O ENSAIO

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O elenco de uma peça de Natal de uma igreja está reunido para um último ensaio.
Na primeira cena, praticamente reina o caos.
Na segunda cena, enquanto eles atuam para valer, há uma atmosfera completamente diferente.

Personagens:
Maria, José, Anjo, Diretor (homem ou mulher), Sábio 1, Sábio 2, Sábio 3 (sem falas) Pastor 1, Pastor 2, Narrador, Regente do Coral, Membro do Coral 1 (mulher), Membro do Coral 2 (homem), Herodes, Assessor, Coral (um coral de verdade)

Notas do Autor
Os atores devem carregar o script com eles, indicando que eles ainda estão ensaiando. Pode-se até mesmo se criar falsas capas para o script, com qualquer título que remeta ao natal.
Esta peça é autoexplicativa, já que um dos personagens é o Diretor da peça. Se os outros personagens forem instruídos apenas para obedecê-lo, eles saberão muito bem o que fazer… A não ser que o erro seja parte da encenação.
Faça placas ou crachás bem grandes com o nome dos personagens para a primeira parte. Isso ajuda a igreja a entender o que está acontecendo com todas as interrupções.
Nesta peça você precisa realmente de um coral como parte da cena. Será necessário um número suficiente de cantores para causar o caos necessário no final da cena um, para causar a frustração do Diretor na última fala. Não se esqueça de usar também os instrumentos (violão, baixo, piano) se necessário para causar mais confusão.
Maria e José devem ser adolescentes ou alguém realmente jovem (alguém que realmente passe autenticidade ao contar piadinhas sem graça)

Cena Um
Acontece na frente da igreja, no ensaio de uma simples encenação do Natal. São montados três cenários: No centro, a cena da manjedoura, do lado direito, o palácio de Herodes e do lado esquerdo a casa onde os Sábios visitam Jesus. Os atores ficam andando e conversando, esperando o Diretor para começar.

Cena Dois
Mesmos cenários, mas sério. Os atores se posicionam atrás ou ao lado do cenário. Somente o Narrador fala, mas todos sabem aonde ir e o que fazer.
Texto
Cena Um
(Todos estão na frente, a confusão é geral)

DIRETOR:    Eu fiz alguns crachás, para vocês saberem quem são e não se confundirem. Aqui, me ajudem distribuir. (Narrador e alguns outros ajudam, em meio a conversas e risadas) Membros do coral, por favor, tomem seus lugares e sentem-se.
(Os dois membros do coral que têm fala param no meio do palco. Enquanto eles falam, os outros ficam procurando seus lugares)

