DOS CRAVOS AO TRIUNFO

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Jesus momentos antes de ser traído. Orando…

Os guardas e Judas se aproximam…

Os discípulos: Um traiu e vive a dor de ter entregado o mestre pra ser morto. O outro nega conhecê-lo.

Jesus entre dois ladrões…

ELE RESSUSCITOU!!!!!!!

(atualizado)

1ª PARTE

Em cena, Jesus e três apóstolos. Um violino ao fundo. Jesus ora incessantemente. Os três apóstolos, que no início estão orando, caem de cansaço e adormecem.

JESUS – (ajoelhado) Pai! Afasta de mim esse cálice, Pai! Mas que seja feita a tua vontade , Pai!
Narrador serão narrador itinerante, fará monólogos no decorrer da apresentação, concomitante com a peça e SEMPRE andando no meio da cena(mesmo que esteja atuando com discrição sobretudo quando não estiver narrando), observando o que se passa, agindo como um apresentador de um documentário.
NARRADOR – Nunca deixe de perceber esse sono dos discípulos no Getsêmani como o nosso sono!
Nunca deixe de entender que viramos para o outro lado e fruímos o sono do pecado para ignorar aquele que se fez pecado por nós.
Viramos o olho para esquecer, deixamos morosamente a nossa alma padecer no sono da inércia, no sono da preguiça, no sono do descaso. E de caso a caso, desprezamos o Rei dos Reis no nosso egoísta adormecer…
JESUS – (percebendo o sono dos discípulos) Basta! É chegada a hora do filho do homem ser entregue.
Um grupo de coreografia, representando os guardas, entram em cena. Param a dança performática e caem, juntamente com os três discípulos.
JUDAS (ator A) – Salve, Mestre.
Congela a cena. Solo de Cantor e Cantora.
CANTOR – Salvação…
CANTORA – Saudação…
JESUS – A que vieste, amigo?
CANTORA e CANTOR– Amigo… Amigo…Amigo… Amigo…
A cena estáem andamento, com os guardas (elenco imaginário) fazendo uma performance em volta de Jesus, que olha com serenidade, enquanto que os demais discípulos estão apreensivos.
PEDRO (ator B), de súbito, se apodera de uma espada e corta a orelha de um dos guardas. Mais uma vez, os demais ficam congelados.
JESUS – Ah, Pedro… Mais uma vez, você não entendeu. Ouça, Pedro. Os que lançam a mão da espada à espada perecerão. Mete a espada na bainha. Não beberei eu, porventura, o cálice que o Pai me deu?
Jesus cura a orelha de Malco. Logo depois, os guardas conduzem Jesus.
NARRADOR – Submeter-se à vontade de Deus Pai. Meter a espada na bainha. Negue-se, homem! Negue-se! Haverá trevas sobre a terra. Nas trevas, resplandece a luz. Eis a luz do mundo. A rosa de saron! Será jogada ao chão. Como ovelha muda, está indo para o matadouro. Por nós. Por nós? Sim, por nós…
Narrador se retira. Judas está sozinho em cena.
Judas e Pedro estão em cena.
JUDAS (ator A)– Trinta moedas… Pelo mestre. Pelo meu mestre. Preço de sangue. Vendi. Sim, o vendi. Por que estão olhando assim pra mim? Não o vendem sempre? Não o traem sempre? E olha ela aqui na minha mão. A recompensa. Imediata, como a humanidade gosta. Um saquitel repleto de moedas que trazem em si a efígie do Imperador de Roma, sim, aquele mesmo imperador que eu pensei que seria destronado pelo Mestre. Mas o mestre me decepcionou. Estou vendo o tempo passar, e não vislumbro nenhuma atitude de Jesus… Reino composto pelos …que choram? Por mansos? Por humildes? Isso é impossível!
