FORMIGA: Por que estava escondendo ele? (Lançando-lhe um olhar de desconfiança) Não é roubado, é?
LÉO-CIGARRA: Claro que não. Eu estava escondendo-o porque senão você já viria com sermão.
JOÃO-FORMIGA: Não é questão de sermão, mas você tem que tomar rumo na vida. Que dia é hoje?
LÉO-CIGARRA: Hoje é segunda.
JOÃO-FORMIGA: Numa segunda-feira a tarde… e você aí sentado na praça.
LÉO-CIGARRA: Eu me sinto um pouco como o Garfield.
JOÃO-FORMIGA: Porque está ficando gordo e preguiçoso?
LÉO-CIGARRA: Não. É porque eu odeio segunda-feira. Ah, eu também adoro lasanha. Acho que isso até me faz engordar uns quilinhos.
JOÃO-FORMIGA: Pelo jeito você não mudou nada. Lembra de onde vieram os nossos apelidos?
LÉO-CIGARRA: Ah, nossos apelidos. Foi na 5ª série, né? O teu é João-Formiga. (Com a mão no queixo, pensativo) Por que será? Será que é porque você tinha os braços finos como o do Smilinguido?
JOÃO-FORMIGA: Não.
LÉO-CIGARRA: Então, por que será?
JOÃO-FORMIGA: Porque eu sempre fui dedicado, estudioso, fui trabalhador desde cedo. E você, Leonardo, é o Léo-Cigarra. Por que será?
LÉO-CIGARRA: (Cínico) Será que é porque desde cedo demonstrava ter dom para a música?
JOÃO-FORMIGA: Lembra da fábula “a cigarra e a formiga”?
LÉO-CIGARRA: Ah sim. Minha mãe sempre contava a estorinha. Eu adorava. A formiga trabalhava o dia todo. Já a cigarra ficava sentadona cantando. Foi todo o verão assim: a formiga trabalhava e a cigarra só na boa.
(Os dois ficam em silêncio. Léo olha para João com cara de otário.)
JOÃO-FORMIGA: Conseguiu fazer alguma ligação?
LÉO-CIGARRA: Ligação? Para quem eu devo ligar? Não sabia que alguém estava esperando minha ligação. É mulher?
JOÃO-FORMIGA: Quem é a formiga e quem é a cigarra?
LÉO-CIGARRA: Acho que você é a formiga. Eu sou a cigarra. Mas eu não lembro bem qual era o final da estória.
JOÃO-FORMIGA: Só a formiga se preparou para a chegada do inverno guardando mantimentos. A formiga ficou o verão todo trabalhando enquanto a cigarra ficava na praça tocando violão.
(Léo-Cigarra tenta novamente esconder o violão.)
JOÃO-FORMIGA: O que você aprende com isso?
LÉO-CIGARRA: (Com cinismo) Que a formiga é uma materialista, só pensa em acumular riquezas.
JOÃO-FORMIGA: De forma alguma. Ela só teria o bastante para sobreviver o rigoroso inverno de forma confortável. Para a formiga o inverno não lhe pegou de surpresa. Já a cigarra…
LÉO-CIGARRA: Eu acho que essa estória é bastante injusta.
JOÃO-FORMIGA: Por quê?
LÉO-CIGARRA: Não foi valorizado os dons artísticos da cigarra. Enquanto a formiga trabalhava, a cigarra lhe proporcionava música de qualidade, e ao vivo.
JOÃO-FORMIGA: Querendo puxar brasa para o seu assado. Mas como sabemos a cigarra passou frio e fome…
LÉO-CIGARRA: Mas comigo isso nunca vai acontecer. Meus pais… como você sabe… não tem muitas dificuldades financeiras.
JOÃO-FORMIGA: Vocês são ricos, eu sei. Mas o que me refiro são quanto as riquezas eternas.
LÉO-CIGARRA: Lá vem você com esse papo de coisas espirituais. Não adianta, eu não sou mais crente.