MEMBRO DO CORAL 1:    Quando eu era criança, eu amava ser a Maria, porque ela nunca falava nada. Mas agora eles a fizeram falar e recitar a música que ela cantou quando visitou Isabel. Eu parei de querer ser ela.
MEMBRO DO CORAL 2:    Eu gostava de ser o Rei Herodes.
MEMBRO DO CORAL 1:    Você gostava de ser o cara mau?
MEMBRO DO CORAL 2:    Ele não era mal… Só inseguro e assustado.
MEMBRO DO CORAL 1:    Ele estava com medo da coisa errada.
MEMBRO DO CORAL 2:    Eu lembro de uma peça quando eu era criança. Eu era um pastor e de algum jeito os Pastores e os Sábios se confundiram. Os Sábios entraram antes dos Pastores e disseram suas falas perfeitamente. Foram até a manjedoura e entregaram os presentes e tudo o mais. Até aí tudo estava bem, porque todos sempre fazem essa parte errado, e ninguém do público percebeu que estava errado até que os Pastores apareceram na casa onde os Sábios deveriam estar. Um dos Pastores, meu amigo, disse “nós vimos os anjos no céu e a estrela nos guiou até aqui.” E o garoto que estava interpretando José teve um estalo e seguiu a linha, ele se levantou e seguiu a cena. “OK, mas vocês estão dois anos atrasados. Onde a estrela levou vocês?”
MEMBRO DO CORAL 1:    E o que as pessoas fizeram?
MEMBRO DO CORAL 2:    Não havia mais o que fazer. Os Sábios já estavam no palco. Então todos riram e seguiram em frente, mas a risada nos encorajou. O meu colega simplesmente tomou a frente e começou a contar a história da fuga dos israelitas do Egito. Ele disse “Primeiro, nós atravessamos o grande mar, em terra seca. E Deus afogou os que estavam nos seguindo”. E por aí foi. Como ele continuou a falar, a igreja simplesmente parou de rir e começou a ouvir àquela perfeita história da jornada. Ninguém nunca suspeitou, mas aquele garoto estava realmente prestando atenção nas histórias da Escola Dominical naqueles anos todos.
MEMBRO DO CORAL 1:    Quantos anos vocês tinham?
MEMBRO DO CORAL 2:    Por volta de sete anos.
MEMBRO DO CORAL 1:    E o que aconteceu?
MEMBRO DO CORAL 2:    De repente, logo antes de começar a batalha de Jericó, ele olhou para o público, suspirou e disse “Bem, é uma longa história, mas foi assim que chegamos aqui.” E eu não sei o que me deu, eu acho que fui envolvido pela história. De repente eu lembrei que éramos Pastores e que tínhamos começado a história vigiando as ovelhas durante a noite. Eu me lembro claramente de dizer “Cara, nosso pai vai ficar louco! Largamos as ovelhas sozinhas no pasto há dois anos!” Isso encerrou a peça. Eu nunca esqueci disso.
MEMBRO DO CORAL 1:    Mas isso aconteceu mesmo?

(Membro do Coral 2 vai responder, mas é interrompido pelo Diretor. Eles então vão para os seus lugares)

DIRETOR:    OK, vamos começar. Vamos passar o texto todo, então lembrem-se de suas posições quando terminarmos. Porque depois vamos fazer uma vez sem interrupções. Coral, que tal nos colocar no clima, cantando a música de abertura?

Coral canta “Jesus Nasceu – Hino 237 N.C.” (Só o primeiro verso)

DIRETOR:    Bom. Ótimo. Durante o culto vocês ficarão aí o tempo todo, então vocês podem sentar agora. Pastores, Sábios, Herodes e Assessor, sentem-se nos primeiros bancos. Maria, José e Anjo, vão para o estábulo. Não… Sábios vão lá para o fundo.
(Todos vão para onde o Diretor mandou, sempre conversando entre si. O Narrador vai falar com o Diretor)
(Maria, José e o Anjo vão até o estábulo e começam a falar)

JOSÉ:    Toc, toc.
MARIA:    Quem é?
JOSÉ:    Beber
MARIA:    Beber do quê?
JOSÉ:    Beber na Manjedoura!
MARIA:    Legal. Toc, toc.
JOSÉ:    Quem é?
MARIA:    Noé.
JOSÉ:    Noé quem?
MARIA:    Noé um bom lugar para comer.
ANJO:    Toc, toc.
MARIA:    Quem é?
ANJO:    Polícia.
JOSÉ:    Polícia quem?
ANJO:    Polícia! Parem com essas piadinhas de “toc, toc”!
DIRETOR:    (Para os que estão no estábulo) SSSSSShhhhhhh!!!! Durante o culto vocês serão os primeiros a entrarem pelo fundo da igreja. Prestem atenção no coral. Assim que o Narrador começar a ler, vocês entram. Por enquanto, vocês ficam bem aí.  (Vira-se para o Narrador) Você começa a ler aqui… (Sua voz some)

ANJO:    E ouvi a história de uma mulher que perdeu seus animais de presépio logo depois do Natal. O filho dela tinha ganhado um caminhão com reboque no Natal, e depois de alguns dias ela encontrou os animais. Estavam todos com ele, no reboque do caminhão. Quando ela perguntou o que ele estava fazendo, ele disse “Estou levando eles para serem vendidos no mercado”. E adivinhem quem estava dirigindo?
MARIA:    Quem?
ANJO:    Maria deveria saber. Jesus estava dirigindo! Levando os animais para serem vendidos no mercado!
JOSÉ:    Legal!
DIRETOR:    Pastores, vocês precisam ir para o fundo. Agora! Anjo, Maria e José, vocês deveriam estar no estábulo.

