
Família desestruturada, pai sem atitude, mãe com sem empenho com a sua família, filho só dedicado a curtições...Com a finalidade de mostrar os problemas familiares, que passam despercebidos. A peça deve representar situações erradas da família e que acontecem em várias famílias hoje em dia.Não representar problemas que atinjam outras classes sociais. Não é para fazer rir. É para quem assistir a peça, pensar e rever as próprias omissões e falhas, e rever os caminhos a seguir.
(O marido chega em casa)PAI: Ô de casa ! ( procurando alguém ).(Ninguém o atende. Ele entra mais na casa e volta reclamando)PAI: (irritado) Ah! Nunca essa casa está arrumada. O quarto é a própria bagunça, nem toalha no banheiro tem.(Emburrado, senta-se e começa a ler o jornal)(A mulher chega toda em sobressaltos, livros, apostilas)MÃE: Ah! Oi querido, já chegou? Tô tão afobada com esta faculdade. Mas está valendo a pena. O meu professor de Direito é o máximo, super inteligente. Mas em compensação, dá cada trabalho. Ah! Hoje tem reunião de equipe às 20:00 horas viu?MÃE: (anda pra lá e pra cá e avisa o marido) Eu vou preparar um lanche rápido para mim, pois tá quase na hora da reunião, se quiser, te faço um também, ou se preferir, peça uma pizza.(O marido explode)PAI: É todo dia isso.... só estudo, só professor, só trabalho de equipe.(A mulher lhe olha indiferente. )( marido novamente)PAI: Esta casa é morta, fria, gelada, só tem valor o mundo. Nós, eu e os filhos não somos ninguém. (cala-se em seguida).(A mulher também se cala, tenta arrumar-se, cabelos, maquiagem, etc. )(Entra o filho desalinhado, sujo, juntamente com a sua namorada, que é do mesmo estilo seu. )(A namorada vai sentando e mexendo em tudo, como se já fosse velha conhecida da casa. )(O filho pede dinheiro e tenta comprar a mãe com um beijo, dizendo palavras de piedade e dó)CLEBER: Oh mãezinha querida!(beijo) Que bom te ver(abraçando). Tava com tanta saudade !! Eu tô tão carente, mãezinha!(A mãe diz, empurrando o filho)MÃE: Fala logo o que você está querendo.CLEBER: Já que a senhora insiste, poderia me arrumar uns 50 paus, pra eu poder dar um rolê com a minha gata?(A mãe responde)MÃE: Eu não tenho tudo isso. Pega 30 e vai embora.(A namorada interrompe, displicente)NAMORADA: Xii! Que pobreza (nome do namorado). Isso daí não dá nem pro começo.(O pai pergunta)PAI: Que mal lhe pergunte, você não devia estar na aula agora? O que está fazendo aqui?(O filho responde com a maior naturalidade)CLEBER: Eu já paguei a mensalidade, quem frequenta é a mamãe. Além do mais, não almocei hoje. Quando eu levantei, a geladeira estava vazia e a mãe já tinha saído, dai resolvi dar umas bandas, porque, algum problema, “papai”?(O filho com a namorada, ficam em um canto “morgando”. )(A mulher fala ao marido)MÃE: Meu bem, dei um cheque para a moça das cortinas e outro para a costureira. Lembre-se de fazer um depósito.(O marido diz indignado)PAI: Para que tudo isso? Comprar, comprar....(A mulher reponde)MÃE: Você não viu nada. A vizinha já trocou e nós não podemos ficar por baixo.(O marido diz)PAI: E o seu ordenado?(A mulher)MÃE: Oras! O meu ordenado é meu!(Nisso entra a filha)FILHA: Boa noite, como passaram o dia? Que bom estarmos todos reunidos.Ninguém se atreve a responder. A filha pergunta:FILHA: Posso ajudar a preparar o jantar?(A mãe responde agitada)MÃE: Não filha, já estou de saída, a equipe está me esperando.