JOÃO-FORMIGA: (Passando o braço pelo o ombro do amigo) Eu sou teu amigo. Preciso lhe dizer certas coisas. Você cantava no coral, não canta mais. Você ia à igreja, não vai mais. Você tinha amigos cristãos…
LÉO-CIGARRA: (Tirando o braço de João) São todos uns hipócritas.
JOÃO-FORMIGA: Não fala assim.
LÉO-CIGARRA: Eu não quero mais nem saber de igreja. Minha vida está boa do jeito que estou levando. (Pequena pausa) O que você leva aí?
JOÃO-FORMIGA: (Retirando um) São folhetos.
LÉO-CIGARRA: Trabalho de novo. Folhetos, folhas. Seriam folhas para abastecer o seu formigueiro.
JOÃO-FORMIGA: É trabalho mesmo. São folhetos evangelísticos. Eu estava distribuindo-os. Aproveitando meu dia de folga. Temos que arregaçar as mangas e trabalhar enquanto é verão.
LÉO-CIGARRA: Mas você sempre foi meio reservadão. Sempre teve medo de conversar com as pessoas. Era alguém chegar perto que você vermelhava que nem um pimentão.
JOÃO-FORMIGA: Eu ainda sou tímido. Mas distribuir um folheto eu posso. Tento trocar umas palavras. E assim vou aproveitando o verão para semear.
LÉO-CIGARRA: Mas aquela “parada” dos vários tipos de solo.
JOÃO-FORMIGA: Parada? Que parada? Você se refere ao ensino de Jesus sobre a semente e os vários tipos de solo?
LÉO-CIGARRA: O que adianta você semear em solo pedregoso? Ou junto com os espinhos? Como saber se o solo é bom?
JOÃO-FORMIGA: Eu não tenho capacidade de julgar os corações. Meu trabalho é semear.
LÉO-CIGARRA: Não é desperdício de semente?
JOÃO-FORMIGA: Eu não terei colheita se eu não semear. O Senhor da seara mandou semear, ele mesmo supre as sementes. E por falar em diferentes tipos de solo, qual é o seu?
LÉO-CIGARRA: Terra boa. Fértil.
JOÃO-FORMIGA: Será que a semente não caiu entre os espinhos. Acho que está mais para solo pedregoso. Será que não é hora de você refletir sobre isso?
LÉO-CIGARRA: Formiga, você é meu amigo. Vou te confessar uma coisa. Sei que o caminho que você segue é o certo. Mas deixa eu aproveitar um pouco a vida. Vou deixar para servir ao Senhor quando estiver mais velhinho. Eu ainda sou novo. Um dia vou servir o Senhor em tempo integral.
JOÃO-FORMIGA: Cigarra, não brinque com isso. O inverno está mais próximo do que você imagina.
LÉO-CIGARRA: Nem me venha falar em inferno.
JOÃO-FORMIGA: Eu falei inverno, não inferno.
LÉO-CIGARRA: Ah, inverno.
JOÃO-FORMIGA: Mas se você quiser substituir pela rima. Você não almeja o arrebatamento?
LÉO-CIGARRA: Sabe, eu sempre quis ser arrebatado. Até orava por isso. Mas eu nem sei o que é isso?
JOÃO-FORMIGA: E você nem para perguntar?
LÉO-CIGARRA: (Com cara de bobo) Iriam me chamar de ignorante.
JOÃO-FORMIGA: Quando Jesus estava aqui na terra, pouco antes dEle partir, Ele prometeu que um dia viria buscar a igreja para morar com Ele. E é essa volta dele que ansiamos, quando Ele virá e retirará os escolhidos para morar com Ele. Será o arrebatamento.
LÉO-CIGARRA: O Espírito Santo será retirado da terra?