(Os Pastores vão, mas ainda conversando, enquanto Maria, José e o Anjo vão para o estábulo)

PASTOR 1:    Você já viu uma rena alguma vez?
PASTOR 2:    Não, nunca. Que pena que não vivemos em um país com renas. Poderíamos levar algumas para a peça da escola. Já que não podemos fazer uma apresentação de Natal nas escolas, pelo menos poderíamos levar uma rena, para mostrar a beleza que Deus criou.
PASTOR 1:    Isso me lembra uma história que eu ouvi uma vez, de um encontro entre um caçador e uma rena. Ele estava na sua caminhonete, e estava anoitecendo e com neblina.
PASTOR 2:    Até onde eu sei, é nessa hora que elas saem.
PASTOR 1:    Eu acho que ele sabia disso, porque quando ele viu a rena, ele abriu o vidro para poder ver melhor. Ele estava bem devagar, e assim que passou pela rena, ela pulou! Ela veio pela janela e caiu no colo dele!
PASTOR 2:    Ah, para! Não pode ser!
PASTOR 1:    Sim, foi isso mesmo! Eles lutaram: a rena não podia sair pelo outro lado porque o vidro estava fechado, e não tinha como voltar. O homem percebeu que estava ficando muito machucado por causa dos chifres e dos cascos, então ele abriu a porta e pulou. Ele ficou lá, parado no meio da estrada enquanto via a rena “dirigindo” sua caminhonete até sair da estrada e bater em uma árvore.
PASTOR 2:    (Rindo) Não dá para acreditar nisso!
PASTOR 1:    Mas é verdade. Saiu no jornal. Eu sempre imaginei o que o agente de seguros pensou quando ouviu o motivo do sinistro: “Uma rena guiou minha caminhonete até bater em uma árvore”.
DIRETOR:    Quietos vocês aí atrás. Vamos retomar, de acordo com o texto, os Pastores estarão no fundo, enquanto o coral canta. O Narrador vai ler na Bíblia o trecho de Maria e José. Maria e José vão se sentar e voltem quando o Narrador ler sobre sua viajem, e então vamos para a cena dos Pastores. Narrador, pode começar.
NARRADOR:    (Lendo) Foi assim o nascimento de Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, mas, antes que se unissem, achou-se grávida pelo Espírito Santo. Por ser José, seu marido, um homem justo, e não querendo expô-la à desonra pública, pretendia anular o casamento secretamente.

Blá, blá, blá… Estou pulando algumas partes

Enquanto estavam lá, chegou o tempo de nascer o bebê, e ela deu à luz o seu primogênito. Envolveu-o em panos e o colocou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.
DIRETOR:    Aqui o coral canta “Noite Feliz”. Mas não vamos cantar agora. Narrador, continue.
NARRADOR:    Havia Pastores que estavam nos campos próximos e durante a noite tomavam conta dos seus rebanhos. E aconteceu que um anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor resplandeceu ao redor deles; e ficaram aterrorizados.

E por aí vai. Estou encurtando isso também.

