IGREJA NÃO É ISOLAMENTO! IGREJA É CORPO!

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A tecnologia veio facilitando e aproximando as pessoas das coisas que elas desejam.
Ao mesmo tempo que aproxima dos objetos deixa cada vez mais isoladas umas das outras.
E isso chegou nas igrejas.
A peça mostra pessoas que se sentem confortáveis com este distanciamento… e desafia a uma reaproximação.

(Um narrador personagem entra em cena, com 4 máscaras da pandemia na mão.
Contudo, em oculto, estão 4 telefones celulares com ele em oculto.
Já em cena, quatro personagens, estáticos e, um pouco afastados uns dos outros, aparelhos.)
NARRADOR PERSONAGEM:    A humanidade caminha para o isolamento.
(Enquanto o narrador supracitado narra, os outros personagens em cena, discretamente, afastam-se uns dos outros um pouco.)
NARRADOR PERSONAGEM:    A coletividade está cada vez mais comprometida. E houve uma pandemia horrível que, além de ter causado mortes, apenas confirmou um estrago que já havia sido feito há algum tempo na humanidade.
(O Narrador personagem entrega uma máscara para cada um dos quatro.)
NARRADOR PERSONAGEM:    Algo que de fato serviu, durante esse tempo pandêmico, também ilustrou uma marca da humanidade de hoje.
Um indivíduo escondido atrás de algo.
Uma máscara que não é de tecido…
(As personagens retiram as máscaras, deixando-as cair, e vão agora posicionar suas mãos de modo a receber aparelhos de celulares do narrador personagem que, após entregá-los às quatro pessoas, volta a narrar.)
NARRADOR PERSONAGEM:    …mas tecnológica.
Já não vivo mais eu!
Quem vive por mim é meu perfil de rede social.
Esse tem mais vida do que o meu eu real!
O convívio físico é minoria se comparado ao papo virtual.
Já não há mais o olho no olho, e sim o olho na tela!
E com a palavra (aponta para os quatro personagens em cena), a humanidade atual, cujo novo normal é a vida virtual.
Ela estará em defesa do porquê que optou pela tecnologia da comunicação como janela da felicidade.
(Personagem Narrador sai de cena.)
PERSONAGEM 1: Eu sou Mário. Um cara atípico.
Tenho quarenta anos e até hoje não sei dirigir.
Na verdade nunca tive interesse.
Algumas pessoas inclusive insinuaram que eu, para ser homem por inteiro, teria que comprar um carro e aprender a dirigir.
Claro que eu sei que o transporte é uma necessidade para eu ir estudar, ir trabalhar, ir para a igreja…
Ônibus é aquele problema de sempre: demora, vem lotado na hora do rush, os donos das empresas retiraram os coletivos na hora que bem entendem etc, etc.
Táxi é caro demais!
E os transportes alternativos enfrentam sempre a dificuldade de adentrarem na legalidade.
Foi quando então eu conheci os aplicativos de transporte!
Ô bênção na minha vida!
Vou pra tudo quanto é lugar agora na maior praticidade!
Meus filhos usam!
Minha esposa usa!
Até visita de sogra eu encurto:
“Olha, Dona Gilda! O Uber já chegou! Boa noite e vai com Deus!”
Então me façam um favor!
Não venham me dizer que essa tecnologia na palma das nossas mãos e a centímetros dos nossos olhos não é uma bênção!
Obrigado Deus pela alta tecnologia da comunicação e pelo 99 pop de cada dia!
PERSONAGEM 2: Meu nome é Verônica.
Também sou alguém atípica.
Uma mulher que não sabe cozinhar.
E casei. Com um homem “master chef”?
Pior que não!
Nem eu nem ele sabemos cozinhar!
Por outro lado, tanto eu como ele estamos empregados.
No início do casamento, saíamos todos os dias para comer fora.
Onde moramos tem restaurantes e até lanchonetes a uns quarteirões da nossa casa.
Mas a gente mora em terra de chuva!
Todo mundo aí sabe que não é uma boa ficar toda hora saindo quando chove.
Sem contar que às vezes dá vontade de comer alguma coisa diferente.
Comida japonesa e pizzaria não têm perto de casa.
Vai me dizer que não é perfeito esses aplicativos de fast food?
Agora mesmo que não vou aprender a cozinhar.
A oferta de fast food sai bem mais em conta pra pessoas como eu.
E mais: filha minha também, se não quiser, tem o meu apoio.
Só vai aprender a fazer miojo e pipoca no micro-ondas, que nem eu!
Tá tudo hoje na palma da nossa mão!!
Vem tudo a nós!
Apenas numa teclada!
Quem critica a tecnologia é inimigo do conforto!
Deveria ter até mesmo delivery de santa ceia!
Salve os aplicativos de fast food!
Salve a zona de conforto proporcionada pela alta tecnologia da informação!
PERSONAGEM 3: Eu sou Jordan.