JOÃO-FORMIGA: Sim. E esse mundo se tornará um inverno espiritual. Portanto o tempo de trabalhar é agora, enquanto é verão. O tempo de se preparar é agora. Cigarra, você não acha que é tempo de voltar para igreja?
LÉO-CIGARRA: Eu conheço o tempo. Sei que o verão está longe de se acabar. Deus é amor. Acho que Ele nunca permitirá que o inverno chegue. De cada verão passaremos direto para a primavera. Época de flores. É por isso que eu espero a primavera cantando.
JOÃO-FORMIGA: Cigarra, você tem que acordar. Todas as profecias já estão cumpridas. Só falta o arrebatamento da igreja.
LÉO-CIGARRA: Não me fale em profecia. Eu acho isso. E não me fale nada além disso.
JOÃO-FORMIGA: A única coisa que posso fazer é orar por você. Mas reflita no que eu disse.
LÉO-CIGARRA: Agora me deixe com meu violão.
JOÃO-FORMIGA: Certo! Eu vou… preciso trabalhar enquanto é verão.
LÉO-CIGARRA: Nos encontraremos no formigueiro. Você verá que já será primavera de novo.
(João-Formiga dá um sorriso de desaprovação e sai de cena. Léo-Cigarra apanha o violão e volta a tocar.)

(Cortina.)

ATO II

CENÁRIO: A mesma praça, mas agora ela está totalmente depredada. O banco está torto. O poste está caído. Há lixo espalhado pelo chão.
(Entra em cena Léo-Cigarra. Ele está com seu violão que agora está sem cordas. Léo tem aparência cansada. Pode-se dar a impressão de que se passaram vários anos da cena anterior. Ele está trajado com roupas pesadas de inverno. Aproximando do banco, senta-se nele.)
LÉO-CIGARRA: Vou ficar aqui sentado. Sei que daqui a pouco vai chegar meu amigo João-Formiga. Ele vai me explicar o que está acontecendo. Eu não entendo, foram vários verões seguidos de primaveras. Se bem que a cada verão vinha um sermão. Que saudades de meu amigo Formiga! E agora esse frio insuportável.
(Entra em cena Sandro-Cupim. Ele está desnorteado. Anda de um lado para outro. Age como se sentisse perseguido.)
LÉO-CIGARRA: (Observando a presença do outro personagem) Hei! (Sandro-Cupim não ouve) Hei, amigo! (Como o outro continua não ouvir, ele vai até ele) Você não é o Sandro-Cupim?
SANDRO-CUPIM: (Censurando-o) Fala baixo. (Apavorado) Eles estão vindo. Eles vão me pegar.
LÉO-CIGARRA: Se acalme, amigo.
SANDRO-CUPIM: Eles vem me pegar. Eu sou o próximo.
LÉO-CIGARRA: Eles quem?
SANDRO-CUPIM: Tenho que me esconder.
LÉO-CIGARRA: (Levando-o até o banco) Fique calmo. Sente-se aqui. (Vai até próximo da saída para dar uma olhada) Não está vindo ninguém.
SANDRO-CUPIM: Você tem certeza?
LÉO-CIGARRA: As ruas estão desertas.
SANDRO-CUPIM: Ufa! Acho que consegui despistá-los.
LÉO-CIGARRA: (Aproximando-se) Você não é o Sandro…
SANDRO-CUPIM: Conhecem-me como Sandro-Cupim. Quem é você?
LÉO-CIGARRA: Não está lembrando? Léo-Cigarra.
SANDRO-CUPIM: Você é o Cigarra? O Cigarrinha?
LÉO-CIGARRA: Quanto tempo!
SANDRO-CUPIM: Vem cá! Dá um abraço (abraçam-se). Faz bastante tempo mesmo.
LÉO-CIGARRA: É… desde o tempo que eu abandonei a igreja.
SANDRO-CUPIM: Pois é, você sumiu de uma hora para outra.
LÉO-CIGARRA: (Desconversando) E o Formiga? Tem visto ele?