Quando os anjos os deixaram e foram para o céu, os Pastores disseram uns aos outros: “Vamos a Belém, e vejamos isso que aconteceu, e que o Senhor nos deu a conhecer”. Então correram para lá e encontraram Maria e José, e o bebê deitado na manjedoura.
DIRETOR:    (Interrompendo) Pastores, vocês deveriam estar aqui!
PASTOR 2:    (Rindo) Desculpe, você pode começar de novo?
NARRADOR:    De novo?
DIRETOR:    OK, Narrador, leia a cena dos Pastores de novo.
NARRADOR:    OK… Havia Pastores que estavam nos campos próximos e durante a noite tomavam conta dos seus rebanhos. E aconteceu que um anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor resplandeceu ao redor deles; e ficaram aterrorizados. Mas o anjo lhes disse: “Não tenham medo. Estou lhes trazendo boas novas de grande alegria, que são para todo o povo
DIRETOR:    Pastores?
PASTORES:    (Juntos) Estamos indo! (E começam a caminhar pelo corredor errado)
NARRADOR:    “Isto lhes servirá de sinal: encontrarão o bebê envolto em panos e deitado numa manjedoura”.
De repente, uma grande multidão do exército celestial apareceu com o anjo, louvando a Deus e dizendo:
“Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens aos quais ele concede o seu favor”.
DIRETOR:    Não! No meio! No Estábulo! Vamos de novo!
NARRADOR:    (Suspira, e começa a ler novamente) Então correram para lá e encontraram Maria e José, e o bebê deitado na manjedoura. Depois de o verem, contaram a todos o que lhes fora dito a respeito daquele menino, e todos os que ouviram o que os Pastores diziam ficaram admirados. E por aí vai…

(Os Pastores finalmente vêm pelo corredor correto. Assim que o Narrador termina de ler, o coral aplaude como se quisesse incentivá-los)

CORAL:   É! Finalmente! Que beleza! (Os Pastores se curvam para o coral)
DIRETOR:    Pastores, entenderam agora?
PASTORES:    (Juntos) Entendemos.
DIRETOR:    Agora vão se ajoelhar ao lado da manjedoura. E fiquem aí. Vão se lembrar disso?
PASTORES:    Sim!!!
DIRETOR:    OK. Vamos repassar tudo isso daqui a pouco. Sábios, onde estão os Sábios?
SÁBIO 1:    (Do fundo) Aqui atrás.
DIRETOR:    Se preparem. Narrador, você vai ler a partir daqui. Não sei se seria bom lermos o texto todo…
(Pega o texto e vai até o Narrador)
SÁBIO 1:    Se os Sábios sabiam tanto, por que foram perguntar o caminho para Herodes?
SÁBIO 2:   Profecia? Não sei. Cortesia? De um rei para outro?
DIRETOR:    Coral, que tal cantarem “Do Oriente Somos os Três” enquanto preparamos aqui.

(O coral começa a cantar “Do Oriente Somos os Três”, mas o regente os interrompe para dar algumas orientações. Ex.: Você está muito agudo, ou você perdeu o tempo nessa frase)