(A filha insiste)FILHA: Só um instante. Em duas logo fica pronto e jantaremos juntos.(A mãe apanha os livros e diz)MÃE: Tchau!(A filha comenta)FILHA: Mamãe, gostaria que domingo a senhora estivesse em casa para lhe apresentar meu namorado.(A mãe sai dizendo)MÃE: Coitada dessa menina, mentalidade de 50 anos.(O filho e namorada se levantam e ele diz)CLEBER: Bom, já tô me mandando. Ah! tava me esquecendo. Pra quem não conhece, essa daqui é a (nome da namorada).(A namorada os cumprimenta com ar de deboche. )(O filho pega a chave do carro do pai e avisa)CLEBER: Pai, tô saindo com a caranga, volto logo, falô?(A namorada completa)NAMORADA: É isso aí coroa! Fica frio!(Os dois saem de cena. )(A filha diz ao pai)THAIS: Pai, eu vou preparar um jantar gostoso para nós.(O pai se levanta ignorando a filha e diz)PAI: Amor mesmo é só de secretária. Bem que meu amigo tem razão.(Sai o pai de cena. )(A filha fica sozinha em cena, meio desiludida, com ar angustiado, porém diz cheia de esperança)THAIS: : Problemas todos têm, mas eu hei de conseguir a paz e o amor em minha família. O Zé Maria conseguiu. A Lúcia está lutando. A comunidade vai me ajudar. Eles são meus pais. Eles me deram a vida. Deus vai me ajudar. Eu tenho fé !(A filha fica com um ar tristonho na sala, quando chega um amigo seu)SÉRGIO: Thais, posso entrar?THAIS: Oi Sérgio, é você, entra.SÉRGIO: Não estou atrapalhando, tô?THAIS: Lógico que não, eu estou sozinha mesmo.(Nisso, Thais começa a chorar)SÉRGIO: - O que foi Thais? Que aconteceu?THAIS: É que as coisas aqui em casa não estão nada bem.SÉRGIO: - Como assim, me explique melhor.THAIS: Aqui está uma desunião total; minha mãe que só pensa na faculdade, meu pai que só reclama e meu irmão tá andando com uma turma da pesada.SÉRGIO: - É eu tenho visto ele mesmo com um pessoal estranho, ele tá namorando, não tá?THAIS: Tá sim. É uma do tipo dele, acho que é irmã do Carlinhos Brown. Ah Zé, eu não aguento mais. (chorando).SÉRGIO: - Calma, calma. Afinal de contas onde está sua fé, sua confiança em Deus?THAIS: Ah, mas está tão difícil de segurar a barra.SÉRGIO: - Tudo bem, mas nós da comunidade, estamos aqui pra te ajudar também. O que você acha de eu vir conversar com sua família, sei lá, bater um papo, a gente tem que tentar !THAIS: Não sei se adianta. Eles estão muito distantes.SÉRGIO: - Mas não custa tentar.THAIS: Tudo bem, quem sabe.SÉRGIO: Bom, vamos fazer assim: mais tarde eu venho com a minha mulher conversar com seu irmão e depois com seus pais, o que você acha?THAIS: Tudo bem. Muito obrigada por se preocupar com meus problemas.SÉRGIO: Que nada, estamos aí pra isso.(Nisso, chega o filho com a namorada. )CLEBER: Ai, ai, de volta para o mausoléu. Xii, olha a esperta da minha irmã ai.CLEBER: Viu, você usa shampoo de laranja?THAIS: Não porque?CLEBER: É que seu cabelo tá um bagaço! Ah, ah, ah !THAIS: Olha Cleber, eu não quero atrapalhar o seu divertimento, mas daqui a pouco o Sérgio e a Carina vem aqui em casa para conversar com você.CLEBER: Conversar comigo? Sobre o que? Coisa boa não deve ser.THAIS: Não sei o que é, espere e você ficará sabendo. Agora dá licença que tenho que estudar.NAMORADA: Vai CDF, vai. A sua irmã já namorou alguém? Com essa cara de xarope só pode frequentar igreja mesmo.CLEBER: Deixa ela pra lá. Vamos curtir a nossa.