SANDRO-CUPIM: Não soube?
LÉO-CIGARRA: De que?
SANDRO-CUPIM: Aquilo que os pregadores sempre falavam…
LÉO-CIGARRA: Não sei.
SANDRO-CUPIM: Inclusive o Formiga não parava de falar.
LÉO-CIGARRA: Como é mesmo a palavra? Arrombamento?
SANDRO-CUPIM: (Corrigindo-o) Arrebatamento… Aconteceu.
LÉO-CIGARRA: Como assim?
SANDRO-CUPIM: O inverno que o Formiga tanto falava chegou.
LÉO-CIGARRA: Eu percebi o frio.
SANDRO-CUPIM: Jesus voltou. Ele levou com Ele aqueles que eram realmente Seus. E o Formiga foi um deles.
LÉO-CIGARRA: E nós?
SANDRO-CUPIM: E nós o que fizemos? Eu estava na igreja…
LÉO-CIGARRA: Pelo menos você trabalhava.
SANDRO-CUPIM: Mas eu fiz jus ao meu apelido. Trabalhar, até trabalhava na obra do Senhor, mas ao mesmo tempo destruía a Igreja. Meu testemunho de fé não atraiam as pessoas, mas as repeliam dos caminhos do Senhor. As pessoas que olhavam para mim jamais queriam ter o mesmo Jesus para suas vidas. Eu não trabalhei enquanto podia.
LÉO-CIGARRA: Minha situação é pior.
SANDRO-CUPIM: Para aqueles que ficaram não existe situação pior. Estamos todos empatados na mesma desgraça.
LÉO-CIGARRA: Eu pensava só em curtir a vida. Depois eu pensaria em casar… Ter meus filhos… Ver meus netos crescerem. Aí, sim, eu me dedicaria ao Senhor. Eu sempre quis viver para mim. Eu não quis ajuntar enquanto era verão.
SANDRO-CUPIM: Eu também me arrependo.
LÉO-CIGARRA: E agora está tudo perdido. A porta se fechou.
SANDRO-CUPIM: (Feliz) Eu estou lembrando de algumas das pregações.
LÉO-CIGARRA: É. Mas o que elas tem a ver com a nossa miserável… e gelada situação.
SANDRO-CUPIM: Algumas eram sobre esse momento. Foram muito poucas as que eu ouvi. Mas como o assunto era interessante eu me lembro até hoje.
LÉO-CIGARRA: É? O que você se lembra? Tem alguma coisa que nós possamos fazer? Ainda podemos trabalhar? É inverno… mas eu bem que gostaria de trabalhar.
SANDRO-CUPIM: (Cabisbaixo) Por que não aproveitamos o tempo da graça? Bastava aceitar Jesus como Senhor e Salvador de nossa vida. A porta estava escancarada. Bastava entrar.
LÉO-CIGARRA: O Formiga sempre me convidava para entrar por essa porta, mas eu zombava dele. (Noutro tom) O que faremos? A porta nunca mais vai voltar a se abrir!
SANDRO-CUPIM: Nem tudo está perdido.
LÉO-CIGARRA: (Esperançoso) Verdade?
SANDRO-CUPIM: Mas o caminho a trilhar não será fácil.
LÉO-CIGARRA: (Cabisbaixo) Tenho que vender tudo e dar aos pobres?
SANDRO-CUPIM: O sacrifício será muito maior.
LÉO-CIGARRA: Tenho que recorrer a um banco?
SANDRO-CUPIM: Será que você não está precisando levar umas palmadas?
LÉO-CIGARRA: (Com cinismo) Por que?
SANDRO-CUPIM: Você sempre foi apegado aos bens materiais, talvez até por isso que não entregou sua vida a Jesus. Se tivesse feito, não teria ficado. (Resmungando) Pelo menos tenho alguém para conversar. Mas não sei ainda se não é melhor só do que mal acompanhado.