SÁBIO 1:    Você ouviu aquela história do cara que levou a sério os “Doze dias de Natal”?
SÁBIO 2:   Não. Que esquisito.
SÁBIO 1:    A namorada dele se chamava Andreia, e ela escreveu um bilhete depois de cada presente. Eu achei tão engraçado que tirei uma cópia. (Tira um papel do bolso).
“14 de Dezembro, meu querido Carlos, quem mais no mundo sonharia em receber uma perdiz de verdade? Obrigada mil vezes pelo presente. Com todo meu amor, Andreia.”
“15 de Dezembro, querido Carlos. Hoje o carteiro me entregou seu doce presente. Duas rolinhas. Estou muito encantada com seu presente. Elas são adoráveis. Com todo meu amor, Andreia”.
“16 de Dezembro, caro Carlos, mas você não é o mais extravagante de todos? Mas eu realmente devo protestar. Três galinhas d’angola? Elas são muito fofas, mas por favor, você é muito gentil. Com amor, Andreia”.
“17 de Dezembro, caro Carlos, hoje o carteiro entregou quatro periquitos. Eles são lindos, mas você não acha que já chega? Carinhosamente, Andreia”.
SÁBIO 2:   Esse é o problema. Sempre tem mais.
SÁBIO 1:    É! (Lendo)
“18 de Dezembro, caro Carlos, mas que surpresa. Hoje o carteiro entregou cinco anéis de ouro, um para cada dedo. Eu amei. Mas francamente, aqueles pássaros piando estão começando a me dar nos nervos. Com amor, Andreia”.
SÁBIO 2:   Espera aí. Ele parou com os pássaros?
SÁBIO 1:    Ôpa! (Lendo)
“19 de Dezembro, caro Carlos, quando eu abri a porta hoje havia seis gansos na minha escada. Então você voltou com os pássaros? Esses gansos são enormes. E seu grasnado não me deixa dormir! Por favor, pare! Cordialmente, Andreia”.
SÁBIO 2:   Cordialmente?
SÁBIO 1:    É! E olha só, em 20 de Dezembro é só Carlos. (Lendo)
“Carlos, qual é a desses pássaros? Sete cisnes. Eles não foram criados para a minha casa. O que eu deveria fazer com eles? Eu preciso tomar banho! O que vou fazer com eles? Levá-los ao pântano? Os crocodilos iriam adorar isso! Eu estou tendo uma crise nervosa. Isso não tem mais graça. Por favor, pare com os pássaros! Andreia”.
E olha só, em 21 de Dezembro é OK idiota. (Lendo)
“OK idiota, eu acho que prefiro os pássaros. Você realmente pediu para que oito ordenhadoras trouxessem suas vacas? Você vai ter que vir aqui e limpar essa sujeira! Eu estou avisando, pare! Andreia”.
Em 22 de Dezembro é que o bicho pega de verdade. (Lendo)
“Ei seu maníaco! O que você quer fazer? Nove gaiteiros tocando estão incomodando as vacas e elas estão pisando nos pássaros! Eu preciso de ajuda! Os vizinhos já estão reclamando com as autoridades. Eu vou te fazer pagar!” (Ele olha para cima) Sem assinatura.
SÁBIO 2:   Pelo jeito ela chamou a polícia quando chegou o número dez!
SÁBIO 1:    Eu amo os últimos dois dias.
“24 de Dezembro, olha aqui, imbecil. Esses onze senhores estão pulando sobre as vacas, os nove gaiteiros não param de tocar e as dez moças dançando estão exaustas. E as oito ordenhadoras estão falando em comer as vacas porque elas estão sem leite. Todos os vinte e três pássaros estão mortos. Eles foram pisoteados até a morte no meio desse caos. Eu espero que você esteja feliz!” (Rindo) E está assinado “Sua inimiga jurada”! E aí vem 25 de Dezembro.
DIRETOR:    Vamos acabar logo com isso e voltar ao ensaio!
SÁBIO 1:    (Percebendo que todos estavam ouvindo) Er… OK. 25 de Dezembro
(Lendo, seriamente e com “voz de advogado”)
“Caro senhor, esta carta é para informá-lo que os doze violinistas tocando violino afetaram profundamente a nossa cliente, Sra. Andreia Moraes. A destruição, é claro, foi completa. Toda sua correspondência chegou à nossa atenção. Se você tentar se aproximar de nossa cliente no Sanatório “Jardim Feliz”, os seguranças têm ordens para atirar para matar à primeira vista. E com esta carta, encontra-se anexada uma ordem para sua prisão. Cordialmente, Escritório de Advocacia Costoya Ltda.”
SÁBIO 2:   (Depois que todos param de rir) Eu li que esse “Doze Dias de Natal” foi escrito na Inglaterra como uma música para ajudar jovens cristãos a aprender os pontos da fé, porque as pessoas não sabiam ler. Assim eles memorizaram tudo. O “Amor verdadeiro” é Deus. A pessoa que recebe os presentes e todo novo batizado. Ou os próprios cristãos. Cristo é a perdiz. A música diz que Cristo é a mamãe perdiz que se finge de ferida para afastar os predadores dos seus filhotes. Eu não me lembro de todos, mas as duas rolinhas são o Velho e o Novo Testamentos, três galinhas d’angola são Fé, Esperança e Caridade. Seis gansos são os seis dias da criação. As dez dançarinas são os dez mandamentos e os onze senhores são os apóstolos.
SÁBIO 1:    (Rindo) Que pena que Carlos não sabia disso.
DIRETOR:    (Cobrindo o rosto com a mão e sacudindo a cabeça, fala com um humor sarcástico) Pelo menos nós aprendemos alguma coisa, eu acho. OK Sábios, assim que o Narrador ler sobre os Sábios, vocês vem até o lado esquerdo.
NARRADOR:    (Lendo) Depois que Jesus nasceu em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, magos vindos do Oriente chegaram a Jerusalém e perguntaram: “Onde está o recém-nascido rei dos judeus? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo”.