(Chegam Sérgio e Carina, e batem na porta. )(O filho fica irritado, pois tem que parar o namoro. )CLEBER: Saco, será que são aqueles dois “mala”? (atende a porta sínico) Oi, entrem.(O casal entra e o filho já tentando sair fora, diz)CLEBER: Bom, vocês não reparem, mais a gente tava de saída, mas a minha irmã está ai e já vem ficar com vocês tá?(O amigo responde)SÉRGIO: Sabe o que é Cleber, a gente veio mesmo é conversar com você.CLEBER: Comigo? Mas sobre o que?SÉRGIO: Sobre algumas atitudes suas que não estão muito de acordo.(A namorada interrompe)NAMORADA: Quando você disse que a sua família era um saco, não pensei que fosse tanto.(A amiga pergunta)CARINA: Você é namorada do Cleber?NAMORADA: Não, eu sou a professora de balé dele, bem. O que você acha hein?CARINA: Bom, antes de mais nada, eu acho que você deveria ter um pouco mais de educação.(O namorado interveem)CLEBER: Desculpa Dona Carina, é que ela é meio revoltada(O amigo diz)SÉRGIO: Mas é sobre isso mesmo que eu quero falar com você, revolta! Onde você quer chegar com toda essa revolta?(O filho responde )CLEBER: Ah, sei lá, eu tô a fim de curtir a vida, só isso.CARINA: Curtir a vida, fazendo seus pais sofrerem?CLEBER: E você acha que eles estão sofrendo? Nem sabem que eu existo, nem me lembro a última vez que conversamos sem brigar.(A amiga pergunta a namorada)CARINA: E você, também só quer curtir a vida?NAMORADA: Olha dona, a senhora é da polícia pra fazer tantas perguntas?CARINA: Não, não sou, estou apenas preocupada com vocês. Você é filha da Maria Antônia, não é?NAMORADA: Sou sim, mas nem gosto de lembrar; aquela lá só sabe pegar no meu pé, que nem vocês.CARINA: E seu pai?NAMORADA: Meu pai? Meu pai está preso já faz 5 anos, nem lembro direito dele e nem quero lembrar. Só sabia me bater.SÉRGIO: É, tô vendo que vocês estão realmente revoltados, só que depende de vocês melhorarem a situação.CARINA: O tempo que vocês perdem matando aula, fugindo da realidade, porque não buscam algo mais sólido para se apegarem?CLEBER: Mais sólido, como assim?CARINA: Deus por exemplo. Ele é a melhor saída para os seus problemas. Porque vocês não experimentam ir ao grupo de jovens da paróquia?NAMORADA: Ih meu, o papo furou de vez, eu tô me mandando, tá? (olha para o namorado).CLEBER: Olha, quem sabe um dia, agora preciso sair fora, falô. A minha irmã já vem (grita pela irmã). Tchau !(A irmã aparece)THAIS: Eu ouvi tudo, não falei que era difícil?SÉRGIO: Realmente, mas vamos agora conversar com seu pai.CARINA: Só vamos buscar a Thassia na escola e voltamos para falar com seu pai.THAIS: Tudo bem, tchau.CASAL: Tchau.(Nisso o pai chega, como sempre reclamando)PAI: É, meu futuro não foi nada feliz; onde eu vim parar.THAIS: - Ô pai, o senhor falando assim, me deixa chateada.PAI: E eu então? Você já olhou como está esta casa? Depois que você começou a participar do tal grupo de jovens, só vive sonhando.(Nisso o amigo chega)SÉRGIO: Thais?THAIS: Oi Sérgio, oi Carina,entrem. Pai, é o Sérgio e a Carina.