LÉO-CIGARRA: Oi?
SANDRO-CUPIM: Nós desprezamos o sangue de Jesus derramada na cruz. Era o sacrifício pelos pecados. Agora…
LÉO-CIGARRA: Agora?
SANDRO-CUPIM: Agora temos que confessar Jesus perante o mundo.
LÉO-CIGARRA: (Empolgado) Mas então nada mudou. Vou começar agora. (Num brado) Eu sou de Jesus. Viu! Eu sou de Jesus.
SANDRO-CUPIM: Hei! Vem cá. Não é tão fácil assim.
LÉO-CIGARRA: Não?
SANDRO-CUPIM: (Em tom de cochicho) Agora o número de inimigos de Cristo é muito maior. Confessar Jesus significa martírio.
LÉO-CIGARRA: (Passando a mão pelo pescoço, como se fosse uma faca) Martírio?
SANDRO-CUPIM: (Suspirando) Infelizmente. Só com o martírio poderemos estar com Cristo. Não há outra forma.
LÉO-CIGARRA: Martírio? Mas o preço não é alto demais?
SANDRO-CUPIM: A morte de Jesus foi o alto preço que Deus pagou por nós. O sangue de Jesus era o preço da remissão de nossos pecados.
LÉO-CIGARRA: (Colocando o dedo indicador na cabeça, imitando revólver) Não pode ser… (dispara) Bum! Um tiro na cabeça?
SANDRO-CUPIM: Lamento. Acho que vai ser com muita tortura. Isso envolve algumas amputações.
LÉO-CIGARRA: (Engolindo seco) Glup! (Olhando para os dedos) Amputações?
SANDRO-CUPIM: Eles procurarão fazer você negar o nome de Jesus. Lutarão para arrancar isso de você…
LÉO-CIGARRA: (Ainda olhando para os dedos) Arrancar?
SANDRO-CUPIM: Aconteça o que acontecer, não negue mais uma vez o nome de Jesus.
LÉO-CIGARRA: E se eu negar?
SANDRO-CUPIM: Será a condenação eterna no Lago de Fogo. Quem vai para lá é submetido a tortura 24 horas por dia, 7 dias por semana, por toda a eternidade.
LÉO-CIGARRA: Eu sempre fui pouco resistente. Não sei se vou resistir a tortura. E se eu me suicidar?
SANDRO-CUPIM: Pior. Mais cedo você se encontrará com o capeta. Eu não vou levar a marca da besta.
LÉO-CIGARRA: Marca da besta?
SANDRO-CUPIM: A marca mostrará que tal pessoa se acovardou e negou Jesus mais uma vez. Que você é um deles… Jesus já havia morrido por mim. Como eu não aceitei essa morte expiatória de meus pecados, agora vou morrer por ele. Sei que não será fácil. Mas sei também que não foi fácil para meu Senhor.
LÉO-CIGARRA: Pena que eu não posso voltar no tempo. Voltar ao tempo da graça.
SANDRO-CUPIM: Quem dera!
LÉO-CIGARRA: Eu queria voltar para a igreja.
SANDRO-CUPIM: É… eu iria deixar de ficar olhando para as paredes enquanto o pastor pregava.
LÉO-CIGARRA: Eu iria distribuir folhetos com o Formiga.
SANDRO-CUPIM: É. No tempo da graça a vida era mais fácil. Pena que o inverno chegou e nós não podemos aproveitar os benefícios do verão. Não trabalhamos enquanto ainda era tempo. Agora já é tarde. Só com a dor é que estaremos com Cristo. E você agora está preparado?
LÉO-CIGARRA: Vamos ver.
SANDRO-CUPIM: (Olhando em direção a saída) Parece que eles nos viram. Eles estão vindo aí.
LÉO-CIGARRA: E agora?
SANDRO-CUPIM: Céu, aqui vou eu!
(Cortina.)
FIM

Autores:
davikr