(Os magos chegam e não tem ninguém lá)

DIRETOR:    Herodes estará aí, eu prometo. Vamos de novo.
(Os Sábios voltam para o fundo. Herodes e o Assessor assumem seus lugares, conversando)
HERODES:    Você já leu sobre esse cara?
ASSESSOR:    Herodes? Não foi ele que ficou tocando harpa enquanto Roma queimava?
HERODES:    Não. Esse era o Nero. Herodes estava com tanto medo de perder o seu trono que foi capaz de um banho de sangue para se manter no poder.
ASSESSOR:    Ah sim, ele foi o cara que matou os meninos para ter certeza que Jesus não escapasse.
HERODES:    Totalmente louco. Maluco. (Pausa) Eu imagino por que Deus o usou?
ASSESSOR:    Eu ouvi a história de uma família que tinha esse tio maluco que se vestia de Papai Noel todo ano. Um ano ele roubou todos os presentes, os desembrulhou, trocou os embrulhos e trocou todas as etiquetas. As crianças ganharam cachimbos e varas de pesca. Os adultos ganharam jogos eletrônicos e peças de bicicleta. As roupas de ninguém serviam. Então resolveram colocar tudo no meio da sala e cada um pegava uma coisa de cada vez.
HERODES:    E o que aconteceu?
ASSESSOR:    Eles ainda discutem sobre quem pegou o presente errado, ou sobre qual eles deveriam ganhar. Mas eles ainda deixam o tio ser o Papai Noel.
HERODES:    Eu acho que eles deveriam trancar o cara na noite de Natal.
DIRETOR:    Posso ter sua atenção? Narrador!
NARRADOR:    (Ainda rindo da história) O quê?
DIRETOR:    Leia a parte de Herodes de novo. Sábios venham de novo.
NARRADOR:    (Lendo) Depois que Jesus nasceu em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, magos vindos do Oriente chegaram a Jerusalém (Os Sábios entram) e perguntaram…
DIRETOR:    Esperem. Herodes e Assessor, saiam e entrem somente quando o Narrador ler a parte em que os Sábios vem vê-lo.

(Herodes e o Assessor saem)

DIRETOR:    Narrador, de novo, por favor. Sábios, continuem vindo.
NARRADOR:    (Lendo enquanto os Sábios entram) “Onde está o recém-nascido rei dos judeus? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo”.

(Herodes e o Assessor entram e assumem seus lugares, o Narrador continua)

Quando o rei Herodes ouviu isso, ficou perturbado, e com ele toda a Jerusalém. Tendo reunido todos os chefes dos sacerdotes do povo e os mestres da lei, perguntou-lhes onde deveria nascer o Cristo. E eles responderam: “Em Belém da Judeia; pois assim escreveu o profeta: ‘Mas tu, Belém, da terra de Judá, de forma alguma és a menor entre as principais cidades de Judá; pois de ti virá o líder que, como pastor, conduzirá Israel, o meu povo’”. Então Herodes chamou os magos secretamente e informou-se com eles a respeito do tempo exato em que a estrela tinha aparecido. Enviou-os a Belém e disse: “Vão informar-se com exatidão sobre o menino. Logo que o encontrarem, avisem-me, para que eu também vá adorá-lo”.
DIRETOR:    Formidável! Ótimo. Agora o coral canta sobre os Sábios enquanto mudamos o cenário. Maria e José vão para a casa, Pastores podem sair, Herodes e Assessor também.