PEDRO (ator B)– Se eu conheço Jesus? Não sei de que vocês estão falando. Estou apenas aqui, próximo ao acontecimento. Não, não sei o que dizem? Será que dava para ser mais clara essa pergunta?
JUDAS (ator A)– Será possível um reino assim? Composto por humildes, por mansos, por fracos?! Creio que não. Por todo o tempo que andei com o mestre, jamais perdi a compostura. Tanto que fui escolhido para ser o tesoureiro do grupo. Jesus disse que quem o trairia seria aquele que colocasse a mão com ele no prato.
Cena estática com Jesus. do lado de Judas (ator A) colocando a mão no prato.
JUDAS (ator A) – Viram só? Eu coloquei a mão no prato junto com o Mestre e ninguém desconfiou de mim. Ninguém! Influenciei os demais apóstolos no caso do assentimento de Jesus com aquele desperdício do nardo puríssimo, raríssimo e caríssimo derramado pela mulher sobre Jesus. Não, não é possível. Será mesmo que eu ouvi direito o mestre dizer que era para o seu próprio sepultamento! O mestre só podia estar mesmo é delirando. Se contentar em caminhar mudo, manso, humilde, para a morte. Isso não é mesmo que destronar os poderosos! Isso é delírio!
PEDRO (ator B)– Não conheço tal homem! Como eu estaria com um homem que, mesmo sendo pacificador, confronta e amedronta todo esse sistema político e religioso. Não… Sou apenas um humilde pescador. Não sei como vocês suspeitaram de que eu estaria junto com esse homem que prenderam.
JUDAS (ator A) – Esse saquitel parece estar mais pesado do que o normal. Minha consciência também está pesada. Ai… Não adianta ficar tentando me enganar. Pequei, traindo sangue inocente.
VÁRIAS VOZES EM OFF – Que nos importa! Isso é contigo.
Enquanto Pedro profere o último monólogo. Judas joga ao público o saquitel, e prepara uma corda para se enforcar. Só se enforcaráquando Pedro estiver chorando.
PEDRO (ator B)– Não conheço tal homem! Será que é preciso praguejar, gritar e me transtornar para vocês entenderem!
O galo canta. Pedro, agora sim, chora. Judas já está enforcado.
Narrador– Somos nós! Somos nós! Somos… Nós…
Narrador pega uma moeda no saquitel lançado por Judas, junto ao público. Judas está morto no chão, enforcado. Pedro, ajoelhado no chão, chorando.
NARRADOR – (apontando, em cena, tanto Judas enforcado como Judas chorando) Os dois lados da moeda. De qual lado você quer está? Dos que lastimam sua condição humana (o narrador aponta para Pedro), mas que buscam mudança, ou dos que apenas lastimam a condição humana(o narrador aponta para Judas)? O que você quer ser? Quem você quer ser? Quem você quer?
Pedro, Narrador e Judas saem de cena (pela frente). Agora, em cena estão Jesus, Pilatos e Barrabás, sendo que estes entraram em cena para ficarem respectivamente na mesma marcação que estavam Judas e Pedro.
VÁRIAS VOZES EM OFF – Queremos Barrabás! Queremos Barrabás! Queremos Barrabás!
VÁRIAS VOZES EM OFF – E disse Pilatos:
Pilatos (ator A) – Portanto, lavo minhas mãos!
Enquanto Pilatos, agora se posicionando atrás de Jesus, lava suas mãos, numa baixela trazida por um figurante. Cantor profere as seguintes frases cantadas:
CANTOR – A voz do povo não é a voz de Deus, porque um dia a voz do povo gritou:
VÁRIAS VOZES EM OFF – Crucifica-o! Crucifica-o! Crucifica-o.