(Com cara de poucos amigos, o pai o cumprimenta)PAI: Como vão?CASAL: Muito bem, e você Lucas?PAI: Vou melhorar a hora que me mudar daqui.CARINA: Com licença, eu vou até a padaria, vamos Thassia?SÉRGIO: Bom Lucas, eu vim mesmo aqui para conversar com você.PAI: Sobre?SÉRGIO: Sobre alguns problemas que a Thais me contou e que eu tenho percebido que vem acontecendo com vocês.PAI: Ah é? E daí?SÉRGIO: E daí, que a gente é amigo faz tempo, lembra-se, e amigos não são só para momentos felizes. Acontece que a Thais anda muito aborrecida com a situação aqui nesta casa, e quem sabe a gente possa ajudar.PAI: Ajudar de que forma? Dá uma olhada na casa, dá até nojo.CARINA: E a sua mulher?PAI: Nem me fale naquela perua. Só pensa na maldita faculdade.CARINA: Mas você já tentou conversar com ela?PAI: De que jeito? Ela só pensa em faculdade, trabalhos de equipe e gastar. Só isso.SÉRGIO: Mas você tem que fazer uma força, sentar e conversar com ela e com seus filhos.PAI: Infelizmente não é possível. Ela não aceita que está errada.SÉRGIO: Mas nestas horas, não interessa quem está certo ou errado, mas sim, aonde a família quer ir. Você desanimado assim, está perdendo sua esposa para os compromissos e os filhos para o mundo. Você tem prestado atenção no Cleber? Ele está andando com uma turma da pesada. Você tem que fazer algo, antes que seja tarde.CARINA: E o relacionamento de vocês com Deus? Não se esqueça que é muito importante a presença de Deus na família, na educação dos filhos Lucas. Nunca mais a gente viu vocês na igreja.PAI: (com ar angustiado) É, vocês tem razão! Eu me entreguei ao descaso, eu tenho que fazer algo. Graças a Deus, pelo menos a Thassia está com a cabeça no lugar e pode contar com vocês. Muito obrigado, eu vou tentar falar com eles.SÉRGIO: Faça isso, mesmo que não dê resultado imediato, vá tentando, vale a pena.(Nisso entra Thais)THAIS: Vocês não vão esperar o café?CARINA: Não, não Thais, já é tarde e seu pai está cansado, fica pra próxima. Tchau. (vai saindo).THAIS: Tá bom, mais uma vez obrigado.SÉRGIO: Que é isso, fé em Deus que vai dar certo.PAI: Tomara! Tchau .(Thais retorna a sala e diz)THAIS: Então pai, conversou bastante com Sérgio e a Carina?PAI: Conversei. E vamos conversar mais ainda, todos nós.THAIS: Como assim?PAIS: Vamos esperar sua mãe e seu irmão, não vou deixar para amanhã.(Os dois sentam, e logo chega a mãe)MÃE: Oi, ainda acordados. Aconteceu alguma coisa?(O pai se levanta, pega as pastas da mulher, põe de lado e diz)PAI: Já faz tempo que vem acontecendo e nós vamos conversar sobre isto. (sério)MÃE: Ah querido! Não pode ser amanhã? Tô morta de cansada!PAI: Não, não pode. Já perdemos tempo demais, nem sei se tem mais conserto.(O pai senta-se desiludido, quase que chorando, a mulher se comove e junto com a filha se aproximam do pai, e a mãe diz)MÃE: Mas do que você está falando querido?PAI: De todos nós, nossa família está acabando; nós temos que mudar isso tudo, eu, você, os filhos.(Nesse instante paira um grande silêncio na sala; na sequência chega o filho com a namorada, que vê a cena e pergunta)CLEBER: O que tá acontecendo? Morreu alguém?(Os três olham para ele com ar triste e nada respondem. O filho diz)CLEBER: Mas alguém pode me dizer o que está havendo? Xii, que papo furado.(O pai lhe abre os braços e lhe chama para o grupo)PAI: Venha cá filho !CLEBER: O que o senhor tem? Pai, eu nunca vi o senhor chorando!(A mãe e a irmã chegam mais perto e todos se unem, nisto a namorada toma a frente do palco e fala)PAI: Pois é! Com muita dor, mas com a ajuda da comunidade, eles estão tentando. Haverão ainda muitas brigas, desencontros e desuniões, mas eles vão continuar tentando, pois esta, é a família deles, e por nossa família, vale qualquer esforço e nenhuma luta é em vão !FIM !
FONTE WEB O Grupo Vivarte