(Todos, incluindo os Sábios, vão se sentar nas primeiras fileiras. Todos parecem cansados. Maria e José vão até o cenário da casa)

DIRETOR:    Maria e José estão na casa e os Sábios entram. Sábios, onde estão vocês?
SÁBIOS:    (Exaustos, eles levantam as mãos e falam juntos) Aqui.
DIRETOR:    Quem disse para vocês sentarem? Voltem lá atrás e venham até a casa, pelo corredor esquerdo, enquanto o Narrador lê. (Eles “se arrastam” para o fundo da igreja) Ótimo. Narrador, comece a leitura.
NARRADOR:    (Suspira) E, tendo eles ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela, que tinham visto no oriente, ia adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino. E, vendo eles a estrela, regozijaram-se muito com grande alegria. E, entrando na casa, acharam o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra.
(Os Sábios chegam, ajoelham-se e entregam os presentes, sem erros)
DIRETOR:    Enquanto o narrador lê o final do texto, vocês saem da casa, atravessam até o meio do palco e saem pelo corredor central. Narrador, por favor.
NARRADOR:    E, sendo por divina revelação avisados num sonho para que não voltassem para junto de Herodes, partiram para a sua terra por outro caminho.
DIRETOR:    E agora temos um último hino. OK, está ótimo. Vamos fazer de novo do começo. Todos em seus lugares. Coral não precisa cantar agora.
(Todos se levantam e o coral desce para se sentar nos bancos, todos se trombam e acabam “embolados” no centro do palco em frente a manjedoura)
DIRETOR:    (Nervoso) Parem! (Todos congelam) OK, vamos todos nos sentar. Em qualquer lugar. Sentem-se!
(Todos sentam-se onde estão e tudo fica em silêncio, o Diretor suspira)
Acho que precisamos de uma pausa. (Apagam as luzes)

Fim da cena Um

(Neste momento devem ser passados os avisos, o louvor entoa alguns cânticos, etc. Enquanto os personagens se vestem de acordo)

CENA DOIS
Com os cenários preparados, luzes apagadas.

DIRETOR:    (A frente, dirigindo-se ao público) Boa noite, paz. Esta é uma peça simples, uma pantomima. Queremos apenas ler a Escritura e interpretá-la para vocês. Vamos deixar a luz do Natal nos iluminar e vamos focar somente na Escritura dessa vez.
Coral, por favor…

O coral canta “Jesus Nasceu – Hino 237 N.C.”

NARRADOR:    Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Que estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo. Então José, seu marido, como era justo, e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente. E, projetando ele isto, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo; E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta, que diz; Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chamá-lo-ão pelo nome de EMANUEL, Que traduzido é: Deus conosco. E José, despertando do sono, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu a sua mulher;

(O Narrador faz uma pausa enquanto Maria e José entram pelo centro e vão até a manjedoura)

E aconteceu naqueles dias que saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo se alistasse (Este primeiro alistamento foi feito sendo Quirino presidente da Síria). E todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade. E subiu também José da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade de Davi, chamada Belém (porque era da casa e família de Davi), A fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. E aconteceu que, estando eles ali, se cumpriram os dias em que ela havia de dar à luz. E deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem.

Coral canta “Noite de Paz”
(Enquanto os Pastores se preparam no corredor central)

NARRADOR:    Ora, havia naquela mesma comarca Pastores que estavam no campo, e guardavam, durante as vigílias da noite, o seu rebanho. E eis que o anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor. E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo: Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor.

(O Anjo vai até a parte de trás da manjedoura, os Pastores começam a caminhar pelo corredor central)

E isto vos será por sinal: Achareis o menino envolto em panos, e deitado numa manjedoura. E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo: Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens. E aconteceu que, ausentando-se deles os anjos para o céu, disseram os Pastores uns aos outros: Vamos, pois, até Belém, e vejamos isso que aconteceu, e que o Senhor nos fez saber. E foram apressadamente, e acharam Maria, e José, e o menino deitado na manjedoura.
E, vendo-o, divulgaram a palavra que acerca do menino lhes fora dita; E todos os que a ouviram se maravilharam do que os Pastores lhes diziam. Mas Maria guardava todas estas coisas, conferindo-as em seu coração. E voltaram os Pastores, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes havia sido dito.