Sou um cara muito tímido.
Tímido no “téte a téte”.
Atrás da tela de um computador ou de um celular eu me torno corajoso, atirado, destemido…
Sempre travava em debates na faculdade e em participação na escola dominical da minha igreja.
Mas nas redes sociais eu sou o tal.
Me posiciono, me pronuncio, e cá entre nós… às vezes xingo.
Ah, xingo mesmo!
Sem palavrão, é claro, mas xingo sim!
Por trás de um computador e de um celular, ninguém conhece o meu jeito tímido de ser e nem percebem a minha verdadeira expressão!
E vocês não sabem como eu estou craque inclusive em site de relacionamento.
Ô coisa boa!
Nunca foi tão fácil arrumar uma namorada e começar um papo, coisa que eu não conseguia antes do “boom” da alta tecnologia da informação.
Portanto, a vida majoritariamente isolada está sendo necessária para que os momentos de contato físico sejam apenas essenciais, e não banais.
Na hora de ir ao encontro eu vou, mas a vida mesmo é vivida com intensidade atrás da telinha.
É assim que a gente fica mais corajoso!
É o triunfo do “eu virtual” sobre o “eu físico”!
E ainda que a Bíblia diga que os tímidos não herdarão o reino dos céus, pelo menos agora podem herdar os reinos da terra.
PERSONAGEM 4:   Eu sou Lara. Não que eu seja preguiçosa.
Não é bem isso!
Sim, gosto de fazer ginástica, de malhar.
Ih, sou meio coroa, tem que falar de outro jeito, né?!
Agora é dar um treino!
Isso!
Pra ficar atual, vou dizer pra vocês que me amarro em dar um treino, mas sozinha.
Podem me chamar de antissocial, mas ambiente de academia não é comigo não.
Fica aquelas pessoas narcisistas se olhando no espelho.
Aquelas músicas insuportáveis.
Prefiro malhar, que dizer, TREINAR em casa.
Na época que só havia TV aberta, era difícil achar um programa legal de Educação Física, de Zumba, de orientação de exercícios nos aparelhos.
Hoje não! Tem de sobra, no Youtube, nos canais pagos, enfim, em tudo quanto é lugar!
Só acessar.
Não preciso mais sair de casa para ir em academia!
Na verdade, quanto mais eu ficar em casa, menos eu preciso conviver com pessoas chatas!
Se uma coisa boa que a Pandemia nos ensinou que cada um na sua é melhor do que o convívio!
E você estão me olhando assim por quê?
Sejam sinceros: não é bem melhor?
O que, gente?!
Eu cuido do meu corpo, mas também sou da igreja, tá bem?!
Tenho uma mãe enferma em casa, e ela bem cultua ao Senhor de casa!
É uma maravilha!
Eu não tenho essa limitação que ela tem, mas “to” vendo que é uma excelente ideia cultuar também de casa!
Olhem só!
Além de bons instrutores de educação física e de danças fit, a gente vê nos canais do YouTube excelente pastores!
Pra que ir na igreja então?!
(Os personagens começam a interagir)
PERSONAGEM 1: Concordo plenamente! Se um transporte pode vir com facilidade até nós, mensagem do evangelho também pode!
PERSONAGEM 2: De fato! Pode haver tanto “Fast food” de alimento físico como “fast food” de alimento espiritual!
PERSONAGEM 3: Sem contar que de casa, além de poder ir ao banheiro e fazer um lanche durante o culto quando quiser.
A gente não precisa ficar batendo cabeça pro pastor e dizendo amém quando a gente discorda de alguma coisa, por que a gente está protegido atrás da abençoada tecnologia da informação!
PERSONAGEM 4:   Então está aí!
Nada mais bíblico, pois a igreja primitiva se reunia nas casas!
Vamos criar a nova igreja do momento! A igreja Virtual!
(Narrador Personagem entra em cena)
NARRADOR PERSONAGEM:    Cuidado com os sofismas de Satanás!
PERSONAGEM 4:   Ih, lá vem esse crente tradicional estraga prazer!
NARRADOR PERSONAGEM:    Igreja não é isolamento!
(Narrador personagem pega uma das pessoas que está em cena pela mão e une a uma outra, fazendo assim sucessivamente)
NARRADOR PERSONAGEM:    Igreja é corpo.
Igreja não é isolamento!
Igreja é corpo!
Igreja não é isolamento!
Igreja é corpo!
Igreja não é isolamento!
Igreja é corpo!
Igreja não é isolamento!
Igreja é corpo!
Igreja não é isolamento!
Igreja é corpo!
Igreja não é isolamento!
Igreja é corpo!
Igreja não é isolamento!
Igreja é corpo!
Igreja não é isolamento!
Igreja é corpo!
Repetindo essa mesma fala, agora o Narrador vai convidando pessoas do público para se juntar à cena, mostrando que a igreja é um imenso corpo cujos membros devem estar unidos, e não isolados.
FIM

De Marcos Alexandre Dornelles da Silva
(NINHO)
GLÓRIA A DEUS!

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