2ª PARTE
Entrada do 2ºelenco. Guardas (atores A e C) se apoderam de Jesus, açoitam-no, colocam em Jesus uma coroa de espinhos e o crucificam. As pessoas que gritavam de fora “crucifica-o” acompanham o cortejo de Jesus.
CANTOR – Palavras da Cruz. Palavras da cruz. Palavras da cruz.
Dois personagens (ator A e ator B), depois de retirarem os elmos das cabeças, se posicionam do lado de Jesus, com as mãos estendidas para o lado, como se estivessem crucificados.
LADRÃO DA CRUZ 1 (ator A) – Desce daí! Não é o filho de Deus.
LADRÃO DA CRUZ 2(ator B)– Desce logo. Dá um espetáculo aos nossos olhos, e com certeza todos crerão!
JESUS – Pai, perdoa-lhes. Eles não sabem o que fazem.
LADRÃO 2(ator B) – Se fosse mesmo o filho de Deus, já teria descido.
NARRADOR – Sempre há momento de se perceber o verdadeiro sentido das situações. O verdadeiro sentido da vida.
LADRÃO 1 (ator A)– Não percebe o equívoco nem mesmo estando sob igual sentença? Lembra-te… Lembra-te de mim quando estiveres no teu reino.
JESUS – Em verdade te digo que ainda hoje estará comigo no paraíso.
A cena se congela, estando apenas em movimento Narrador e Satanás.
SATANÁS – (olhando para o LADRÃO 1) Que fraco! Que fraco! Não preservas suas convicções até o fim. Isso é sinal de fraqueza!
NARRADOR – (contracenando com Satanás) Teimosia não é o mesmo que perseverança. E não se deve ter vergonha de mudar de opinião, pois não se deve ter vergonha de pensar.
SATANÁS – Ora, pensar é o que me fascina. Eu sou o ser que pensa, racionaliza e confia que há uma possibilidade para Jesus cair. Ainda não chegou o fim. Estou aqui até o último suspiro. Também sou um ser confiante.
NARRADOR – Confiante não. Relutante!
SATANÁS – Ah, cale-se! Cale-se e me deixe distorcer toda a verdade!
Satanás e Narrador se posicionam em ambas as extremidades opostas do palco. Descongela-se a cena, mais uma vez com o grito dos que estavam deitados (“Se é o filho de Deus”). Já não há mais os dois ladrões ao lado de Jesus, que retornam junto aos que estão deitados. Maria e João entram em cena, se aproximando de Jesus. Também são dois personagens que estavam no meio do público que seguia Jesus.
JESUS – Mulher, eis aí seu filho. Filho, eis aí tua mãe.
Nesta cena, o ator B está abraçado com uma atriz figurante e ambos se posicionam em frente a Jesus crucificado. Esta cena se congela.
Satanás– Atenção! Atenção para essa palavra! Esqueça a profundidade é atente-se apenas para a literalidade.
NARRADOR – Concordo. Mas não podemos desprezar também o que foi dito antes pelo próprio Jesus. Ele disse que sua mãe, seus irmãos, seus parentes são aqueles que fazem a vontade de Deus. Decerto que bem-aventurada aquela que o concebeu e os seios que te amamentaram! Entretanto, bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam. As palavras da cruz não podem ser apartadas de todas as palavras do Ministério de Jesus.
SATANÁS – (indo para o seu canto do palco) Ninguém vai se lembrar disso.
NARRADOR – (indo para o seu canto do palco) Ele está aqui para nos lembrar.
Ator B sai de cena. A cena se descongela. Jesus está esgotado, respirando e profere o seguinte:
JESUS – Deus meu… Deus meu… Por que me desamparaste?
Satanás (ator A caracterizado) – AAAAAAHHHHHH! Venci! Venci! Vocês viram. Não fui só eu quem ouviu. Vocês também ouviram! Ele reclamou! Ele reclamou! Eu venci! Eu venci!
Satanás sai de cena.
NARRADOR – (ao diabo) Todos os pecados de todos os homens de todos os tempos estavam em Jesus! Não há harmonia entre os nossos pecados e Deus! Todos os nossos pecados estavam em Jesus, mas tudo isso sem ter tido Jesus cometido pecado. Paradoxal? Pode até ser. Mas inevitável seria, naquele momento, o Pai não ter virado o rosto para o Filho. Mas ainda não acabou. Não podemos avaliar o todo julgando apenas uma parte desse todo. Esperem até o fim.