(Os Pastores chegam na manjedoura e se ajoelham, enquanto o Rei Herodes e o Assessor entram pelo corredor direito, agindo como se estivessem conversando)

E, tendo nascido Jesus em Belém de Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do oriente a Jerusalém,

(Os Sábios entram pelo corredor esquerdo, encontram-se no centro com o Assessor e são encaminhados até o rei)

Dizendo: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no oriente, e viemos a adorá-lo. E o rei Herodes, ouvindo isto, perturbou-se, e toda Jerusalém com ele. E, congregados todos os príncipes dos sacerdotes, e os escribas do povo, perguntou-lhes onde havia de nascer o Cristo. E eles lhe disseram: Em Belém de Judeia; porque assim está escrito pelo profeta: E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as capitais de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo Israel. Então Herodes, chamando secretamente os magos, inquiriu exatamente deles acerca do tempo em que a estrela lhes aparecera. E, enviando-os a Belém, disse: Ide, e perguntai diligentemente pelo menino e, quando o achardes, participai-mo, para que também eu vá e o adore.

Coral canta “Do Oriente Somos os Três”

(Durante a música, os Sábios saem pelo corredor direito enquanto Maria e José vão para a casa e os Pastores saem. Ao final da música, os Sábios voltam pelo corredor central até a casa, enquanto o Narrador volta a ler)

NARRADOR:    E, tendo eles ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela, que tinham visto no oriente, ia adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino. E, vendo eles a estrela, regozijaram-se muito com grande alegria. E, entrando na casa, acharam o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram;

(Os Sábios abrem seus tesouros, os entregam e então se ajoelham)

E abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra. E, sendo por divina revelação avisados num sonho para que não voltassem para junto de Herodes, partiram para a sua terra por outro caminho.

(Os Sábios saem pelo corredor esquerdo)

Coral canta um hino final <Em aberto para livre escolha>

DIRETOR:    (Ao final do hino, depois de uma pausa) Agora passamos a palavra ao pastor. Vocês estão dispensados.
(Todos saem em silêncio)
Fim

JESUS NASCEU!             237

Vinde, cantai! Jesus nasceu!
À terra a luz desceu!
A graça infinda ao mundo vem,
Na gruta de Belém,
Na gruta de Belém,
Jesus, o amado, o Sumo Bem!
Sim proclamai, em derredor,
Que foi por grande amor
Que à terra veio o Sumo bem,
Na gruta de Belém,
Na gruta de Belém,
Jesus, humilde, ao mundo vem.

NÓS DOMOS OS 3 REIS

Nós somos os 3 Reis
Que vimos do Oriente,
Trazer as Boas Festas
Com Paz p’ra toda a gente.

Nós somos os 3 Reis
Guiados por uma luz,
Adoramos Deus Menino
que se chama Jesus.

Nós somos os 3 Reis
Baltazar e Gaspar,
Também o Belchior
O veio adorar.

Nós somos os 3 Reis
Guiados por uma luz,
E trouxemos 3 presentes
P’ró Menino Jesus.

NOITE DE PAZ
Cantor Cristão

Tudo é paz! Tudo amor! Dormem todos em redor
Em Belém Jesus nasceu, Rei da paz da terra e céu
Nosso Salvador; é Jesus Senhor

Glória a Deus! Glória a Deus! Cantam anjos lá nos céus
Boas novas de perdão, graça excelsa, salvação
Prova deste amor dá o Redentor

Rei da paz, Rei de amor, Deste mundo ao Criador
Vinde todos Lhe pedir que nos venha conduzir
Deste mundo a luz é o Senhor Jesus

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