JESUS – (ofegante) Tenho sede.
NARRADOR – A sede de Jesus. A humanidade de Jesus. Homem como nós, mas sem pecado. Sujeito a angústias e aflições. Sujeito às nossas mesmas paixões. Mas não cedeu a nenhuma delas consolidando-as em transgressões.
JESUS – (ofegante) Está consumado!
NARRADOR – A autoridade de Jesus. A divindade de Jesus. Deus conosco, mas desamparado. Desamparado para se esvaziar e assumir totalmente a forma de servo. Entretanto, somente Deus pode ser desamparado por ele próprio. Nós homens, apenas homens, não podemos ser desamparados por Deus. Por isso que de fato ele é Deus.
JESUS – Pai… Oh, Pai… Nas tuas mãos entrego meu espírito.
NARRADOR – Deus, o próprio Deus, veio aqui na terra para redimir os homens, e agora ao mesmo tempo recebe e entrega o seu espírito. Deus vindo à Terra assumindo a forma de servo. Seu advento entre nós se compara a uma gota de um enorme oceano chamado divindade usando como canal o nascimento humano, e o fluir dessa gota foi o suficiente para lavar e purificar a humanidade de seus pecados desembocando finalmente na sua própria origem, ou seja, a glória, após o seu curso aqui na terra através dos meandros percorridos em meio à vida terrena, dando-nos a ideia de quão grandiosa é essa divindade triúna. Fascinante, não?! Eis o dinamismo da Trindade, admirável por ser insondável, mas perceptível por ser infalível: Pai, Filho e Espírito Santo: o nosso Deus! Não há mais nada o que dizer. Jesus não precisa de defesa. E para finalizar essa história de vitória, nada como um brado de vitória. Um brado que só poderia ser proferido por Ele, pois mesmo sentindo a maior dor de todos os tempos, misturou em sua demonstração de sofrimento o regozijo por estar consumada a vitória sobre a morte e o pecado.
JESUS – AAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH!!!!
Durante uma música ao fundo, os que estavam deitados saem de cena, tristes. No final da música, um dos figurantes diz, mesmo com a música sendo entoada: “verdadeiramente esse era o filho de Deus”. Outros personagens, representando José de Arimateia e seu ajudante, retiram o corpo de Jesus da cruz e o carregam para fora de cena. Narrador está sozinho em cena.
NARRADOR – Depois de todas essas evidências, de toda a prova real da confirmação das profecias na vida e obra de Jesus, temos que reconhecer que não podemos afirmar que a voz do povo é a voz de Deus, mas às vezes, provérbios populares parecem simbolizar a voz de Deus, sim, como por exemplo, aquele provérbio popular que diz o seguinte: “pior cego é aquele que não quer ver”.
Maria Madalena entra em cena, com uma venda nos olhos por um lado. Jesus entra em cena por outro.
MARIA MADALENA – Seu Jardineiro! Seu Jardineiro! Posso lhe fazer uma pergunta. Onde colocaram o corpo do Senhor Jesus?
A cena se congela.
Narrador retira morosamente as vendas dos olhos de Maria.
JESUS – Maria.
MARIA MADALENA – Mestre!
A cena se congela.
NARRADOR – No sepulcro de todos os grandes homens que compuseram e escreveram a história da humanidade, quando falecem e são sepultados, é de praxe escrever-se o seguinte: “aqui, jaz”. No sepulcro de Jesus está escrito: “O corpo de Jesus não está aqui, porque Jesus ressuscitou”!
Todos atores, com coreografia, entram cantando a música “Ó morte! Onde está ó morte a sua vitória?! Jesus ressuscitou!”.
Fim
Glória a Deus
TEXTO REGISTRADO no Escritório de Direito Autoral
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